Itaú cai 4,5% após balanço e puxa bancos; Suzano salta com dólar e RD tem forte baixa à espera de resultado

Confira os destaques do mercado na sessão desta quarta-feira (2)

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O Ibovespa registrou uma sessão de fortes perdas na sessão desta quarta-feira (2), com o mercado tendo uma sessão de ajuste após a queda dos mercados na última terça-feira, feriado no Brasil, e em um dia de cautela após o Fomc. 

O Federal Reserve manteve os juros nos EUA e avaliou que a inflação está próxima de atingir a meta de 2%, sendo que não há motivo para um alerta sobre a trajetória dos preços. 

Entre os destaques de queda, está o Itaú Unibanco (ITUB4), que caiu quase 5% após o balanço do primeiro trimestre, enquanto as ações da RD (RADL3) caíram forte à espera dos resultados. Com a disparada do dólar, quem subiu forte foi a Suzano (SUZB3), que tem boa parte da receita atrelada à divisa americana. A companhia também foi elevada a compra pelo Santander. 

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Confira os destaques do mercado: 

Itaú Unibanco (ITUB4)

O Itaú Unibanco registrou lucro líquido recorrente de R$ 6,42 bilhões no 1º trimestre de 2018, superando levemente a expectativa do mercado de R$ 6,37 bilhões, como também 4% acima do visto no mesmo período de 2017, quando o banco lucrou R$ 6,17 bilhões. O número também superou o lucro de R$ 6,28 bilhões acumulado no 4º trimestre do ano passado.

O Produto Bancário, que seria uma “proxy” da receita líquida, atingiu R$ 27,42 bilhões no primeiro trimestre de 2018, uma ligeira alta de 0,6% em relação ao mesmo período do ano passado. Contudo, houve uma queda de 1,47% em relação aos R$ 27,84 bilhões do 4º trimestre de 2017.

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O ROAE (Retorno Médio Sobre o Patrimônio Líquido) do banco no período entre janeiro e março deste ano ficou em 22,2%, acima dos 21,9% registrados no 4º trimestre de 2017. Ainda falando sobre o desempenho do banco, o índice de inadimplência de 90 dias ficou estável em 3,1% na mesma base de comparação, ao passo que o Índice de Eficiência caiu de 49,2% para 45,9% na passagem do quarto trimestre do último ano para o primeiro trimestre de 2018.

Os ativos totais da instituição iniciaram o ano atingindo a marca de R$ 1,52 trilhão, uma alta de 1,4% em relação ao visto no 4º trimestre de 2017. Na mesma toada, os ativos sob gestão do banco subiram e mudaram de patamar, passando de R$ 969,8 bilhões para R$ 1,02 trilhão.

De acordo com o BTG Pactual, os números do primeiro trimestre foram praticamente em linha e pouco inspiradores, com a qualidade dos lucros não sendo tão forte quanto dos anos anteriores e ajudados pelos ganhos em operações. 

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Já o Credit Suisse apontou que os números que a companhia apresentou foram entre neutros e marginalmente negativos. Apesar do lucro líquido ter vindo em linha com o consenso, os analistas do banco suíço destacaram que o forte resultado da tesouraria de R$ 1,7 bilhão, com alta de 21,4% na comparação trimestral, compensou a queda do NII e a baixa cobertura do novo NPL (non performing loan). O banco reportou um NPL formation de R$ 5 bilhões, o maior desde o quarto trimestre de 2016, reflexo da deterioração no portfólio de varejo e uma piora na qualidade de credito das operações da América Latina.

Veja mais em: Itaú lucra R$ 6,4 bilhões, ações caem até 4%: por que o mercado não gostou do resultado do banco?

Apesar disso, os analistas do Credit não acreditam que a projeção do ano de lucro de R$ 26.8 bilhões esteja em risco já que as despesas de provisão e a qualidade dos ativos devem melhorar ao longo de 2018. “Reforçamos o nosso outperform, mas preferimos Santander Brasil e Bradesco entre os bancos brasileiros”, concluem os analistas.

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As ações de outros bancos também registram queda de olho no resultado do Itaú e também atentos ao cenário de aversão ao risco do mercado, caso de Bradesco (BBDC3;BBDC4), Banco do Brasil (BBAS3) e as units do Santander Brasil (SANB11). 

Petrobras (PETR4)

A Petrobras teve queda dos papéis PN em ajuste ao movimento dos ADRs (American Depositary Receipts) no feriado, quando tiveram forte queda em meio à baixa do petróleo com expectativa de alta nos estoques nos EUA. Os estoques vieram acima do esperado, com alta de 6,2 milhões de barris, mas não gerou tanto impacto por ser muito concentrado na Costa Oeste americana (5 milhões de barris), o que foi considerado um número errático. 

Além disso, três notícias agitam o noticiário sobre Petrobras. A companhia concluiu a venda de ativos para Alpek e cessão de Azulão, informou a estatal na última segunda-feira. 

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Foi concluída a venda de 100% das ações detidas na PetroquímicaSuape e Citepe para o grupo Petrotemex e para a Dak Americas Exterior, subsidiárias da Alpek. A estatal recebeu R$ 1,5 bilhão com a venda após ajustes previstos no contrato.

A Petrobras também anunciou conclusão da cessão de direitos do Campo de Azulão, no Amazonas, para a Parnaíba Gás Natural, subsidiária da Eneva. A conclusão gerou pagamento de US$ 56,5 milhões  para a Petrobras, após ajustes. Ambas as transações são parte do programa de desinvestimentos da companhia.

A empresa ainda anunciou o preço de resgate antecipado de títulos com vencimento em 2020. O valor total do resgate antecipado aos investidores dos títulos 5,750% global notes e 4,875% global notes com vencimento em 2020, somou US$ 1,4 bilhão, excluindo juros capitalizados. O resgate será financiado com recursos em caixa e a liquidação financeira do resgate será em 3 de maio.

Por fim, a Petrobras cortou o preço da gasolina de R$ 1,8072 o litro para R$ 1,7893 o litro e do diesel de R$ 2,0877 o litro para R$ 2,0535 o litro, com preços antes de impostos válidos a partir de quinta-feira (3). 

 

Duratex (DTEX3)

A Duratex teve um lucro recorrente de R$ 30,8 milhões no primeiro trimestre de 2018, revertendo o prejuízo de R$ 9,28 milhões registrado no mesmo período do ano passado. O Ebitda ajustado recorrente foi de R$ 182,13 milhões, alta de 22,9% na base anual. 

A margem Ebitda ficou em 18,1%, 2,5 pontos percentuais superior ao 15,6% do ano anterior, enquanto a receita líquida ficou em R$ 1,01 bilhão, 5,7% na base de comparação anual. 

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Porto Seguro (PSSA3)

A Porto Seguro teve lucro líquido de R$ 276,1 milhões no primeiro trimestre de 2018, com receita de R$ 4,39 bilhões. 

Os prêmios emitidos brutos somaram R$ 3,70 bilhões, enquanto a sinistralidade foi de 52%. O retorno médio sobre o patrimônio foi positivo de 14,2%. 

 

Vale (VALE3) e siderúrgicas

As ações da Vale fecharam próximas à estabilidade, entre a queda dos ADRs na véspera e a alta de 2% do minério de ferro em Dalian nesta terça.

Atenção ainda para as siderúrgicas como Usiminas (USIM5), CSN (CSNA3) e Gerdau (GGBR4). Elas chegaram a reduzir o movimento de alta na manhã desta quarta-feira, impactadas por notícia de que os EUA interromperam as negociações com o Brasil sobre tarifas de aço. 

Segundo o MDIC, as autoridades norte-americanas informaram decisão de interromper as negociações e aplicar, imediatamente em relação ao Brasil, as sobretaxas que estavam temporariamente suspensas ou, de forma alternativa e sem possibilidade de negociação adicional, quotas restritivas unilaterais. O governo brasileiro diz que lamenta que o processo negociador tenha sido interrompido e reitera seguir aberto a conversas. 

O MDIC diz ainda que o governo mantém a expectativa de que os EUA não prossigam com a aplicação de restrições às importações de aço e alumínio, preservando os fluxos atuais do comércio bilateral

Mais cedo, o Estadão havia destacado que o governo brasileiro avaliava negociar com os Estados Unidos alterações no cálculo das cotas de exportação de aço e alumínio para diminuir prejuízos ao comércio por causa das sobretaxas de 25% sobre o aço e de 10% sobre o alumínio anunciadas em março. Segundo fontes do governo ouvidas pelo jornal, essa é uma das poucas alternativas que restam, depois que os americanos colocaram apenas duas alternativas sobre a mesa: cota ou sobretaxa.

Recomendações

No radar de recomendações, a RD (RADL3) teve a recomendação reduzida a neutra pelo JPMorgan, a R$ 73, enquanto a Suzano (SUZB3) foi elevada a compra pelo Santander, com preço-alvo de R$ 47. Já  a Metal Leve (LEVE3) foi elevada a ’outperform’ pelo Itaú BBA, com preço-alvo de R$
30.

A Suzano também segue em alta com o movimento de ganhos do dólar, que renovou a sua máxima no ano com o mercado de olho no Fomc (Federal Open Market Committee); já a RD divulgará o balanço depois do fechamento do mercado. 

Veja mais em: de queridinha dos analistas à 2ª maior queda do Ibovespa em 2018: o que esperar do balanço de RD?

Oi (OIBR4)

A Pharol, maior acionista da Oi, quer participar da oferta de ações da companhia brasileira após a troca de dívida por ações com credoresos, disse Luis Palha, presidente da Pharol, em entrevista ao site português Eco.pt.

A administração da Pharol, em reunião em maio, pedirá aos acionistas que aprovem um aumento de capital de até 40 mi de euros e autorizem a emissão de bonds com essa finalidade, disse Palha, reforçando que a empresa quer estar preparada. Se o aumento de capital da Oi for atraente, a Pharol quer poder participar, disse ele. 

Eletrobras (ELET6)

A Eletrobras assinou acordo para encerrar ação coletiva nos EUA. O memorando de entendimento foi assinado com vistas a um acordo para encerrar todas as ações iniciadas por investidores detentores de ações da empresa, diz Eletrobras em comunicado.

O acordo prevê o pagamento de US$ 14,75 milhões para os membros da classe da ação coletiva e está sujeito à aprovação do Tribunal Distrital dos Estados Unidos para o Distrito Sul de Nova York (SDNY).

A Eletrobras nega as acusações feitas no processo e diz que o acordo não representa reconhecimento de ato ilegal ou culpa. 

 

BRF (BRFS3)

Funcionários da BRF que trabalham diretamente com o frango destinado a exportação poderão ter o salário diminuído para preservar seus empregos. A proposta será apresentada pelo Ministério do Trabalho aos sindicatos e à empresa, que sofre com um embargo europeu às exportações. Diante da queda da demanda externa pelo frango brasileiro, sindicatos calculam que 7 mil empregados já estão em férias coletivas e que, se o embargo não cair, até 15 mil postos de trabalho poderiam estar em risco.

A proposta do secretário de Relações do Trabalho, Luis Carlos Barbosa, é retomar o Programa Seguro-Emprego (PSE) para evitar demissão em massa. Nessa iniciativa, o trabalhador tem a garantia da manutenção do emprego, mas com salário e carga horária 30% menores. Como contrapartida, o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) paga compensação equivalente a 15% do salário. Assim, o gasto salarial da empresa cai 30%, mas a renda do empregado reduz 15%.

Para usar esse instrumento, porém, seria preciso alterar a lei, já que o atual prazo de adesão ao programa terminou em 31 de dezembro de 2017. Esse mecanismo foi criado em 2015 para evitar o aumento do desemprego e, à época, teve grande adesão de montadoras e fornecedores do setor automotivo. “Temos de ver quais mecanismos legais podemos usar. Como estamos em uma crise do setor, podemos usar esse instrumento legal e negociar com a empresa. Em vez de demitir, a gente reduz o salário”, defendeu o secretário.

CCX (CCXC3)

Na CCX Carvão, o Conselho de Administração elegeu Fernando Martins como presidente do Conselho e Miguel Burlamarqui como presidente e diretor de relações com investidores. 

(Com Agência Estado e Bloomberg)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.