Por que o último Fomc do ano derrubou o Ibovespa mesmo 2 dias antes de acontecer?

Preocupação com ritmo de elevação nos juros norte-americanos e indicações de desaceleração da economia internacional derrubam mercados pelo mundo e índice brasileiro acompanha

Marcos Mortari

Publicidade

SÃO PAULO – Os efeitos da última reunião do Fomc (Federal Open Market Committee) no ano já começaram a ser sentidos no mercado a dois dias do anúncio sobre os rumos da política monetária dos Estados Unidos. Temendo uma postura mais hawkish (“agressiva”) do Federal Reserve, com um ritmo mais intenso de elevações nos juros norte-americanos, ou a ausência de tom complacente frente aos sinais de desaceleração da economia mundial, investidores adotaram postura mais cautelosa, o que foi sentido nas principais bolsas internacionais nesta segunda-feira (17).

Com o clima de mau humor global, o Ibovespa encerrou o dia em queda de 1,20%, a 86.399 pontos. O giro financeiro foi de R$ 17,826 bilhões, acima da média dos últimos 21 pregões (R$ 13,954 bilhões), sobretudo em função do vencimento de opções sobre ações. Apesar do tom negativo na B3, o dia foi de queda para dólar. A moeda americana terminou a segunda-feira em baixa de 0,259%, a R$ 3,8945 na venda.

A reunião do Fomc deve marcar mais uma alta de juros na maior economia do mundo, mas a grande questão fica para os próximos passos a serem tomados. A preocupação com a decisão e seus efeitos para as economias americana e mundial em um momento de indicadores fracos não só contaminou os mercados como trouxe um novo episódio de tensionamento entre o presidente americano Donald Trump e o atual comando do Fed.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

O republicano disse ser “inacreditável” que o Banco Central do país esteja considerando alta de juros mesmo em um cenário em que não há “praticamente nenhuma inflação”, o dólar está muito forte, “o mundo exterior explodindo à nossa volta, Paris em chamas e a China indo para baixo”.

Com esse cenário, os principais índices americanos fecharam em quedas superiores a 1,5%, patamar similar ao visto nas bolsas pela Europa, acompanhando ainda o noticiário sobre o processo do Brexit e o debate orçamentário da Itália.

No Reino Unido, um alerta da varejista Asos de que seus resultados devem ser piores do que o antes projetado pesou sobre o setor de varejo. Na frente política, a premiê Theresa May informou que pretende votar seu acordo com a UE no Brexit na terceira semana de janeiro, rechaçando a pressão oposicionista por um voto antes do Natal, para que haja mais tempo para se pensar em um “plano B”, caso a alternativa até agora disponível seja rejeitada. A primeira-ministra insiste que esse é o único acordo disponível e alerta para os riscos econômicos de uma saída sem acordo.

Continua depois da publicidade

Por outro lado, em um movimento divergente do normal em dias de aversão ao risco, o dólar registra queda, com a divisa comercial em baixa de 0,27%, a R$ 3,894 na venda. Nesta tarde, o Banco Central realizou um leilão de linha, de venda de dólares com compromisso de recompra, totalizando um volume integral de US$ 1 bilhão.

As taxas dos principais contratos de juros futuros também caem, com baixa de 5 pontos-base para o vencimento em janeiro de 2021, enquanto o com vencimento em 2023 tinha queda de 4 pontos-base, a 8,79%. 

Altas e baixas da Bolsa

Neste cenário de aversão ao risco, a maior parte das blue chips registrou forte queda, enquanto Vale e siderúrgicas avançaram. A Petrobras, por sua vez, buscou durante boa parte da sessão registrar ganhos, mas acabou pressionada pela queda de mais de 2% do petróleo. Vale ressaltar ainda o vencimento de contratos de opções sobre ações, que movimentou R$ 6,11 bilhões nesta sessão, com opções de venda de papéis da Petrobras entre os maiores volumes financeiros do exercício. 

Uma das maiores altas do Ibovespa na sessão ficou para os papéis da Embraer, cujo conselho de administração aprovou a parceria estratégica para combinação de ativos na área de aviação comercial com a Boeing. De acordo com a parceria proposta, a Boeing deterá 80% de participação na joint venture pelo valor de US$ 4,2 bilhões. Em julho, quando o acordo foi anunciado, o valor informado para pagamento à Embraer pela Boeing era de US$ 3,8 bilhões. A joint venture foi avaliada na ocasião em US$ 4,75 bilhões. Agora, o valor anunciado pela empresa em fato relevante é de US$ 5,26 bilhões. Pelos cálculos da Embraer, o resultado da operação, líquido de custos de separação, será de US$ 3 bilhões.

Também em destaque, ficou a ação da Smiles, que “comemorou” a decisão da B3 de decidir pela inadmissibilidade da migração da Gol para o Novo Mercado. Em razão da decisão, a aérea continuará avaliando “à luz do novo cenário do setor aéreo brasileiro”, com a MP que libera até 100% do capital estrangeiro em companhias aéreas, “opções adicionais disponíveis para implementação da potencial incorporação da Smiles Fidelidade”.

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

As maiores baixas, dentre as ações que compõem o Ibovespa, foram:

 C?d. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 MRFG3 MARFRIG ON 5,57 -3,30 -23,91 8,29M
 IGTA3 IGUATEMI ON 38,20 -3,00 -1,19 57,21M
 QUAL3 QUALICORP ON 13,64 -2,92 -54,40 32,80M
 BTOW3 B2W DIGITAL ON 36,57 -2,74 +78,39 43,39M
 ITSA4 ITAUSA PN 11,85 -2,71 +29,86 191,29M

As maiores altas, dentre os papéis que compõem o Ibovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 USIM5 USIMINAS PNA 9,79 +4,37 +8,05 222,80M
 CIEL3 CIELO ON ED 9,45 +3,01 -57,04 68,63M
 EMBR3 EMBRAER ON 21,25 +2,51 +6,82 179,43M
 SMLS3 SMILES ON 45,00 +2,51 -37,60 68,04M
 CSNA3 SID NACIONALON 9,29 +2,31 +10,86 68,26M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o Ibovespa, foram :

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 PETR4 PETROBRAS PN N2 22,87 -0,78 1,24B 1,87B 44.616 
 VALE3 VALE ON 51,25 +0,73 1,10B 1,13B 46.219 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN 34,57 -2,67 507,26M 623,60M 35.144 
 BBDC4 BRADESCO PN 37,65 -1,95 419,44M 550,57M 20.634 
 B3SA3 B3 ON 26,80 -2,01 399,56M 238,53M 33.022 
 BBAS3 BRASIL ON EJ 43,70 -0,91 288,90M 488,23M 17.341 
 GOLL4 GOL PN N2 23,69 +0,17 257,59M 109,37M 24.417 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 16,10 +0,25 228,85M 305,97M 20.371 
 USIM5 USIMINAS PNA 9,79 +4,37 222,80M 159,69M 20.052 
 GGBR4 GERDAU PN 15,10 -0,20 195,99M 200,48M 19.662 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
IBOVESPA

Seja sócio das maiores ações da bolsa: invista na Clear com corretagem ZERO

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.