Ibovespa sobe 1,28% e interrompe sequência de 5 quedas; dólar vai a R$ 3,89 de olho na crise turca

Tensão na Turquia seguiu afetando o mercado brasileiro, mas principalmente o câmbio, com o dólar em nova sessão de expressiva alta

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O início da sessão desta segunda-feira caminhava para ser de mais uma queda do Ibovespa, que seria a sexta seguida após uma última semana desastrosa para o índice. Afinal, nos últimos cinco pregões, o benchmark da bolsa acumulou queda de mais de 6%, no pior período desde a semana do Joesley Day. Desta vez, o movimento de aversão ao risco do mercado ocorre por conta da crise entre Turquia e EUA, que contaminou os mercados emergentes e europeus.

Apesar desse movimento, a aversão ao risco no mercado brasileiro foi refletida principalmente no mercado de câmbio, com o dólar registrando nova alta de 0,86%, a R$ 3,8973 na venda, enquanto o Ibovespa conseguiu mostrar força e engatou fortes ganhos no final do pregão, para fechar em alta de 1,28%, a  77.496 pontos. O volume financeiro foi de R$ 9,924 bilhões. 

A aversão ao risco registrada nas últimas sessões foi desencadeada por novas rusgas entre EUA e Turquia. Washington exige de Ancara a libertação do clérigo protestante Andrew Brunson, detido na Turquia há dois anos sob acusação de terrorismo. Na sexta-feira passada, o governo do presidente americano, Donald Trump, anunciou uma duplicação das tarifas ao aço e ao alumínio da Turquia, para 50% e 20%, respectivamente. Com isso, a lira registrou uma baixa de 25% só neste início de mês. Nos últimos dias, o  presidente turco, Recep Erdogan, manteve um tom desafiador contra os EUA, o que aumentou o temor dos mercados.

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Contudo, durante a sessão, tanto o dólar quanto o mercado de juros futuros se afastaram das máximas, de olho também nas bolsas dos EUA, que abriram em alta com os investidores relativizando o risco de contágio da crise turca para os outros países. No fim da sessão, parcela intermediária e longa da curva de juros teve alta amena, longe das máximas; contratos mais curtos fecharam próximos da estabilidade, também seguindo o dólar. O contrato futuro com vencimento em 2019 teve queda de 0,05 ponto percentual, fechando a 6,735%, enquanto o janeiro de 2021 teve alta de 0,04 ponto percentual, a 9,56%, após chegar a subir 0,21 ponto percentual, a 9,73%. 

Vale ressaltar que, em meio ao dólar próximo das máximas do ano, o mercado começou a especular sobre possível entrada do BC ou do Tesouro nos mercados. Contudo, aponta a Bloomberg citando uma pessoa ligada ao ministério da Fazenda, após o estresse da abertura, os ativos brasileiros mostram comportamento mais calmo, mostrando que não há necessidade de intervenção. A fonte disse ainda à agência que o governo continuará monitorando o mercado e que está pronto para atuar em caso de excesso de volatilidade. Hoje, inesperadamente, o BC da Argentina elevou a taxa de juros a 45%, de olho no movimento da lira turca, que afetou o peso. 

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Altas e baixas do mercado

A sessão foi de recuperação para diversos papéis que registram forte queda nas últimas sessões, com destaque para Petrobras e bancos, enquanto Kroton foi o destaque de alta no pregão: a companhia divulga resultado nesta semana. 

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 KROT3 KROTON ON 10,66 +7,03 -41,10 102,62M
 JBSS3 JBS ON 8,69 +4,70 -10,94 63,47M
 CSNA3 SID NACIONALON 9,59 +4,69 +14,44 88,67M
 HYPE3 HYPERA ON 28,46 +4,44 -17,80 40,48M
 MRFG3 MARFRIG ON 7,48 +4,32 +2,19 20,68M

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 BRAP4 BRADESPAR PN 28,24 -1,19 +1,92 112,90M
 BRFS3 BRF SA ON 20,20 -1,17 -44,81 175,62M
 GGBR4 GERDAU PN 15,91 -1,00 +29,36 253,01M
 CYRE3 CYRELA REALTON 11,53 -0,86 -9,27 19,59M
 CSAN3 COSAN ON 36,50 -0,82 -9,52 55,35M
* – Lote de mil a??es
1 – Em reais (K – Mil | M – Milh?o | B – Bilh?o)

 

Agenda doméstica da semana

O Banco Central divulgou a pesquisa Focus, com estimativa para IPCA de 2018 passa de 4,11% para 4,15%, enquanto a projeção para o índice foi mantida para 2019. Já na terça-feira (14), o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulga o resultado de junho da Pesquisa Mensal de Serviços, que, segundo a GO Associados deve ter alta de 4,2% ante maio, devolvendo a queda de 3,8% do mês passado. Segundo os analistas, o resultado será puxado pelo bom desempenho da categoria de transportes, com a normalização das atividades no período. 

Na quarta-feira (15), o Banco Central divulga o IBC-Br (Índice de Atividade Econômica) de junho, considerado a prévia mensal do PIB (Produto Interno Bruto). A GO Associados projeta crescimento de 3% ante o mês de maio, que, caso se confirme, será a maior alta do indicador, desde o início da série histórica. Confira a agenda completa de indicadores clicando aqui.

O cenário eleitoral segue no centro das atenções, com destaque para o fim do prazo para o registro das candidaturas, na quarta-feira (15). O cenário ainda é nebuloso, mas há a expectativa de que seja definida a situação do ex-presidente Lula, podendo marcar também o lançamento da chapa “alternativa” do PT, com Fernando Haddad e Manuela D’Ávila.

Além disso, na sexta-feira (17), ocorre o segundo debate na RedeTV! (confira aqui a agenda completa de debates). Vale ainda ficar de olho às novas pesquisas eleitorais, com destaque para a da Paraná Pesquisas na terça-feira (14) e para o levantamento semanal da XP/Ipespe na próxima sexta-feira (confira o resultado do último levantamento clicando aqui). 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.