Após chegar a subir quase 2%, Ibovespa fecha em queda de 1% com Fomc e falas de chairman

Comitê da autoridade monetária dos EUA elevou os juros em 0,25 ponto percentual, o que era esperado pelo mercado, mas o grande impacto para o mercado ficou para as sinalizações para o próximo ano

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A sessão desta quarta-feira (19) foi de fortes emoções para o Ibovespa, que passou de fortes ganhos de quase 2% para uma queda de mais de 1% com todos os olhos do mercado voltados para a decisão de política monetária do Fomc (Federal Open Market Commitee) e para as falas do chairman do Fed, Jerome Powell durante o final da tarde.

Com isso, o benchmark da Bolsa fechou em queda de 1,08%, a 85.673 pontos, enquanto o dólar futuro com vencimento em 2019 registra baixa de cerca de 0,15%. O volume financeiro negociado foi de R$ 16,1 bilhões. 

Poucos minutos após a decisão do Fomc de elevar os juros em 0,25 ponto percentual, para 2,25% a 2,5% ao ano, que ocorreu às 17h, o mercado passou de ganhos de cerca de 1,5% para praticamente a estabilidade, com uma baixa de mais de mil pontos, com as novas sinalizações de política monetária. 

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Apesar do recado mais “brando” (dovish) de sinalizar apenas duas elevações de juros em 2019 ante três altas na reunião anterior, a nova projeção ainda está acima do que o mercado precifica, que é de nenhum aumento de juros no próximo ano.

Porém, o tom do comunicado praticamente anulou qualquer expectativa diante desta redução das projeções de alta. O banco central dos EUA manteve a linguagem em sua declaração, ficando mais agressivo do que o esperado pelo mercado.

Contudo, o Ibovespa voltou a registrar ganhos perto das 17h30, quando Powell começou o seu pronunciamento, que derrubou novamente os mercados, com o Dow Jones e o S&P500 caindo 1,5% na reta final da sessão e derrubando também a bolsa brasileira. 

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O pronunciamento do chairman do Fed foi em um tom desafiador para o presidente dos EUA, Donald Trump, ao afirmar que a política não irá constranger os movimentos da autoridade monetária.

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Nos últimos dias, Trump deu recados diretos a Powell pelo Twitter, ao afirmar ser “incrível” que o Fed esteja considerando outro aumento de juros num momento de “dólar forte e praticamente nenhuma inflação”. Em seu discurso, Powell ainda defendeu o uso dos juros, ao invés do balanço de pagamentos, como uma ferramenta ativa de política monetária. 

Mas o que realmente assustou os mercados foi que Powell disse que o Fed estava satisfeito com seu programa para reduzir o balanço e não tem planos de mudá-lo. Os investidores vêem isso como um caminho de aperto monetário, uma vez que o Fed está reduzindo o balanço fazendo menos compras como títulos do Tesouro e hipotecas.

As taxas dos principais contratos de juros futuros registraram forte queda, também revertendo parte da alta da véspera com a leitura menos “dovish” da ata do Copom frente o comunicado do dia da decisão de manter a Selic em 6,5% ao ano.

Com isso, houve a diminuição da expectativa de possíveis cortes na taxa básica de juros ano que vem. Nesta sessão, o contrato futuro com vencimento em janeiro de 2021 tem queda de 4 pontos-base, para 7,47%, enquanto o de vencimento em janeiro de 2023 tem baixa de 11 pontos-base, a 8,76%. 

Altas e baixas da Bolsa

A ação da Petrobras chegou a ter disparada com o petróleo, mas amenizou fortemente os ganhos em meio ao aumento da aversão ao risco do mercado.

Vale ressaltar que as ações PN da Petrobras registraram ganhos, enquanto os papéis ON caíram com o anúncio da distribuição antecipada aos acionistas sob a forma de juros sobre o capital de R$ 4,293 bilhões, a R$ 0,05 por ação ON e de R$ 0,70 por ação PN (bruto). Com os papéis ON pagando menos que os PN, houve um descolamento na bolsa das duas classes de ações. 

Já a Vale, que chegou a subir pela quinta sessão seguida, virou para forte queda e ajudou a puxar o índice para baixo. 

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 ELET3 ELETROBRAS ON 23,80 -4,11 +23,06 175,33M
 VIVT4 TELEF BRASILPN EJ 46,57 -3,98 +5,20 115,01M
 ELET6 ELETROBRAS PNB 27,57 -3,90 +21,45 83,94M
 KROT3 KROTON ON 8,76 -3,74 -50,71 167,57M
 PCAR4 P.ACUCAR-CBDPN 79,06 -3,23 +1,94 107,12M

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 BTOW3 B2W DIGITAL ON 38,15 +4,06 +86,10 155,09M
 CMIG4 CEMIG PN 13,02 +2,92 +101,43 239,38M
 RAIL3 RUMO S.A. ON 16,60 +2,15 +27,99 207,14M
 CIEL3 CIELO ON ED 9,54 +2,03 -55,38 98,33M
 MULT3 MULTIPLAN ON N2 23,45 +1,91 +0,94 69,24M
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

O Ibovespa apresenta baixa de 1,08% e atinge 85.674 pontos; volume financeiro é de R$ 16.443 milhões IBOVESPA

Decisão sobre segunda instância impacta mundo político

O noticiário já era movimentado antes da decisão de política monetária nos EUA, mas que não teve tanto impacto sobre a Bolsa. O mundo político foi impactado hoje pela decisão liminar surpresa do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) de soltar todos os presos condenados em segunda instância, o que pode beneficiar o ex-presidente Lula.

A bolsa brasileira não sofreu o impacto da decisão, mas este é um ponto importante a se manter no radar em meio à sensação de insegurança jurídica que a liminar pode causar, afetando até mesmo as teses de investimento dos estrangeiros no país. 

“O Judiciário tem contribuído para o aumento da instabilidade política do país em função das decisões monocráticas tomadas por seus membros. O acontecimento ajuda a deteriorar a imagem do poder perante a opinião pública, o que não é benéfico para a atuação do Supremo e o torna mais sensível a críticas tanto de políticos quanto da população”, destaca o diretor de relações governamentais da Barral M. Jorge, Juliano Griebeler. 

Contudo, vale destacar as notícias de que Dias Toffoli pode reverter a decisão de Marco Aurélio Mello; a PGR já recorreu contra a liminar contra a prisão em segunda instância. 

Reforma da Previdência no radar

As reformas em pauta para o ano que vem seguem sendo destaque no noticiário político de fim de ano. Conforme aponta o Estadão, governadores eleitos articulam frente para votar Previdência com regras que alcancem os servidores estaduais. A frente pró- reforma já tem o apoio de governadores de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Goiás e Pará. Segundo a publicação, o futuro ministro da economia Paulo Guedes marcou para janeiro uma reunião com governadores para antecipar a reforma da Previdência. 

Já o Valor informa que o governo Bolsonaro vai adotar o projeto de reforma da Previdência enviado ao Congresso pelo presidente Michel Temer, em vez de formular e sugerir uma nova Proposta de Emenda à Constituição (PEC).

Contudo, a consultoria de risco político Eurasia faz um alerta em relatório: o plano de Bolsonaro de não distribuir ministérios para possíveis aliados no Congresso pode ser risco para reformas. A estratégia desagrada líderes partidários e presidente eleito provavelmente terá de revê-la parcialmente no ano que vem.

Vale ressaltar que  o presidente eleito  desembarca hoje (19) em Brasília para comandar a primeira reunião ministerial com sua equipe completa. Os 22 ministros já indicados deverão estar presentes na residência oficial da Granja do Torto, utilizada por Bolsonaro como residência oficial quando está em Brasília.

(Com Agência Brasil, Agência Estado e Bloomberg)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.