Vale e siderúrgicas despencam digerindo anúncio de Trump; Ecorodovias vira para queda

Confira os destaques da B3 na sessão desta sexta-feira (2)

Lara Rizério

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Vale (VALE3) e siderúrgicas

As ações de Vale e siderúrgicas (com exceção da Gerdau) seguem em queda com o mercado digerindo o anúncio do presidente dos EUA Donald Trump de impor uma tarifa de 25% ao aço estrangeiro. Usiminas (USIM5) e CSN (CSNA3) têm um novo dia de queda forte, enquanto a Gerdau (GGBR4) registra queda menos expressiva na comparação com os seus pares do setor, mas acentuou as perdas durante o pregão. A ação da CSN chegou a ter perdas de cerca de 10%, enquanto a Usiminas chegou a cair quase 8% e a Gerdau caiu quase 6%. 

De qualquer forma, a Gerdau é apontada como uma beneficiária com a medida, já que possui operações nos EUA, levando inclusive o BTG Pactual a elevar o preço-alvo das ações de R$ 18 para R$ 21. 

Petrobras (PETR4

As ações da Petrobras caem em um ambiente de aversão ao risco após o anúncio de Donald Trump de aumentar as tarifas para o aço e alumínio. O petróleo registra baixa de cerca de 0,6% nesta sessão. 

No radar da companhia, a Petrobras continua com a intenção de se desfazer de uma controlada e quer dar um novo caminho para a Liquigás. Após o CADE rejeitar a incorporação da empresa pela Ultrapar (UGPA3), a petroleira brasileira estuda vender fatia da Liquigás através de um IPO, conforme notícias da Folha de S. Paulo. Essa emissão de ações na bolsa poderia movimentar até mais do que os R$ 2,8 bilhões propostos pela Ultrapar pela aquisição total da Liquigás.  

Acredita-se que a melhor forma é uma oferta gradual de ações, até atingir a totalidade do capital, para evitar que investidores mais agressivos controlem a empresa ao adquirir mais de 50% das ações. De acordo om o jornal, as emissões seriam feitas através de uma oferta secundárias de ações, para que o capital levantado seja direcionado à própria empresa, ao invés de ir para o controlador. 

O Conselho discutiu também a possibilidade de realizar o IPO e transformar a Liquigás em uma “corporation”, como destaca a Folha. Desse modo, a Petrobras reduziria muito sua participação ou se retiraria por completo, tornando as ações pulverizadas no mercado e sem controle definido. Neste tipo de estrutura, os acionistas costumam ter seus votos limitados a 10% do total, mesmo que tenham quantidade de ações superiores a este montante.

Vale destacar a fala do possível presidenciável Henrique Meirelles sobre a hipótese de  privatização da Petrobras. Ele evitou se posicionar sobre o assunto em evento na capital paulista. O presidenciável lembrou que o governo já colocou em andamento a desestatização da Eletrobras – que “é um projeto grande, complicado, vai levar tempo -, e que “não dá para fazer muita coisa ao mesmo tempo”. Por outro lado, o ministro traçou um roteiro para a eventual privatização que envolveria, antes desse passo final, a venda de maior participação acionária da estatal ao público e gestão profissionalizada de sua organização.

“Tem que ser uma coisa menos política, no sentido de declaração bombástica. Tem que começar com maior participação do público, vendendo mais ações, contando com administração profissional. Para isso, também precisaria expandir o mercado de capitais para que de fato haja condições de abrir cada vez maior participação do publico nas ações das grandes empresas”, disse Meirelles. A privatização da maior estatal brasileira voltou a ser tema de campanha nos últimos dias, após o também presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB) afirmar que seria a favor da medida.

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Ecorodovias (ECOR3)

A ação da Ecorodovias, chegou a subir 4% sobe em meio às notícias de interesse de um grupo italiano na companhia e em um movimento de recuperação após a derrocada de ontem, mas virou para perdas seguindo o movimento de aversão ao risco do mercado. 

Segundo fontes ouvidas pelo Valor, o grupo italiano Gavio, um dos maiores de infraestrutura da Europa, negocia comprar ao menos parte da fatia da sócia CR Almeida e assim assumir sozinho o controle da Ecorodovias.  Uma das principais concessionárias de rodovias brasileiras, a Ecorodovias fechou 2017 com receita líquida de R$ 3,2 bilhões.

A negociação já leva alguns meses e, de acordo com interlocutores, avança em ritmo lento. “Os dois lados têm interesse em fechar um acordo, mas ninguém está com pressa”, disse uma pessoa. Vale destacar que, na véspera, as ações da Ecorodovias caíram mais de 8% após notícia do Estadão de que subsidiárias da companhia foram citada na Lava Jato. 

Em teleconferência com investidores sobre os resultados do quarto trimestre, divulgados na noite da véspera, o diretor-presidente da companhia, Marcelino de Seras, anunciou que auditorias instaladas internamente concluíram que não houve envolvimento de suas subsidiárias Ecovia e Ecocataratas em irregularidades que estão sob investigação. 

 

Fibria (FIBR3) e Suzano (SUZB3)

Em um dia de maior aversão ao risco do mercado, ações mais defensivas e que ganham com a alta do dólar, como Fibria e Suzano, ganham espaço. Vale destacar ainda que o noticiário dos últimos dias para o setor é positivo. 

Na quarta, a espanhola produtora de papel e celulose Ence aumentou os preços para a celulose BEK, de eucalipto. Segundo o BTG Pactual, este é mais um sinal da indústria de que uma correção nos preços é improvável. “É encorajador ver a confiança nos preços na Europa aumentar – uma região com margens mais pressionadas. Continuamos acreditando que as condições permanecem aptas para continuarem revisando o setor para isso. Nós permanecemos com recomendação de compra em Fibria e Suzano”, afirmam os analistas. 

Eletrobras (ELET6) e Eletropaulo (ELPL4)

A Eletrobras e a Eletropaulo estão cada vez mais perto de um acordo para encerrar discussão bilionária sobre um empréstimo, conforme notícia do Estado de S. Paulo. 

Os últimos entraves são sobre a forma de pagamento: a distribuidora sinaliza desejo de uma entrada de R$ 300 milhões, enquanto que a Eletrobras quer R$ 700 milhões.  O valor restante será pago em parcelas anuais, num prazo menor que os 10 anos inicialmente ventilados.

Ainda sobre a Eletrobras, a primeira reunião da comissão especial na Câmara dos Deputados que analisa o projeto de lei de privatização da companhia será no dia 6 de março. A comissão terá 35 membros titulares e 35 suplentes, mas os trabalhos podem começar após a comissão especial atingir o quórum mínimo de 18 membros titulares indicados. Por ora, a comissão conta com 21 membros.

B3 (BVMF3)

Perto de completar um ano do início da fusão, a B3 reportou um lucro líquido recorrente de R$ 635,8 milhões no quarto trimestre do ano passado, queda de 5,6% em relação ao mesmo período do ano anterior. Ante o terceiro trimestre do ano o lucro subiu 42,8%. No acumulado do ano o lucro da bolsa brasileira atingiu R$ 2,084 bilhões, considerando o valor recorrente, retração de 12,6% ante o observado um ano antes. Para permitir a comparação a companhia ajustou seus números para uma base combinada.

“Além da fusão, com foco e dedicação dos nossos times e apoio dos participantes de mercado e reguladores, concluímos projetos importantes para a B3, como a segunda fase da nova clearing integrada que unificou os mercados de ações e derivativos sob a mesma infraestrutura tecnológica e sistema de risco e o aprimoramento das regras do Novo Mercado. Já em 2018, tenho a satisfação de dizer que estamos avançando no projeto de integração pós-fusão conforme o planejado”, destaca o presidente da B3, Gilson Finkelsztain, no documento que acompanha o demonstrativo financeiro da companhia.

O lucro líquido atribuível aos acionistas da B3 no quarto trimestre do ano somou R$ 516,1 milhões, queda de 52,1% ante o de um ano antes, visto que aqui não se considera os resultados da Cetip incorporados. Em relação ao terceiro trimestre o lucro cresceu 53,5%. No ano o lucro atribuível aos acionistas chegou em R$ 1,224 bilhão, queda de 39,3%.

Para considerar o lucro “recorrente”, a bolsa, por exemplo, tira do cálculo o valor da amortização de intangível com a combinação com a Cetip.

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado somou R$ 672,9 milhões no intervalo entre outubro e dezembro, aumento de 12,2% em relação ao visto um ano antes. Na comparação com o trimestre imediatamente anterior o Ebitda cresceu 0,8%. No ano o Ebitda ajustado foi de R$ 2,658 bilhões, aumento de 10,3% ante 2016. A margem Ebitda ajustada foi de 66,6% no quarto trimestre de 2017, ante uma margem de 63,7% no quarto trimestre de 2016. No terceiro trimestre a margem Ebitda foi de 66,6%.

A receita líquida, por sua vez, chegou em R$ 1,034 bilhão nos últimos três meses do ano passado, aumento de 7,9% frente ao mesmo período de 2016. Ante o trimestre imediatamente anterior foi registrado um recuo de 2,6%. No ano a receita líquida foi de 4,006 bilhões, aumento de 11,1%.

De acordo com o Bradesco BBI, o resultado veio em linha, mas com diversos não-recorrentes. Os destaques são o fato de que o negócio principal apresenta o crescimento robusto e despesas operacionais em linha com o guidance. Os não-recorrentes são reversão de provisão de R$ 49 milhões além de despesas não recorrentes relacionadas à fusão com Cetip de R$ 44 milhões, sendo que ainda há R$ 70 milhões em despesas não recorrentes a serem contabilizadas em 2018.

“Continuamos com nossa visão positiva para o papel com a um mercado de capitais aquecido devido a taxas de juros consistentemente mais baixas”, afirmam os analistas do banco.

 

Fleury (FLRY3)

O Fleury registrou queda de 13,7% no lucro líquido no quarto trimestre de 2017 na base de comparação anual. No ano anterior, o resultado teve o impacto positivo concentrado de um benefício tributário devido à distribuição de juros sobre capital próprio. Em 2017, o mesmo benefício tributário foi distribuído ao longo do ano a partir do segundo trimestre. Sem esse efeito, o Fleury teria registrado aumento de 53,3%.

O Ebitda subiu 29,7% na mesma base de comparação, a R$ 130,7 milhões, enquanto a  margem Ebitda subiu 3,2 pontos percentuais, para 22,4%.

A empresa informou ainda que a sua subsidiária, a Fleury Centro de Procedimentos Médicos Avançados (CPMA), celebrou um Contrato de Compra e Venda de Quotas, para adquirir 100% das cotas de emissão do Instituto de Radiologia de Natal (IRN), empresa tradicional do segmento de medicina diagnóstica em exames de imagem na cidade de Natal, no Estado do Rio Grande do Norte. A empresa informou que o IRN foi avaliado em R$ 90,5 milhões, o que corresponde a 5,9 vezes o Ebitda dos últimos 12 meses findos em outubro de 2017, que atingiu R$ 15,3 milhões.

“A aquisição permitirá a entrada em um novo mercado para o Grupo Fleury reforçando a oferta na região Nordeste do País”, destaca. Segundo a empresa, a aquisição não está sujeita a deliberação em assembleia, nem ensejará direito de recesso.

A análise do Itaú BBA e do Bradesco BBI apontaram para resultado em linha. Segundo o Bradesco BBI, os pontos principais foram a desaceleração de vendas nas mesmas lojas da marca Fleury, mas a companhia mencionou que os clusters regionais onde os novas aberturas estão localizadas estão performando bem. 

Cia Hering (HGTX3)

A Cia. Hering viu seu lucro líquido ir a R$ 86 milhões no quarto trimestre, uma alta de 69% na base de comparação anual, o que é reflexo, segundo a companhia, do crescimento tanto do resultado operacional quanto financeiro. No trimestre, a receita total cresceu 4,7%, passando de R$ 432,1 milhões para R$ 452,4 milhões.

 
Já o Ebitda somou R$ 81 milhões, alta de 33,7%, enquanto a receita bruta somou R$ 523 milhões, alta de 3,6%. 
 
De acordo com o Itaú BBA, o resultado foi em linha com o esperado, apontando para uma expansão de margem mais sólida, apesar do crescimento mais fraco do que o esperado. “Isso dito, nós acreditamos que os investidores focarão na capacidade da companhia de entregar crescimento nos próximos trimestres”, apontam os analistas. 
 

Cosan (CSAN3)
A Cosan elevou o plano de recompra para 15,4 milhões ações, ante plano anterior de 13,6 milhões. O plano está em vigor até 12 de dezembro de 2018, segundo comunicado ao mercado. A nova quantidade representa aproximadamente 3,77% do total de ações.

(Com Agência Estado e Bloomberg)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.