Os 2 fatores que derrubaram Wall Street e fizeram o Ibovespa cair mais de 1%

Índice passou a cair forte durante a tarde com a piora do cenário e fechou abaixo dos 89 mil pontos

Rodrigo Tolotti

Publicidade

SÃO PAULO – Após ficar boa parte do pregão em clima de leves ganhos, o Ibovespa passou a cair forte nesta terça-feira (4) diante da derrocada do exterior. O movimento foi puxado por dois fatores: incertezas sobre o acordo entre EUA e China que haviam animado Wall Street na véspera e também uma mudança no mercado de Treasuries indicando que o mercado espera uma recessão na maior economia do mundo.

O benchmark da bolsa brasileira fechou com queda de 1,33%, aos 88.624 pontos, enquanto o dólar comercial teve alta de 0,44%, cotado a R$ 3,8592 na venda. Já em Wall Street, o Dow Jones registrava baixa de 2,56%, o S&P 500 tinha queda de 2,63%, enquanto a Nasdaq mostrava perdas ainda mais expressiva, cerca de 3%.

O primeiro fator que pesou no mercado hoje veio de novas dúvidas sobre o acordo feito entre EUA e China. Um dos sinais de incerteza foi dado pelo próprio presidente norte-americano, Donald Trump, em uma série de tuítes nesta terça. 

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Trump afirmou que, se um acordo comercial com a China for possível, ele será feito, mas que se ambos os lados não resolverem as disputas, ele recorrerá a tarifas. “Se for, faremos ele”, disse Trump no Twitter. “Mas se não for, lembre-se, eu sou um homem tarifa”.

O segundo fator ganhou força durante a tarde, com o movimento dos títulos do Tesouro norte-americano. Os Treasuries de dez anos caíram para 2,946%, reduzindo o spread contra a taxa de dois anos para sua menor diferença desde 2007. Analistas avaliam que este tipo de movimento indica que o mercado está vendo como cada vez mais próxima uma recessão nos EUA.

Esta avaliação é reforçada também pelo rendimento dos títulos de três anos do Tesouro norte-americano, que superou o das taxas de cinco anos. Esta inversão da curva de juros, ou seja, a rentabilidade de curto prazo está acima das taxas de longo prazo, também reforça o sinal de recessão.

Continua depois da publicidade

Destaques da Bolsa
As maiores baixas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 SUZB3 SUZANO PAPELON 39,65 -4,69 +113,17 306,04M
 CCRO3 CCR SA ON 12,30 -4,65 -19,65 179,07M
 USIM5 USIMINAS PNA 9,38 -4,19 +3,53 168,14M
 GOLL4 GOL PN N2 20,46 -4,17 +40,14 79,18M
 JBSS3 JBS ON 11,48 -4,01 +17,65 111,80M

As maiores altas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 MGLU3 MAGAZ LUIZA ON 164,80 +1,65 +106,00 275,32M
 TAEE11 TAESA UNT N2 22,72 +0,89 +19,37 43,52M
 RADL3 RAIADROGASILON 64,00 +0,85 -29,83 134,70M
 EGIE3 ENGIE BRASILON 43,50 +0,46 +31,72 56,92M
 WEGE3 WEG ON 18,04 +0,45 -1,29 66,40M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 PETR4 PETROBRAS PN N2 25,34 -2,31 1,72B 2,16B 54.446 
 VALE3 VALE ON 52,88 -2,27 1,44B 1,17B 56.643 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN ED 35,51 -0,11 830,71M 554,04M 42.838 
 BBDC4 BRADESCO PN EJ 37,68 -0,27 691,32M 576,39M 28.752 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 16,65 -0,54 559,95M 304,82M 26.939 
 BBAS3 BRASIL ON 43,66 -1,00 486,84M 549,76M 24.032 
 PETR3 PETROBRAS ON N2 28,42 -1,76 395,51M 338,90M 19.189 
 B3SA3 B3 ON 27,90 -0,89 344,55M 239,56M 28.345 
 ITSA4 ITAUSA PN ED 12,05 -1,47 324,16M 234,01M 33.093 
 SUZB3 SUZANO PAPELON 39,65 -4,69 306,04M n/d 21.217 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
IBOVESPA

Noticiário político
O economista Roberto Campos Neto, indicado à presidência do Banco Central pelo presidente eleito Jair Bolsonaro, se encontrou nesta manhã com o atual diretor de regulação da autoridade monetária, Otavio Damaso, para discutir sua sabatina no Senado.

Quer investir com corretagem ZERO na Bolsa? Clique aqui e abra agora sua conta na Clear!

Bolsonaro também desembarcou hoje em Brasília, onde fica até quinta-feira (6). Ele terá reuniões com representantes do MDB, PRB, PR e PSDB. É a primeira vez que Bolsonaro conversa com bancadas de partidos e não com bancadas temáticas, de segmentos específicos, como houve com os evangélicos e os empresários do agronegócio.

A viagem ocorre no momento em que são aguardados os anúncios dos nomes para dos nomes dos titulares para os ministérios do Meio Ambiente e o de Cidadania (que deve ser criado para reunir direitos humanos, mulheres e minorias).

No Senado as atenções seguem para a cessão onerosa, que poderá render R$ 60 bilhões ao governo. A votação chegou a um impasse na semana passada diante das dificuldades técnicas para viabilizar parte dos recursos arrecadados aos Estados e municípios. Havia uma expectativa de votação para hoje, mas o líder do governo no Senado, Romero Jucá (MDB-RR) afirmou que ela não irá ocorrer.

A matéria esteve na pauta do Senado na última semana, mas não foi apreciada por falta de consenso em torno da partilha de royalties da cessão onerosa do pré-sal com estados e municípios. Na quarta-feira (28), o presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), disse que não colocaria a matéria em votação porque não houve entendimento entre os membros da equipe econômica do governo atual e o do presidente eleito, Jair Bolsonaro. 

Enquanto isso, Flávio Bolsonaro, em entrevista à Globo News, defendeu aprovação da reforma da previdência em 2019, mas disse que não será o primeiro ato do governo e que algumas medidas podem ser tomadas antes para garantir a força do governo no momento inicial. Haverá uma nova proposta com emenda à Constituição, mas também com projetos de lei.

O filho do presidente eleito defendeu ainda que haja regras diferenciadas para alguns segmentos. No campo da política, disse que Bolsonaro não fará interferências na eleição das Casas, mas mostrou rejeição à eleição de Renan Calheiros, no Senado, e Rodrigo Maia, na Câmara. Para o time da XP Research, esse ponto é um “complicador para a articulação em momento que Onyx e Bolsonaro se encontram com bancadas e líderes partidários”.

Quer investir com corretagem ZERO na Bolsa? Clique aqui e abra agora sua conta na Clear!

Além disso, o julgamento de mais um pedido de liberdade feito pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no STF (Supremo Tribunal Federal), também chamou atenção, mas após o relator Edson Fachin e a ministra Cármen Lúcia votarem contra a liberdade, a sessão foi suspensa após um pedido de vista de Gilmar Mendes.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.