Por que a bolsa disparou e o dólar despencou com chance maior de Bolsonaro ser presidente?

Mercado entrou em clima de euforia após a pesquisa Ibope de segunda mostrar crescimento de Bolsonaro, enquanto Haddad ficou estagnado

Rodrigo Tolotti

Publicidade

SÃO PAULO – Após muita volatilidade nas últimas semanas por conta da corrida eleitoral, o mercado se empolgou na terça e na quarta-feira com a expectativa de que Jair Bolsonaro (PSL) será o futuro presidente do Brasil. O deputado nunca foi o “candidato do mercado”, mas da forma como a disputa está se caminhando, os investidores estão cada vez mais animados não só com uma vitória dele, mas com a derrota do PT.

No pregão de terça, o Ibovespa chegou a superar os 4% de alta, e mesmo perdendo um pouco de força, conseguiu registrar sua maior alta diária em quase dois anos, avançando 3,78%, aos 81.593 pontos, seu maior patamar desde maio deste ano. Enquanto isso, o dólar desabou 2,08%, voltando para R$ 3,9349 após um mês e meio. Já na quarta, o índice alcançou 85.442 pontos na máxima do dia, mas desacelerou e encerrou o pregão em alta de 2,04%, para 83.273 pontos, seu maior patamar desde 17 de maio, quando fechou em 83.621 pontos, enquanto o dólar comercial caiu 1,09%. Ou seja, enquanto o benchmark da bolsa subiu quase 6%, o dólar teve baixa de quase 3% em apenas dois pregões. 

Tudo isso após as pesquisas Datafolha e Ibope mostrarem uma alta de Bolsonaro e estagnação de Fernando Haddad (PT) na corrida no primeiro turno, além de um empate técnico entre os dois no segundo, em meio a um cenário de alta na rejeição do petista.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Bolsonaro sempre foi visto de forma positiva pelo mercado, o que se deve pelo seu economista e ministro da Fazenda caso ele vença, Paulo Guedes. Não por menos, o Ibovespa disparou no dia em que ele sofreu o atentado à faca. Porém, mesmo com o deputado agradando, o “favorito” dos investidores sempre foi Geraldo Alckmin (PSDB), que, por outro lado, não tem conseguido crescer nas pesquisas, o que faz o mercado virar suas apostas para o candidato do PSL.

Em uma sondagem feita pelo InfoMoney com gestores, analistas e economistas de 23 das principais instituições do mercado brasileiro durante a Expert XP, se mostraram otimistas com Paulo Guedes no governo de Bolsonaro, mesmo que ele não fique os quatro anos. “As diretrizes de um governo, o corpo técnico, são formadas no primeiro ano. O segundo escalão é importante, não só o ministro da Fazenda. Mesmo se ele não ficar no final, acho menos relevante”, disse um gestor que pediu para não ser identificado.

Mesmo que ainda exista uma grande preocupação sobre o que seria um governo Bolsonaro, diante do cenário em que Geraldo Alckmin (PSDB) não consegue ganhar força para disputar uma vaga no segundo turno, a ideia é, pelo menos, não deixar o PT voltar ao poder.

Continua depois da publicidade

As propostas da esquerda nunca foram de agrado do mercado e mesmo com uma surpresa positiva durante o primeiro governo de Lula, o fracasso da administração de Dilma Rousseff deixou um grande trauma na economia brasileira o que aumentou a aversão por qualquer chance de um governo de esquerda.

Quer investir com corretagem ZERO na Bolsa? Clique aqui e abra agora sua conta na Clear!

A empolgação dos investidores foi tanta após o Ibope que cresceram as conversas de que Bolsonaro pode vencer ainda no primeiro turno, o que, para a XP Política, porém, é muito difícil. “Apesar do resultado positivo para Bolsonaro, uma vitória já no primeiro turno ainda exige que ele conquiste 70% dos votos depositados nos quatro candidatos “azuis” (Alckmin, Alvaro, Amoedo e Meirelles) ou 55% dos votos deles somados aos de Marina Silva (Rede)”, explicam os analistas.

A pesquisa Ibope divulgada na noite de segunda-feira (1), a menos de uma semana para o primeiro turno, mostrou que Bolsonaro avançou 4 pontos percentuais em relação à última pesquisa, de 26 de setembro, para 31%, e o ex-prefeito paulistano Fernando Haddad (PT) ficou estagnado em 21%.

As simulações de segundo turno apontam ainda que deputado está empatado numericamente com o petista, ambos com 42% das intenções de voto. Em eventual confronto com Geraldo Alckmin, Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva (Rede), Bolsonaro também aparece empatado tecnicamente.

O mercado se anima com a possibilidade do candidato do PSL sair vencedor do pleito e já começa até a perder o tom de cautela que dominou as últimas semanas. No próximo domingo (7), o mercado vai saber quem está fora e quem segue na disputa, mas é preciso ter cuidado, já que o segundo turno é como uma “nova eleição”, e ver Bolsonaro x Haddad deve fazer voltar o clima de tensão.

Quer investir com corretagem ZERO na Bolsa? Clique aqui e abra agora sua conta na Clear!

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.