Ibovespa recupera 2.700 pontos da mínima, mas afunda 3%; dólar salta para R$ 3,92 e DIs disparam

Índice chegou a desabar 6,5% com disparada dos juros futuros e do dólar, que chegou a superar a marca de R$ 3,95

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O Ibovespa conseguiu se distanciar da mínima do dia no pregão desta quinta-feira (7), após chegar a cair mais de 6%, mas mesmo assim caiu mais de 3% em um pregão marcado pelo pânico e aumento do clima de incerteza, que acabou puxando o dólar e os juros futuros para altas expressivas. Diante dos temores, até a intervenção do Banco Central e do Tesouro não foi capaz de segurar o mau humor dos investidores.

O benchmark da bolsa fechou com queda de 2,98%, aos 73.851 pontos, uma recuperação após chegar a cair 6,51% na mínima do dia, a 71.161 pontos. Com isso, o índice renovou seu menor patamar de 2018. O volume financeiro ficou em R$ 20,422 bilhões. O dólar comercial, por sua vez, também amenizou os ganhos, encerrando com valorização de 2,28%, a R$ 3,9258, após chegar a R$ 3,9556 na máxima do dia, seu maior nível desde março de 2016. O dólar futuro, por sua vez, subiu 1,84%, a R$ 3,927.

O movimento da bolsa coincidiu com a recuperação dos juros futuros, que chegaram a “congelar” por conta do limite de variação. No programa InfoTrade desta quinta, o analista Rafael Ribeiro destacou que “enquanto os DIs seguirem em forte alta não é possível vislumbrar uma recuperação para o índice” (confira a análise completa clicando aqui).

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Diante da forte turbulência acompanhada nos últimos dias em meio as incertezas citadas, Banco Central e Tesouro Nacional anunciaram uma intervenção conjunta no mercado nesta quinta-feira. Foi realizada a venda de títulos públicos com compromisso de recompra daqui a 9 meses, sendo que serão ofertadas LTNs com vencimentos de 2019 até 2022, além de NTN-Bs para 2019 até 2055, como NTN-Fs com resgates que vão de 2021 a 2029.

Apesar de todo o esforço para frear a forte volatilidade dos DIs, os juros futuros tiveram forte alta, com os contratos com vencimento em janeiro de 2019 subindo 43 pontos-base, cotados aos 7,58%, enquanto os DIs para janeiro 2021 saltaram 32 pontos, para 9,77%. Mais cedo, os dois contratos chegaram a ser paralisados por conta da forte alta, que chegou a ser de mais de 60 pontos-base.

Do lado do câmbio, o BC ofertou logo pela manhã 15.000 contratos de swap cambial e logo após anunciou que irá realizar um leilão com mais 40.000 contratos às 10h30 e mais 8.800 swaps cambiais para rolagem de vencimento de julho às 11h40. Mesmo com a autoridade monetária demonstrando seu interesse em frear a moeda, o mercado está descrente com o sucesso do BC.

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Até onde vai o dólar?

Rogério Xavier, um dos fundadores da SPX Capital, gestora que possui mais de R$ 30 bilhões em ativos sob gestão, afirmou em evento na última quarta-feira que a situação do Brasil é caótica, prevendo que o PIB deve crescer apenas 0,8% em 2018, ao passo que o dólar chegará até R$ 5,30 (“câmbio está de graça”) e o BC deverá subir os juros rapidamente para conter a pressão.

No mesmo sentido, o diretor de câmbio da Wagner Investimentos, José Faria Júnior, acredita que o dólar pode atingir em pouco tempo a marca de R$ 4,00, citando o cenário externo, com a probabilidade maior do Fed elevar os juros mais rápido do que o esperado pelo mercado, com as incertezas do cenário eleitoral do lado doméstico – confira a análise completa.

Destaques do mercado

Do lado negativo, destaque para as ações atreladas aos juros, que recuam forte por conta da disparada dos DIs mesmo com a intervenção do BC no mercado. Na ponta positiva, apenas três das 64 ações do índice tiveram ganhos.

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 SMLS3 SMILES ON 45,95 -12,06 -36,39 254,02M
 VVAR11 VIAVAREJO UNT N2 19,50 -9,13 -20,22 121,10M
 BTOW3 B2W DIGITAL ON 23,00 -7,59 +12,20 105,60M
 CYRE3 CYRELA REALTON 10,35 -7,59 -18,55 130,23M
 MGLU3 MAGAZ LUIZA ON 106,40 -6,94 +33,00 538,46M

As maiores altas, dentre os papéis que compõem o índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 EMBR3 EMBRAER ON 23,65 +1,94 +18,72 161,37M
 QUAL3 QUALICORP ON ED 17,53 +1,70 -41,39 89,86M
 VIVT4 TELEF BRASILPN 45,43 +0,96 -3,96 132,59M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 PETR4 PETROBRAS PN N2 15,76 -3,49 1,84B 2,28B 87.980 
 VALE3 VALE ON 54,37 -3,03 1,76B 973,13M 64.668 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN ED 41,05 -2,91 1,09B 723,11M 59.150 
 B3SA3 B3 ON 20,00 -6,59 764,26M 302,38M 55.527 
 BBAS3 BRASIL ON 26,57 -4,01 695,02M 400,72M 55.344 
 ITSA4 ITAUSA PN EDB 9,40 -6,09 678,73M 233,52M 61.585 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 19,08 -2,30 618,97M 453,31M 55.681 
 BBDC4 BRADESCO PN EJ 27,74 -1,77 597,10M 419,79M 55.974 
 SUZB3 SUZANO PAPELON 49,45 -4,83 568,18M n/d 39.802 
 MGLU3 MAGAZ LUIZA ON 106,40 -6,94 538,46M 288,14M 21.010 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
IBOVESPA

Notícias do dia
A coluna Painel, do jornal Folha de S.Paulo, noticia que o empresário Benjamin Steinbruch, da siderúrgica CSN, enviou uma carta à Fiesp comunicando seu afastamento temporário da função de vice-presidente da entidade. Com o ato, ele cumpriu a regra legal que exige a desincompatibilização de funções para disputar a eleição, o que amplia especulações sobre a participação em uma chapa encabeçada pelo ex-governador cearense Ciro Gomes (PDT) à presidência da República. A iniciativa é bem vista pelo senador Ciro Nogueira, presidente nacional do PP, partido ao qual o empresário se filiou.

Também chama atenção notícia veiculada pelo jornal O Estado de S.Paulo, de que o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) se prontificou a entregar à Justiça Federal de São Paulo relatório que aponta “operações financeiras suspeitas” em relação ao ex-presidente Lula, sua empresa de palestras, a L.I.L.S, e ao Instituto Lula e seu presidente Paulo Okamotto. A assessoria de Lula disse que todos os sigilos foram quebrados há mais de dois anos e não foram encontradas irregularidades.

Outro destaque vem de Brasília. O plenário da Câmara dos Deputados aprovou, na noite de ontem, o Projeto de Lei 1220/15, do deputado Celso Russomanno (PRB-SP), que disciplina os valores a receber pelo mutuário na desistência da compra de imóvel. A matéria, aprovada na forma de um substitutivo do relator, deputado Jose Stédile (PSB-RS), será enviada ao Senado. Quando o empreendimento tiver seu patrimônio separado do da construtora, em um mecanismo chamado de patrimônio de afetação, o comprador que desistir do imóvel terá direito a receber 50% dos valores pagos, após dedução antecipada da corretagem.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.