Ibovespa descola do exterior e vira para queda de mais de 1% com bancos; dólar sobe 2%

Mercado brasileiro não conseguiu manter alta observada durante a manhã e passou a registrar forte queda guiada por bancos

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Após registrar alta em boa parte do pregão, o Ibovespa virou para uma forte queda na sessão desta segunda-feira (26), pressionado principalmente por bancos e descolando-se do exterior. Às 15h50 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava queda de 1,25%, a 85.153 pontos, após chegar a superar os 87.100 pontos mais cedo. 

Já o dólar comercial acelera os ganhos e avança 2,14%, cotado a R$ 3,9041 na venda, com operadores apontando para fluxo pontual – com muitas empresas enviando capital para o exterior com balanços fechando e pagamento de dividendos – , além da disputa por uma Ptax mais alta. Além disso, piora da cotação do minério e incertezas sobre reforma também levam a piora da moeda brasileira. 

De acordo com Ari Santos, gerente de mesa de renda variável da H. Commcor, a queda maior sobre o índice ocorre com a pressão dos investidores vendidos em contratos futuros do Ibovespa, com uma baixa intensificada em um cenário de “pouca convicção” para a compra do índice nesta sessão. 

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Isso porque, apesar da recuperação dos principais índices mundiais e do petróleo nesta sessão, a commodity negociada nos EUA ainda é negociada na casa dos US$ 51 a tonelada, enquanto o minério de ferro também segue em trajetória de baixa. 

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Além disso, o mercado espera pela reunião do G-20 nesta semana em Buenos Aires. Espera-se que os líderes das duas maiores economias do mundo, os EUA e a China, deem alguma sinalização no sentido de superar suas divergências comerciais, fator que tem pressionado os mercados globais nos últimos meses. Contudo, também será destacado pelos líderes reunidos na cúpula que os riscos à economia global começam a se materializar, indicando mais atenção no futuro. 

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Soma-se a esse cenário a indicação do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump de desagrado em relação ao secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, culpando-o pela nomeação do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, que tem aumentado as taxas de juro, algo que Trump pensa que potencialmente colocaria em risco os avanços econômicos conseguidos na sua administração.

Sobre o assunto, o diretor da Wagner Investimentos, José Faria Junior, ressalta em relatório que, apesar da melhora do mercado lá fora, teremos duas semanas muito importante de agenda: entre esta quarta e a próxima sexta-feira sairão dados e relatórios nos EUA que poderão indicar o que o Fomc fará na sua importante reunião do dia 19 de dezembro, quando deverá subir os juros novamente.

“Enquanto isto, internamente, continuamos a observar fluxo negativox, tradicional neste período do ano, e redução no Focus da projeção da Selic para o próximo ano e juros de curto prazo caem, deixando cada vez mais atrativo o hedge de compra, que pode ser feito para 1 ano com custo (considerando apenas o diferencial de juros) abaixo da inflação”, avalia.

Altas e baixas

A maior baixa do Ibovespa fica com as ações da Gol, em meio à forte alta do dólar, o que impacta a companhia aérea uma vez que boa parte de sua dívida é atrelada ao dólar, enquanto o petróleo aponta para uma sessão de recuperação. 

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 GOLL4 GOL PN N2 20,25 -7,53 +38,70 110,92M
 CCRO3 CCR SA ON 10,90 -4,64 -28,80 98,42M
 CIEL3 CIELO ON 8,83 -4,54 -59,86 78,85M
 ECOR3 ECORODOVIAS ON 8,78 -4,25 -23,04 14,52M
 LREN3 LOJAS RENNERON 37,58 -4,21 +6,62 74,18M

 

Já a maior alta fica para a JBS.  Em relatório, o Bradesco BBI destacou uma reunião que teve com o COO global Gilberto Tomazoni, tendo como os principais pontos da conversa: 1) potencial aumento de exportações da JBS Pork US para a China por conta da gripe suína – para cada 10% de aumento de volume para JBS Pork, o Bradesco BBI eleva o preço-alvo de JBS em 5%; 2) o discurso da empresa está bem focado em desenvolver o negócio de processados/maior valor agregado – IPO nos EUA em 2019 pode ser um catalisador relevante (pode destravar até R$ 6 da ação JBSS3); 3) a empresa vê um ciclo positivo para Beef nos EUA e Brasil pra os próximos 2 anos, em linha com as estimativas do banco; e 4) empresa ainda vê necessidade para aumentar preços de frango in natura em cerca de 10% para recompor margem. 

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 JBSS3 JBS ON 11,13 +2,49 +14,06 74,85M
 PCAR4 P.ACUCAR-CBDPN 84,46 +1,58 +8,55 123,85M
 CPLE6 COPEL PNB 29,40 +1,55 +18,32 23,52M
 SUZB3 SUZANO PAPELON 37,60 +1,21 +102,15 103,39M
 EMBR3 EMBRAER ON 21,10 +1,10 +6,07 35,32M
* – Lote de mil a??es
1 – Em reais (K – Mil | M – Milh?o | B – Bilh?o)

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Noticiário político

A formação da equipe do governo de Jair Bolsonaro e novos sinais sobre reformas também estão no radar. Na sexta-feira (23), rumores sobre o possível ministro de Minas e Energia na gestão de Bolsonaro (PSL) mexeu com as ações da Eletrobras. Vale destacar ainda que uma nova tentativa de votar a cessão onerosa pode ser feita esta semana.

Sobre a formação da equipe, o Valor Econômico informa que mais formados em Chicago podem integrar o time de Paulo Guedes; jornal cita Roberto Fendt, que poderá ser indicado pelo Brasil para presidir o banco dos Brics, e o ex-BC Carlos Langoni. O mercado aprovou os nomes do novo ministério, mas ainda busca mais informações sobre quem negociará a reforma da Previdência. Nesta terça, mais um nome foi confirmado para o ministério de Bolsonaro: General Santos Cruz foi escolhido novo secretário de governo.

Já a Folha ressalta que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), postulante à reeleição, prometeu  independência de Bolsonaro e acalma siglas do centrão. O jornal também destaca que está se consolidando a frente parlamentar de esquerda sem o PT. O grupo se inclina a apoiar a candidatura de Maia para a presidência da Casa.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.