Ibovespa afunda 5% na pior semana desde o “Joesley Day” com derrocada da Petrobras e greve

Índice tem novo dia de queda expressiva puxado pela perda de força da Petrobras, que chegou a subir 5% pela manhã

Rodrigo Tolotti

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – Assim como na véspera, o dia foi marcado pela greve dos caminhoneiros e seus reflexos na Petrobras e em diversos outros setores. Após chegar a subir 5% na máxima do dia, a estatal virou para queda e acabou levando o Ibovespa para suas mínimas, em dia em que menos de 15 ações do índice registraram ganhos.

O benchmark da bolsa brasileira fechou com queda de 1,53%, aos 78.897 pontos, acumulando perdas de 5,04% na semana, em seu pior desempenho semanal desde o “Joesley Day”, em 18 de maio do ano passado. O volume financeiro nesta sessão ficou em R$ 12,287 bilhões. O dólar, por sua vez, também seguiu o estresse do mercado e subiu pelo segundo dia seguido, desta vez avançando 0,55%, cotado a R$ 3,6683 na venda. Na semana, porém, a moeda caiu.

Durante a manhã, a Petrobras conseguiu ignorar a queda de 4% do petróleo, puxado pela notícia de que a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) e parceiros considerando vão discutir o relaxamento no limite à produção de petróleo, o que poderia resultar no aumento da oferta da commodity.

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Pela tarde, pesou nas ações uma informação apresentada pelo Valor Pro dizia que o o presidente da estatal, Pedro Parente, está andando com uma carta de demissão desde que a greve começou. A companhia, durante a tarde, emitiu nota negando que o executivo esteja cogitando deixar o cargo.

As maiores baixas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 USIM5 USIMINAS PNA 9,01 -6,15 -0,56 171,33M
 CSNA3 SID NACIONALON 8,17 -5,00 -2,51 98,34M
 CMIG4 CEMIG PN 7,77 -4,78 +20,21 109,62M
 GOAU4 GERDAU MET PN ED 7,19 -4,64 +24,82 107,68M
 GGBR4 GERDAU PN EJ 15,85 -4,17 +28,87 263,70M

As maiores altas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

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 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 ELET6 ELETROBRAS PNB 18,07 +3,08 -20,40 42,12M
 ENBR3 ENERGIAS BR ON 13,84 +2,14 +2,56 51,19M
 GOLL4 GOL PN N2 14,39 +1,70 -1,44 32,02M
 JBSS3 JBS ON 9,61 +1,26 -1,51 74,26M
 EMBR3 EMBRAER ON 23,40 +0,86 +17,47 51,71M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 PETR4 PETROBRAS PN EJ N2 19,80 -1,39 2,65B 1,81B 127.643 
 VALE3 VALE ON 51,48 -1,87 675,27M 865,91M 22.741 
 PETR3 PETROBRAS ON EJ N2 23,03 -0,73 592,03M 410,33M 43.292 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN 44,95 -0,88 507,87M 671,38M 23.650 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 20,16 -0,84 474,77M 422,98M 35.254 
 BBDC4 BRADESCO PN 30,52 -1,99 456,32M 418,37M 28.084 
 B3SA3 B3 ON 21,02 -2,69 443,46M 240,70M 38.067 
 BBAS3 BRASIL ON EJ 30,09 -2,08 292,26M 341,17M 23.683 
 GGBR4 GERDAU PN EJ 15,85 -4,17 263,70M 160,30M 28.501 
 SUZB3 SUZANO PAPELON 44,32 -2,12 215,37M n/d 15.912 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
IBOVESPA

Temer se pronuncia
O presidente Michel Temer fez um pronunciamento na tarde desta sexta informando que acionou as forças federais de segurança para desbloquear as estradas e também solicitou aos governadores que façam o mesmo. “Vamos implantar um plano de segurança para enfrentar o desabastecimento”, disse.

“Atendemos 12 solicitações dos caminhoneiros, que se comprometeram a encerrar a paralisação imediatamente”, explicou o presidente ressaltando que uma “minoria radical” não quis cumprir o acordo. “Quem bloqueia estradas, quem age de maneira radical está prejudicando a população e, saliento, será responsabilizado”, continuou Temer.

“Não vamos permitir que a população fique sem gêneros de primeira necessidade. Não vamos permitir que os hospitais fiquem sem insumos para salvar vidas. Não vamos permitir que crianças sejam prejudicadas pelo fechamento de escolas. Como não vamos permitir que produtores tenham seu trabalho mais afetado”, afirmou.

Acordo com o governo
Após uma reunião que durou mais de sete horas, o governo e entidades da categoria dos caminhoneiros chegaram a um acordo para suspender, por 15 dias, a paralisação iniciada na última segunda-feira. Apesar disso, o cenário de paralisação não mudou no País nesta sexta, levando o presidente Michel Temer a autorizar o uso das Forças Armadas para liberarem as estradas.

No acordo anunciado pelo ministro Eliseu Padilha (Casa Civil), a Petrobras manterá o compromisso de congelar o preço do diesel 10% menor por 15 dias. Em tentativa de reduzir danos à Petrobras, que despencou ontem, o governo disse que os prejuízos da estatal serão cobertos pelo Tesouro, de modo que a política de preços ficará intacta e que o acordo se limita ao diesel, não afetando gasolina e gás.

Segundo o ministro, o governo também prometeu uma previsibilidade mínima de 30 dias para reajustar o preço do diesel até o final do ano, sem mexer na política de preços da Petrobras, o que culminará em subsídio da diferença quando o preço do combustível subir dentro de cada mês. Caso o preço caia, o ministro Eduardo Guardia (Fazenda) disse que a estatal passaria a ter um crédito, que reduziria o custo arcado pelo Tesouro no mês seguinte.

Outro compromisso assumido pelo Planalto foi zerar a Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) até o fim do ano, assim como a negociação com os governos estaduais do fim da cobrança pelo eixo suspenso, em caminhões que trafegam vazios.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.