Ibovespa cai 0,8% com tensão EUA-China apagando euforia com Opep e dados econômicos

Índice tem dia volátil e não consegue sustentar os ganhos após mais uma derrocada das bolsas norte-americanas

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – A sexta-feira (7) foi marcada por forte volatilidade no mercado. Após abrir em queda, o Ibovespa chegou a saltar mais de 1% após dados de emprego dos Estados Unidos mais fracos que o esperado e o desfecho positivo da reunião da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo). Por outro lado, a tensão entre EUA e China voltou a pesar no exterior e puxou a bolsa brasileira.

O Ibovespa fechou com queda de 0,82%, aos 88.115 pontos, após ter chegado a 89.985 pontos na máxima do dia, com o volume financeiro atingindo R$ 13,829 bilhões. Com isso, o índice encerra a semana com perdas acumuladas de 1,60%.

Já o contrato de dólar futuro com vencimento em janeiro de 2019 teve alta de 0,73%, a R$ 3,911, enquanto o dólar comercial avançou 0,39%, cotado a R$ 3,8902 na venda. No mercado de juros futuros, o contrato com vencimento em janeiro de 2019 ficou estável em 6,40%, enquanto o DI de janeiro de 2021 caiu 9 pontos, para 7,82%.

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Pesou no mercado a forte queda dos índices em Wall Street, com o Dow Jones recuando 2,3%, assim como o S&P 500, enquanto o Nasdaq desabou 3%. O clima mudou após um série de acontecimentos elevar a tensão sobre a disputa comercial entre China e EUA, que voltou a azedar na quinta com a notícia da prisão de uma executiva da chinesa Huawei.

Nesta sexta, o conselheiro da Casa Branca para comércio exterior, Peter Navarro, elevou a tensão ao afirmar que o governo norte-americano irá subir as tarifas contra a China se os dois países não chegarem a um acordo após a trégua de 90 dias.

Porém, os índices atingiram suas mínimas do dia após o Wall Street Journal informar que procuradores federais devem apresentar acusações contra hackers chineses. Estes hackers estariam ligados ao governo chinês e supostamente tentaram invadir provedores de serviços de tecnologia nos EUA. Tudo isso pode complicar ainda mais um possível acordo entre os países.

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Em meio às notícias ruins, no petróleo os preços viraram de uma queda de quase 2% para ganhos de 5% após a Opep chegar a um acordo sobre o corte na produção da commodity como forma de conter a desvalorização da cotação. Os membros da Opep e países aliados, liderados pela Rússia, decidiram cortar em 1,2 milhão de barris por dia a produção do petróleo. O preço, porém, não se sustentou, mas ainda fechou com alta de 2%.

Relatório de emprego e IPCA

Entre os indicadores, a economia dos Estados Unidos gerou 155 mil postos de trabalho em novembro, segundo relatório de emprego (conhecido como Payroll). O resultado veio abaixo da estimativa do mercado de criação de 198 mil vagas de trabalho no mês passado, segundo mediana do levantamento da Bloomberg. No mês de outubro foram criadas 237 mil novas vagas ante o valor preliminar de 250 mil.

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O Departamento de Trabalho dos EUA informou também que a taxa de desemprego norte-americana ficou em 3,7%, em linha com a expectativa de estabilidade neste patamar, segundo analistas do mercado consultados pela Bloomberg. Os ganhos médios por hora subiram 0,2%, ante estimativa de crescimento de 0,3%.

Por aqui, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) teve deflação de 0,21%, abaixo do esperado pelo mercado e no menor patamar para um mês de novembro desde o início do Plano Real. Em 12 meses, a inflação foi de 4,05%. O mercado esperava deflação de 0,09% no mês e inflação de 4,17% no acumulado dos últimos 12 meses, aponta a mediana da pesquisa da Bloomberg.

Diante do IPCA abaixo do esperado e a melhora do ambiente de investimentos após a Opep e os dados dos EUA, os juros futuros ampliaram as quedas. O contrato com vencimento em janeiro de 2019 ficava estável em 6,404%, o contrato para janeiro de 2021 recuava 15 pontos-base, para 7,76%, e o contrato para janeiro de 2023 caía 12 pontos-base, a 9,01%.

Noticiário político 

O governo Michel Temer deixará como herança a Jair Bolsonaro pelo menos R$ 335,6 bilhões de investimentos já engatilhados, fruto de privatizações e concessões realizadas nos últimos anos, e outros R$ 195 bilhões em projetos em fase de preparação. As informações são do jornal Folha de S. Paulo. 

Do lado de Bolsonaro, a atuação intensa de seus filhos preocupa integrantes da equipe do presidente eleito, informa a colunista da Folha, Mônica Bergamo. O vereador Carlos Bolsonaro, do Rio, é o que mais causa apreensão, desde a campanha eleitoral.

O parlamentar é considerado o mais tempestuoso dos três filhos de Bolsonaro que seguiram carreira política. E o mais propenso a gerar crises, ainda que permaneça distante do núcleo do futuro governo. Carlos Bolsonaro já se desentendeu com o futuro secretário-geral da Presidência, Gustavo Bebianno, e acaba de comprar briga com um dos parlamentares eleitos mais próximos do futuro presidente, Julian Lemos (PSL-PB).

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Na equipe econômica de Bolsonaro, o time liderado por Paulo Guedes diverge sobre o uso de proposta da reforma da Previdência que já tramita na Câmara, especialmente pela criação de uma idade mínima de aposentadoria. Técnicos insistem que o melhor caminho é apresentar uma nova proposta, destaca reportagem do jornal O Estado de S. Paulo. 

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.