Copa do Mundo traz trégua necessária, diz magnata da MRV

O Brasil precisa de união para passar pelos próximos meses, disse Rubens Menin -- e isso poderia começar com uma vitória na Copa do Mundo

Bloomberg

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O empreendedor brasileiro Rubens Menin se mantém firme em relação aos planos de investimentos multibilionários de suas empresas, apesar do pessimismo que tomou conta do mercado — pelo menos por enquanto.

Menin, 62, fundou e controla o conglomerado que inclui a MRV Engenharia e Participações, terceira maior construtora do mundo, o Banco Inter e a Log Commercial Properties. Os negócios vão bem porque os mercados em que ele atua são promissores: moradias de baixa renda, banco digital e logística premium. Até o momento, isso tem sido suficiente para compensar a queda da confiança no Brasil, cujas projeções de crescimento foram reduzidas devido à greve dos caminhoneiros que paralisou o País e as eleições presidenciais, que podem interromper a atual agenda de reformas.

“Não adianta você estar numa ‘ilha de felicidade’. Isso não é nem bacana, nem sustentável”, disse Menin, por telefone. “O momento está muito mais difícil do que a gente previa no início do ano. A agenda econômica está muito ruim, isso em virtude de uma agenda política horrorosa.”

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O Brasil precisa de união para passar pelos próximos meses, disse — e isso poderia começar com uma vitória na Copa do Mundo, que traria uma trégua necessária para o pessimismo.

A MRV planeja investir R$ 5 bilhões por ano nos próximos 10 anos em moradias de baixa renda. A plataforma digital Banco Inter usará recursos captados em uma abertura de capital realizada neste mês para investir em tecnologia e sustentar o crescimento, disse Menin. Ele não vendeu sua participação no banco, nem reduziu significativamente sua fatia na MRV, e reitera sua estratégia de dividendos altos, que descreve como “o jeito mais bacana de tratar os investidores”.

A MRV distribuiu dividendos recorde em 2016 e 2017, com dois pagamentos extraordinários, e o co-CEO Eduardo Fischer afirmou que os pagamentos de dividendos devem continuar subindo.

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As ações da MRV acumulam queda de cerca de 20 por cento neste ano, em linha com as ações de outras construtoras, que despencaram devido ao receio de o Brasil elevar as taxas de juros mais rapidamente que o esperado. O Ibovespa caiu 6,5 por cento no período, já que as empresas exportadoras, que se beneficiam com a desvalorização da moeda brasileira, compensaram parte do declínio das ações das corporações que dependem da demanda interna.

“A queda da MRV chama muito a nossa atenção”, disse por telefone o analista do JPMorgan Marcelo Motta, que tem classificação overweight (tendência de desempenho acima do mercado) para a ação. “A empresa está mais blindada da volatilidade macroeconômica” do que outras construtoras que se concentram na classe média, disse, acrescentando que a companhia deverá continuar registrando vendas “fortes” devido à estabilidade do índice de desemprego.

Apesar de nenhuma das suas três empresas estar reduzindo investimentos ou postos de trabalho — pelo contrário, diz ele –, Menin acompanha a eleição presidencial de perto para tomar uma decisão de longo prazo. Ele está preocupado com a desilusão dos brasileiros em relação aos políticos e com a ascensão de candidatos extremistas, que tendem a segregar uma sociedade já dividida. Quase um terço dos eleitores entrevistados na última pesquisa do Datafolha afirmou que não planeja votar em ninguém (embora o voto seja obrigatório no Brasil). O ex-capitão do Exército Jair Bolsonaro, um conservador linha-dura, lidera as pesquisas com 19 por cento das intenções de voto se excluído o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está preso e provavelmente será impedido de concorrer.

“Eu vou ser muito franco. Tenho muito medo disso”, disse. “Mas tendo a acreditar que essa eleição não começou ainda. Vamos esperar a Copa do Mundo acabar. Talvez uma vitória no futebol possa ser o início dessa reviravolta de união do Brasil que a gente está precisando.”