Itaú lucra R$ 6,38 bilhões, Cielo decepciona e mais 2 balanços; Eletrobras e outros destaques no radar

Confira os destaques do noticiário corporativo desta terça-feira (31)

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O destaque do noticiário corporativo desta terça-feira (31) fica mais uma vez para a temporada de balanços, com atenção para os números de Itaú Unibanco, Cielo, RD e Embraer. Confira os destaques desta terça:

Itaú Unibanco (ITUB4)

O Itaú Unibanco encerrou o segundo trimestre deste ano com lucro líquido recorrente de R$ 6,382 bilhões, uma alta de 3,4% ante o mesmo período do ano passado. O resultado, porém, ficou abaixo da projeção de R$ 6,495 bilhões dos analistas consultados pela Bloomberg.

O balanço foi impactado pela queda nas despesas com provisões para perdas com inadimplência, aumento das receitas com tarifas e aumento das operações de crédito. O resultado de Produto Bancário da companhia ficou em R$ 28,021 bilhões, levemente acima dos R$ 27,205 bilhões de um ano antes.

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O retorno sobre o patrimônio líquido do banco ficou em 21,6%, praticamente estável ante os 21,5% de um ano antes. Enquanto isso, a margem financeira total atingiu R$ 17,295 bilhões no período, uma alta de 1,7% em três meses. A carteira de crédito expandida, por sua vez, subiu 3,7% ante dezembro e fechou junho em R$ 623,256 bilhões.

O custo do crédito, que considera as despesas com provisões contra calotes, descontos e baixas em títulos, ficou em R$ 3,601 bilhões entre março e junho, uma forte queda de 19,5% ante o mesmo período de 2017. Por fim, o índice de inadimplência caiu para 2,8% no segundo trimestre, contra 3,1% três meses antes.

Segundo o BTG Pactual, o resultado veio sem surpresas e não deve trazer grande impacto para a performance dos papéis. Os analistas do banco destacam: i) a expansão sequencial da margem financeira e ii) capital ratios melhores, apesar da volatilidade do mercado, o que impactou os pares, mas não o Itaú. O banco mantém recomendação de compra para os ativos. 

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Cielo (CIEL3)

A Cielo fechou o segundo trimestre com lucro líquido ajustado de R$ 817,5 milhões, uma queda de 17,8% ante os R$ 994,3 milhões registrados um ano antes. A receita, por sua vez, teve leve avanço de 3,4% em um ano, encerrando o período em R$ 2,927 bilhões.

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ficou em R$ 1,147 bilhão entre abril e junho, uma queda de 10,3% ante os R$ 1,279 bilhão do mesmo período de 2017. Sobre a recente saída do CEO Eduardo Gouveia, a Cielo afirmou que “nada muda os passos a serem dados pela companhia”.

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“Pelo contrário, a administração reafirma seu compromisso com nossos clientes, desenvolvendo produtos e serviços que possam ajuda-los no dia-a-dia, com os colaboradores, atuando de forma a fomentar o engajamento e reconhecimento do trabalho, e com os acionistas, na incessante e contínua busca por maior eficiência operacional”, diz o comunicado.

Além do balanço, a Cielo também anunciou o pagamento de R$ 3,5 bilhões em proventos aos acionistas, sendo R$ 1,75 bilhão a ser pago no dia 28 de setembro, divididos em R$ 1,4 bilhão em dividendos e R$ 312,5 milhões em juros sobre capital próprio. O pagamento será feito com base na posição acionária de 14 de setembro.

Além disso, a companhia irá pagar R$ 875 milhões no primeiro trimestre e R$ 875 milhões no segundo trimestre de 2019. A Cielo ainda informou que irá alterar a periodicidade de pagamentos de proventos, de semestral para trimestral.

De acordo com analistas de mercado, o balanço foi decepcionante. Segundo o BTG Pactual, o resultado veio fraco, com o lucro vindo 10% abaixo do consenso. O volume de cartões caiu ante os últimos 2 trimestre e opex acelerou por conta de novas campanhas de marketing que começaram em abril. “Apesar do dividendo anunciado e o sell-off recente, com queda de 30% no acumulado do ano, vemos grandes desafios pela frente e por isso temos cautelosos”, destaca o BTG.

Em meio ao resultado ruim, o Credit Suisse cortou o preço-alvo dos ativos de R$ 20 para R$ 17, mas manteve recomendação neutra dado que uma forte geração de caixa, dividendo fixo de R$ 3,5 bilhões e um valuation razoável devem impedir que a Cielo tenha uma queda ainda maior. 

RD (RADL3)

A RD – antiga Raia Drogasil – teve lucro líquido ajustado de R$ 141,78 milhões no segundo trimestre, frustrando a menor expectativa dos analistas consultados pela Bloomberg, que esperavam um lucro entre R$ 148 milhões e R$ 170 milhões. Já a receita bruta da companhia avançou 11,6%, para R$ 3,791 bilhões.

O Ebitda da companhia, por sua vez, teve leve alta, encerrando o período em R$ 316,65 milhões. No release, a RD destacou a abertura de 62 novas lojas e o fechamento de outras 5, encerrando o segundo trimestre com 1.708 unidades. Além disso, a empresa reiterou o guidance de 240 aberturas brutas de lojas por ano para 2018 e 2019.

A dívida líquida da Raia Drogasil cresceu 46,8% em um ano, chegando a R$ 630,4 milhões em junho. Já a dívida líquida ajustada, que inclui recebíveis descontados e estimativa com a opção de compra da 4Bio, chega a R$ 682,9 milhões, crescimento de 42,4%. O nível de alavancagem da companhia, medido pela relação dívida líquida/Ebitda, chegou a 0,6 vez ao final de junho, contra 0,5 vez em março.

Os analistas apontam que o resultado seguiu pressionado pelo baixo reajuste nos medicamentos e pela competição mais acirrada, principalmente no Sudeste. Por outro lado, o BTG Pactual apontou que o resultado foi em linha com as estimativas do banco, com a receita crescendo 12% guiado por um um plano agressivo e bem executado de abertura de novas lojas. Os analistas apontam que a competição claramente afetou as vendas, resultando em queda da participação de mercado de 0,8 ponto percentual no estado de São Paulo e 0,2 ponto percentual no Centro-Oeste. Já o Nordeste é o destaque positivo, com alta na fatia do mercado de 0,9 ponto percentual na base de comparação anual. 

O BTG ainda atualizou o modelo para os ativos RADL3 e revisou o preço-alvo de R$ 74 para R$ 80. “Reconhecemos que o curto prazo segue desafiador, mas reiteramos visão positiva no longo prazo, considerando a execução premium de RD e espaço para crescimento em mercados ainda subpenetrados”, destacaram os analistas. 

Embraer (EMBR3)

A Embraer encerrou o segundo trimestre de 2018 com um prejuízo líquido atribuído aos acionistas de R$ 467,0 milhões, revertendo o resultado positivo de R$ 200,9 milhões registrado no mesmo período de 2017.

Já no critério ajustado, excluindo imposto de renda e contribuição social diferidos no período, além de itens especiais, a Embraer contabilizou lucro líquido de R$ 2,3 milhões entre abril e junho, 99,4% abaixo dos R$ 409,4 milhões anotados em igual intervalo do ano passado.

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) totalizou R$ 140,4 milhões no segundo trimestre de 2018, 83,2% menor que os R$ 834,3 milhões registrados um ano antes. A margem Ebitda, por sua vez, ficou em 3,1%, contra 14,6% do segundo trimestre de 2017.

Em release de resultados, a companhia lembra ainda que o desempenho do segundo trimestre de 2017 também incluía itens especiais não recorrentes que “influenciaram positivamente o Ebit em R$ 30,9 milhões e incluem o benefício de R$ 38,6 milhões, referentes à conversão dos claims relacionados ao processo de falência da Republic Airways e de R$ 4,0 milhões de reversões relacionadas ao Programa de Demissões Voluntárias (PDV) da Companhia, bem como o impacto negativo de R$ 11,7 milhões relacionado aos impostos sobre as remessas executadas para pagamentos no exterior, após a finalização da investigação do FCPA (U.S. Foreign Corrupt Practices Act)”.

Segundo o BTG Pactual, o resultado ajustado foi melhor que o esperado, mas com um contábil fraco devido a um não recorrente importante (revisão da base de custo do KC-390 de US$ 127,2 milhões). Contudo, apontam, o resultado não deve impactar tanto na ação, com o foco devendo ser o fluxo de notícias relacionado à Boeing. Desde que o acordo foi anunciado, as ações caíram 22% dado o preço pago que veio menor do que o esperado, mas os analistas veem potencial de valorização para os ativos e recomendam compra.

Ainda sobre Embraer, a fabricante de aeronaves afirmou que foi intimada a se manifestar sobre uma ação popular que pede que as negociações da empresa com a Boeing sejam suspensas. A companhia deve oferecer manifestação escrita sobre ação popular e informou que adotará as medidas necessárias para exercer seu direito de defesa. 

Eletrobras (ELET3)

Acionistas da Eletrobras aprovaram em assembleia a possibilidade de a companhia seguir responsável pela operação de suas distribuidoras de energia no Norte e Nordeste do país até 31 de dezembro, período visto como necessário para a transferência do controle das empresas. Em contrapartida, ficou decidido que os recursos para “operar, manter e fazer investimentos” nas empresas devem ser dados “pela tarifa, pela União ou pelos fundos setoriais… sem qualquer aporte de recursos, a qualquer título pela Eletrobras”.

Petrobras (PETR3;PETR4)

Segundo informa a Folha de S. Paulo, a penalidade imposta pela Petrobras a empresas investigadas na Lava Jato não foi tão dura quanto poderia se esperar. Parte dos contratos firmados antes da operação continuou a ser paga pela estatal aos investigados. A Odebrecht, por exemplo, recebeu R$ 5,337 bilhões da Petrobras de janeiro de 2015 a junho de 2018 —período no qual esteve na lista suja da estatal e ficou impedida de assinar novos contratos.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.