Rio Tinto distribui US$ 7 bilhões e mostra aprendizado da diretoria

 Investidores e executivos das empresas continuam desconfiados de acordos caros após muitas companhias pagarem demais por ativos

Bloomberg

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(Bloomberg) — A promessa de US$ 7 bilhões da Rio Tinto Group aos acionistas é o último sinal de que as maiores mineradoras do mundo estão resistindo à tentação da recaída.

O setor se transformou drasticamente desde o fim do último período de forte valorização das commodities. Investidores e executivos das empresas continuam desconfiados de acordos caros após muitas companhias pagarem demais por ativos. Além disso, poucas das maiores do setor veem necessidade de expandir demais a oferta.

A Rio Tinto vem gerando montanhas de dinheiro apesar da maior pressão sobre os custos. Com baixo endividamento, a segunda maior mineradora do planeta tem condições de fazer aquisições e tocar novos projetos. Por ora, esse poder de fogo está guardado. A companhia anunciou distribuição recorde de dividendo intermediário de US$ 2,2 bilhões, recompra de mais US$ 1 bilhão em ações e planos para entregar a investidores aproximadamente US$ 4 bilhões obtidos com a venda de ativos.

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“Não tomaremos nenhuma decisão estúpida”, disse o presidente Jean-Sébastien Jacques a analistas nesta quarta-feira. “Não sofremos pressão para crescer.”

O cobre é uma área de expansão que ainda interessa à Rio Tinto e outras do ramo. A empresa já está ampliando uma mina de cobre enorme na Mongólia. Um estudo do projeto Resolution, que éuma joint venture com a BHP Billiton no Estado americano do Arizona, será concluído até 2021.

A Rio Tinto devolveu US$ 4,7 bilhões no primeiro semestre por meio de recompras e do dividendo anual. A companhia não é a única a despejar dinheiro sobre os acionistas. Tanto a Glencore quanto a brasileira Vale anunciaram recompras de US$ 1 bilhão em ações no mês passado.

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Até o momento, a Rio Tinto não foi afetada pela tensão comercial e só percebeu uma desaceleração gradual na China. Nos esforços para vender mais ativos, a mineradora pode ter espaço para devolver ainda mais dinheiro aos acionistas quando anunciar o resultado anual, em fevereiro.

“Estou bastante confiante de que vamos devolver mais”, disse Jacques durante teleconferência com jornalistas.

Custos preocupam

A quarta-feira não trouxe apenas boas notícias. Embora o lucro subjacente no primeiro semestre tenha aumentado 12 por cento para US$ 4,4 bilhões, embalado pelo aumento dos preços dos metais de base e dos volumes de minério de ferro, a alta dos custos abalou o fluxo de caixa e decepcionou analistas.

A ação chegou a cair 4,8 por cento, a maior queda intradiária desde agosto do ano passado, e perdia 3,7 por cento às 12:36 em Londres. Papéis de outras mineradoras também recuavam diante da nova onda de tensão entre EUA e China.

A inflação de custos afeta todo o setor e dificultará a manutenção das economias de custos que ajudaram a proteger as margens da flutuação dos preços das commodities, na avaliação da RBC Capital Markets. No resultado da Rio Tinto, se percebe uma “correnteza” na forma de maior pressão sobre os custos, afirmou o analista Peter O’Connor, da Shaw and Partners, em Sydney.

Apesar do foco no retorno para os acionistas, a Rio Tinto tem opções para crescer, afirmou Jacques. A mineradora está montando uma operação de bauxita na Austrália e estuda projetos na mina de minério de ferro Koodaideri, o projeto de lítio Jadar e um projeto de areias minerais na África do Sul.

O balanço patrimonial tem sido reforçado pela venda de ativos neste ano, que soma aproximadamente US$ 8,5 bilhões e inclui minas de carvão na Austrália e um acordo para se livrar da participação na mina Grasberg, na Indonésia. A companhia continuará vendendo ativos, informou Jacques, sem dar detalhes. 

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