Ibovespa cai 2,8% no pior pregão em 2 meses após falas de Bolsonaro e derrocada em Wall Street

Índices norte-americanos desabaram mais de 3% no pior pregão desde fevereiro, levando o dólar a subir para R$ 3,76

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Após a euforia dos últimos dias, a quarta-feira (10) foi marcada por um grande mau humor no mercado, puxado por dois principais fatores: as falas de Jair Bolsonaro (PSL) sobre a reforma da previdência e privatizações, e também a derrocada de Wall Street, com os principais índices norte-americanos desabando mais de 3%.

Com isso, o benchmark da bolsa fechou com forte queda 2,80%, aos 83.679 pontos, em seu pior pregão desde 10 de agosto, quando recuou 2,86%. O volume financeiro ficou em R$ 14,645 bilhões. O dólar comercial, por sua vez, teve forte alta de 1,42%, cotado a R$ 3,7635 na venda.

No exterior, os Treasuries atingiram seu maior valor na década, derrubando todo o mercado norte-americano. As empresas de tecnologia, como a Amazon, afundaram e levaram o Nasdaq para uma queda de 4%, enquanto o Dow Jones caiu 3,15% em seu pior pregão desde fevereiro. O S&P500, por sua vez, recuou 3,29%. Neste cenário, o VIX, também conhecido como índice do medo, saltou 42%, para 22,65%.

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Por aqui, em entrevista a diversos veículos, Bolsonaro apontou que a “reforma de Temer não passa”, sepultando a esperança – ainda que mínima – da medida avançar ainda este ano.  Ele ainda apontou que a reforma da previdência tem que ser feita de forma gradual e confirmou que as polícias e as forças armadas terão um tratamento previdenciário diferenciado. 

Atenção ainda para matéria da Folha que informa que Paulo Guedes, assessor econômico de Bolsonaro e principal responsável pelo apoio do mercado ao candidato, está sendo investigado por suposta fraude. O economista não comentou ao jornal. 

O cenário externo também é destaque, com novas tensões comerciais entre EUA e China. Vale destacar que o presidente dos EUA, Donald Trump, ameaçou impor tarifas sobre um adicional de US$ 267 bilhões de importações chinesas se a China retaliar suas recentes taxas. 

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Na Europa, a sessão foi de queda para os principais mercados, de olho na incerteza política na Itália, já que perduram os temores sobre um impasse entre Roma e Bruxelas sobre o orçamento de 2019 do país. O Brexit também continua a ser observado de perto pelo mercado, já que o governo do Reino Unido enfrenta pressão para chegar a um acordo sobre a saída com a União Europeia antes do final do ano.

Datafolha e apoio aos candidatos

No noticiário político, destaque para o Datafolha, que deve divulgar às 19h sua primeira pesquisa de intenção de voto para o segundo turno das eleições e será importante para testar otimismo do mercado, que aposta em vitória de Jair Bolsonaro (PSL) no dia 28.

Pela tarde, o Ideia Big Data em parceria com a Veja divulgou a primeira pesquisa do segundo turno, com vantagem para Bolsonaro, que tem 54% das intenções de voto, contra 46% de Haddad (clique aqui e confira a pesquisa completa).

Sobre os assuntos econômicos, Bolsonaro diz que reforma da Previdência de Temer não passa e pretende apresentar a sua própria proposta, que seria mais consensual, segundo informa a Folha. “Não adianta fazer uma proposta que economistas e alguns políticos defendam, mas que o Congresso não aprove, disse o candidato”, sepultando assim a ideia de que Michel Temer poderia se juntar ao presidente eleito para aprovar ainda este ano, ao menos na Câmara, a reforma que já tramita na Casa.

Ainda em destaque, o Globo informa que Fernando Haddad desmentiu a notícia de que Sergio Gabrielli, ex-Petrobras, comandará área econômica da sua campanha; o candidato diz que comando ficará com ele próprio. O PT apresenta resistências a listar nomes de equipe econômica, mas aponta que pode flexibilizar alguns pontos de seu programa.

Já o PSDB, do quarto colocado na disputa presidencial Geraldo Alckmin, decidiu liberar voto para eleição presidencial no 2º turno após reunião tensa sobre o assunto, enquanto João Doria, candidato a governador em SP, disse que apoiará Bolsonaro.

O PDT de Ciro Gomes anunciará apoio a Haddad em reunião nesta quarta-feira, PSB apoia Haddad, mas libera voto do candidato ao governo de SP; PTB apoia Bolsonaro e Podemos de Álvaro Dias e o PPS ficam neutros, assim como PR, PP e Novo; PSOL de Boulos apoia Haddad; MDB ainda não se posicionou. 

Destaques da Bolsa

O grande destaque de queda para o mercado ficou com a Eletrobras que, após a euforia no início da semana, caiu forte em meio à afirmação de Bolsonaro de que não mexeria na parte de geração da elétrica; ele ainda afirmou que não “mexerá” no setor de exploração da Petrobras.

Atenção ainda para as prévias operacionais do terceiro trimestre de construtoras, caso da MRV, que viu suas vendas contratadas caírem 6,6% na base de comparação anual, para R$ 1,45 bilhão. Contudo, a construtora vê um 2019 melhor. Já a Direcional viu suas vendas somarem R$ 549 milhões no mesmo período. A Camil divulgou seus números do segundo trimestre fiscal de 2018, com alta de 96% no lucro líquido, para R$ 79,1 milhões. 

Já no noticiário de Petrobras, a estatal tenta retomar a venda da TAG neste ano, informa o Valor, enquanto a Vale informou que a proposta de mina de cobre de Salobo será apresentada ao conselho.

As maiores baixas, dentre as ações que compõem o índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 GOLL4 GOL PN N2 13,30 -10,32 -8,90 160,52M
 ELET3 ELETROBRAS ON 20,79 -8,86 +7,50 229,42M
 ELET6 ELETROBRAS PNB 24,55 -8,36 +8,15 206,17M
 USIM5 USIMINAS PNA 9,27 -7,39 +2,31 248,73M
 MRVE3 MRV ON 12,77 -7,33 -10,89 85,30M

As maiores altas, dentre os papéis que compõem o índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 SUZB3 SUZANO PAPELON 41,91 +2,22 +125,32 288,12M
 FIBR3 FIBRIA ON 72,40 +1,47 +52,33 231,55M
 EMBR3 EMBRAER ON 18,96 +1,39 -4,69 32,49M
 NATU3 NATURA ON 28,16 +1,30 -13,99 36,59M
 CIEL3 CIELO ON 12,40 +0,57 -43,63 105,50M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 PETR4 PETROBRAS PN N2 26,05 -2,87 2,12B 1,76B 83.300 
 VALE3 VALE ON 55,89 -3,07 799,60M 963,81M 27.008 
 BBAS3 BRASIL ON 37,35 -4,23 779,68M 563,54M 37.501 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN ED 48,07 -3,45 681,19M 696,74M 31.757 
 BBDC4 BRADESCO PN EJ 32,12 -3,25 605,97M 491,75M 30.393 
 ITSA4 ITAUSA PN 10,81 -2,44 361,53M 272,76M 26.155 
 JBSS3 JBS ON 8,92 +0,22 360,03M 123,16M 48.341 
 CMIG4 CEMIG PN 9,88 -5,09 304,67M 133,10M 32.926 
 PETR3 PETROBRAS ON N2 28,63 -3,70 295,22M 310,19M 17.304 
 SUZB3 SUZANO PAPELON 41,91 +2,22 288,12M n/d 18.659 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
IBOVESPA

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.