Ibovespa cai 1% e perde os 80 mil pontos de olho em resultados; dólar dispara para R$ 3,74

Índice teve dia volátil, chegando a subir pela manhã, "dividido" entre a alta da Vale e Ambev e queda dos bancos e Petrobras

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Depois do início bastante positivo, marcando máxima em 80.600 pontos, o Ibovespa perdeu força logo após a abertura das bolsas dos EUA, acelerando a queda no início da tarde desta quinta-feira (26). As atenções dos investidores ficaram divididas entre a temporada de resultados, como os números de Vale (VALE3), Bradesco (BBDC4) e Ambev (ABEV3), e a queda das ações da Petrobras (PETR4).

O benchmark da bolsa brasileira fechou com perdas de 1,01%, aos 79.405 pontos, após chegar a cair 1,42% na mínima do dia. O volume financeiro ficou em R$ 11,679 bilhões. Já o dólar, voltou a ter forte alta após as quedas recentes e com os investidores de olho nos movimentos eleitorais, com algumas pesquisas agendadas para os próximos dias. A moeda norte-americana subiu 1,21%, cotada a R$ 3,7468 na venda.

No lado positivo das ações, a Vale subiu forte após divulgar seu resultado do 2º trimestre, que ficaram em linha com o esperado pelo mercado. O lucro líquido atribuído aos acionistas de US$ 76 milhões, uma alta de 375% ante o mesmo período do ano passado, quando ficou em US$ 16 milhões, enquanto o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ficou em US$ 3,90 bilhões.

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Junto com o balanço, a mineradora anunciou o pagamento de remuneração aos acionistas no valor total de R$ 7,694 bilhões, o equivale a R$ 1,48 por ação. Deste valor, R$ 6,801 bilhões serão na forma de juros sobre capital próprio e R$ 892,645 milhões na forma de dividendos. De acordo com os analistas do Itaú BBA, os resultados da mineradora foram sólidos e esperam por uma reação positiva por parte do mercado.

Enquanto isso, o Bradesco caiu forte e puxa os outros bancos após divulgar lucro recorrente de R$ 5,16 bilhões, abaixo da expectativa do mercado de R$ 5,31 bilhões. Apesar do resultado aquém do esperado, parte deste por uma alíquota de imposto efetiva maior do que a projetada, os analistas destacam a qualidade dos números, em especial pelo lado do crédito, como a redução do guidance de PDD (Provisão para Devedores Duvidosos) para este ano de R$ 19 – R$ 16 bilhões para R$ 16 – R$ 13 bilhões. Porém, vale lembrar que o papel subiu ontem justamente na esteira dos bons resultados de Santander.

Por fim, os números mais surpreendentes e que mais animaram os analistas foram da Ambev, que ao longo deste ano sofreu por conta da queda de receita. O Ebitda da empresa superou em 4% a expectativa do mercado, com o crescimento acima do esperado do volume de cerveja (+1,7% a/a) e refrigerante (+1% a/a) no mercado brasileiro mesmo com a greve dos caminhoneiros. Além disso, a geração de caixa cresceu 45% frente ao segundo trimestre do ano passado. Portanto, os analistas esperam por uma reação positiva das ações neste pregão.

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Petrobras pressiona

Ao mesmo tempo em que os investidores digerem os resultados, as ações da Petrobras ficaram entre os destaques de queda do mercado e pressionaram a bolsa. A estatal perdeu no Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais) a maior parte de uma disputa com a Receita Federal. Não é possível saber o quanto exatamente dos R$ 3,28 bilhões da autuação foi mantido pela 1ª Turma da 4ª Câmara da 1ª Seção do órgão.

O processo aborda a cobrança do Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido. A petroleira não explicou, no entanto, em que aspectos a decisão foi favorável ou desfavorável à empresa. A Petrobras informou ainda que não foi informada do teor da decisão, sendo cabível recurso. “Caso seja mantida tal decisão na esfera administrativa, há a possibilidade, ainda, de a companhia recorrer ao Judiciário para a defesa de seus direitos. Não se trata, portanto, de decisão definitiva”, disse a empresa em nota ao mercado.

As maiores baixas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 ELET3 ELETROBRAS ON 16,85 -5,97 -12,87 57,85M
 ELET6 ELETROBRAS PNB 19,03 -5,75 -16,17 43,87M
 ENBR3 ENERGIAS BR ON 13,66 -5,14 +1,23 46,80M
 CVCB3 CVC BRASIL ON 45,38 -4,12 -5,02 44,68M
 TIMP3 TIM PART S/AON EJ 12,55 -4,02 -2,55 89,76M

As maiores altas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 ABEV3 AMBEV S/A ON 19,89 +5,24 -5,42 651,92M
 EQTL3 EQUATORIAL ON 61,15 +3,29 -5,23 191,17M
 QUAL3 QUALICORP ON 19,97 +2,41 -33,23 58,22M
 BRAP4 BRADESPAR PN 31,29 +2,05 +12,93 57,31M
 VALE3 VALE ON 52,80 +2,03 +32,64 2,80B

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 VALE3 VALE ON 52,80 +2,03 2,80B 661,56M 36.435 
 PETR4 PETROBRAS PN N2 19,41 -2,76 939,95M 1,06B 30.637 
 BBDC4 BRADESCO PN 30,56 -2,55 652,51M 406,31M 31.972 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 19,89 +5,24 651,92M 236,01M 35.502 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN 46,04 -1,60 595,25M 494,78M 21.894 
 BBAS3 BRASIL ON 32,45 -3,34 218,41M 348,88M 19.228 
 EQTL3 EQUATORIAL ON 61,15 +3,29 191,17M 54,62M 8.907 
 PCAR4 P.ACUCAR-CBDPN 82,65 +0,99 158,43M 104,90M 12.190 
 SUZB3 SUZANO PAPELON 42,48 -0,16 152,79M n/d 8.675 
 MGLU3 MAGAZ LUIZA ON 131,80 -0,90 130,52M 182,36M 4.796 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
IBOVESPA

Indicador abaixo do esperado nos EUA
Nos EUA, os pedidos e entregas de bens duráveis feitos junto à indústria dos Estados Unidos avançaram 1% na passagem de maio para junho, enquanto os analistas de mercado esperavam crescimento de 3%, o que mostra que a economia norte-americana não está sobreaquecida. Vale lembrar que na próxima sexta-feira (27) será publicada a primeira prévia do PIB referente ao primeiro trimestre.

Na Europa, tivemos a reunião do BCE (Banco Central Europeu) e com o esperado a autoridade monetária manteve o juro no patamar de zero, como o fim do programa de estímulos a partir de dezembro. Logo após o encontro, o presidente da autoridade, Mario Draghi, afirmou que a economia da zona do euro segue “em ritmo forte”, o que dá aos dirigentes a confiança de que a meta de quase 2% de inflação será atingida. Ele reafirmou, porém, que o BCE está pronto a realizar ajustes em sua política monetária, se preciso, para garantir que essa meta seja cumprida.

Apoio do Centrão a Alckmin

Os partidos do chamado “Centrão” convocaram a imprensa para anunciar nesta quinta a aliança para as Eleições de 2018. O anúncio ocorrerá às 10h em Brasília e os presidentes do PP, PR, PRB, DEM e SD participarão do evento. Os presidentes dos partidos do grupo estiveram reunidos ontem à noite para decidir os termos da aliança com lideranças do PSDB.

Ainda sobre o noticiário eleitoral, o Valor Econômico informa que a pré-candidata à presidência pela Rede, Marina Silva, negocia com PV, Pros e PHS antes de definir vice da chapa. Já a Folha afirma que a ex-senadora mantém conversas com o candidato do PDT, Ciro Gomes, mas é pouco provável a formação de uma aliança. 

Em entrevista também à Folha na véspera do Centrão oficializar o apoio a Alckmin, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que o PSDB não será hegemônico e que os tucanos terão de ceder mais espaço na aliança. “Não é uma eleição do Geraldo, do PSDB. É uma eleição do Geraldo em cima de um programa claro”, afirmou à Folha. “O PSDB vai precisar entender que outras forças hoje têm poder maior do que tinham quando o PSDB foi governo e oposição”, completa. Ele negou que o bloco tenha discutido distribuição de cargos em um eventual governo do PSDB, mas avisa que o tucano precisará “saber dividir os espaços de poder”.

Enquanto isso, sem conseguir costurar alianças, o candidato a presidente Jair Bolsonaro (PSL) vai apostar numa espécie de “horário eleitoral do B” para tentar driblar o pouco tempo de que irá dispor de propaganda gratuita neste ano, destaca a Folha. O plano de seus estrategistas é o de colocá-lo para falar em redes sociais no mesmo horário dos dois blocos de 25 minutos diários de propaganda gratuita. Ele poderá fazer entradas ao vivo ou gravadas. 

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.