Os três eventos que estão agitando o mercado nesta quinta-feira

Rumo dos juros nos EUA após decisão do Fed, surpresa positiva com o BCE e notícias envolvendo a Petrobras guiam os negócios

Rafael Souza Ribeiro

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SÃO PAULO – Em mais um dia bastante volátil, às 10h54 (horário de Brasília), o Ibovespa subia 0,15%, aos 72.290 pontos, enquanto o dólar sofre um pequeno ajuste e registrava queda 0,32%, mas ainda acima dos R$ 3,70, com três eventos agitando o mercado nesta quinta-feira (14): i) rumo dos juros nos EUA após decisão do Fed; ii) surpresa positiva com o BCE (Banco Central Europeu); iii) notícias envolvendo a Petrobras.

Juros nos EUA

Assim como o esperado, o Fed elevou a taxa de juros para o intervalo entre 1,75% e 2% ao ano, mas surpreendeu ao sinalizar outras duas altas de juros até o fim do ano, totalizando quatro elevações no acumulado do período, uma a mais que o previamente esperado pelo mercado. No comunicado, o BC apresentou um tom mais otimista com o nível de atividade econômica e o desempenho da inflação.

Logo após foi realizada a coletiva do presidente do Fed, Jerome Powell, que acalmou os ânimos dos investidores ao não demonstrar preocupação quanto ao rumo da inflação, destacando que a recente alta nos preços do petróleo tem um impacto muito tímido sobre o nível dos preços, afirmando que é preciso descontar “fatores transitórios” da leitura de longo prazo do Fed.

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Com Powell demonstrando tranquilidade sobre a inflação e suavizando o tom “mais duro” do comunicado, os contratos futuros de dólar com vencimento em julho chegaram a recuar 0,8% no pior momento da manhã até a divulgação das vendas ao varejo de maio nos EUA. Em relação ao mês de abril, foi registrada uma alta de 0,8%, enquanto a estimativa do mercado era de avanço de 0,4%, comprovando que a economia norte-americana está forte e gerando uma expectativa positiva para o resultado do PIB do segundo trimestre.

Diante de mais um dado econômico forte, um dos fatores destacados pelos membros do Fed para justificar o aumento da expectativa de aumento dos juros, o mercado começou a precificar um aumento mais rápido da taxa mesmo após a fala de Powell, o que acabou levando para uma recuperação do dólar, que amenizou as perdas e recuava 0,40%, aos R$ 3,712.

Decisão do BCE

As bolsas europeias reverteram a queda da abertura e registravam alta após a decisão do BCE em manter o programa de estímulos via compra de títulos públicos (Quantitative Easing) até dezembro, mas com reduções depois de setembro. Neste momento, o programa está previsto para durar até setembro no atual volume de 30 bilhões de euros. A partir dali, haverá redução para 15 bilhões de euros mensais no último trimestre do ano. Vale lembrar que o mercado precifica o fim dos estímulos já em setembro.

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Em discurso após a decisão, o presidente do BCE, Mario Draghi, disse que a instituição fez avanços “substanciais” no sentido de impulsionar os preços, mas ressaltou que ainda são necessários amplos estímulos monetários para que sua meta de inflação seja atingida de forma estável. 

Com a manutenção da política monetária expansionista, os principais índices acionários europeus reverteram a queda e seguem ampliando seus ganhos. Às 10h36, o alemão DAX subia 0,91%, aos 13.010 pontos, ao passo que o francês CAC e o inglês FTSE 100 avançavam 0,99% e 0,63%, cotados a 5.508 e 22.280 pontos, respectivamente.

Petrobras 

Uma bateria de notícias agita o radar de Petrobras (PETR4), com as ações preferenciais entre os destaques de alta do mercado. O Plenário da Câmara dos Deputados aprovou na noite de quarta-feira, por 281 votos a 109, o regime de urgência para Projeto de Lei que permite à Petrobras vender até 70% dos campos do pré-sal concedidos a ela por meio do regime de cessão onerosa. Com o regime de cessão onerosa, a Petrobras pagou diretamente à União, sem licitação, o direito de extrair petróleo desses blocos. 

“A notícia é muito positiva para a Petrobras. Em primeiro lugar, seria resolvido o impasse para viabilizar a indenização do governo em barris (hoje apenas é possível pagar a empresa em dinheiro). Em segundo lugar, dada a elevada atratividade das áreas do pré-sal para grandes petroleiras internacionais (evidenciada nos últimos leilões), o projeto proporciona uma nova oportunidade para a empresa cumprir de forma muito mais rápida a sua meta de desinvestimentos de até US$21 bilhões até 2018 e reduzir seu endividamento, haja visto que na lei atual a empresa não pode vender sua participação na Cessão Onerosa”, destaca a equipe de análise da XP Investimentos. 

Por outro lado, ganham destaques algumas falas que geraram temor sobre maior intervenção na companhia.  Décio Oddone, diretor-geral da ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis), disse que a política da Petrobras visa os interesses da companhia, não necessariamente os interesses da sociedade brasileira. Ele afirmou que a solução para minimizar novos choques nos preços dos combustíveis no país passa por maior competição no refino, operação hoje concentrado na Petrobras, ou por mudanças no sistema tributário. Porém, que enquanto isso não ocorre, a ANP tem a atribuição de atuar para proteger o consumidor do que chama de “mercado imperfeito”, apontou.

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 BRFS3 BRF SA ON 21,15 +4,70 -42,21 53,40M
 ELET3 ELETROBRAS ON 14,64 +2,66 -24,30 4,38M
 NATU3 NATURA ON 33,54 +2,54 +2,44 6,59M
 ELET6 ELETROBRAS PNB 17,04 +2,34 -24,93 3,99M
 CVCB3 CVC BRASIL ON 43,58 +1,94 -8,78 3,06M

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 BRAP4 BRADESPAR PN 30,11 -1,47 +8,67 3,99M
 KLBN11 KLABIN S/A UNT N2 20,46 -1,16 +18,13 895,29K
 MRFG3 MARFRIG ON 8,41 -1,06 +14,89 452,21K
 SUZB3 SUZANO PAPELON 45,56 -0,98 +144,94 8,99M
 CPFE3 CPFL ENERGIAON 21,91 -0,86 +14,51 41,67K
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

Notícias do dia

O noticiário sobre as alianças eleitorais seguem sendo o destaque nos jornais. Segundo a Folha, o pré-candidato do PDT à presidência, Ciro Gomes, corre o risco de ficar sem palanque em São Paulo, o principal colégio eleitoral do país. O PDT passou a admitir a ideia de se aliar ao governador de São Paulo, Márcio França (PSB-SP), que disputa a reeleição. Contudo, França já se comprometeu com o tucano Geraldo Alckmin. 

Enquanto isso, com a pré-candidatura do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, prestes a sair de cena, o DEM abre três frentes de negociação com outros partidos para oferecer seu apoio nas eleições de outubro, aponta o jornal O Globo. O deputado afirmou ontem que a aliança mais provável é com o PSDB.

Ainda no radar político, relatório elaborado pela Polícia Federal da Operação Cui Bono?, que mira desvios na Caixa, tem um capítulo somente para a suposta compra do silêncio do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (MDB) e do delator Lúcio Funaro, pelo presidente Michel Temer, informa o Estadão. O documento cita que Temer incentivou a manutenção de pagamento ilícito a ambos; a defesa do presidente nega.

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