Dona da Riachuelo lucra 30% mais e outros 3 balanços; BRF já tem uma baixa e BTG eleva preço-alvo de Fibria e Suzano

Confira os destaques do noticiário corporativo desta terça-feira (27)

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O noticiário corporativo é bastante movimentado, com destaque para a temporada de balanços, com a Guararapes divulgando lucro 30% maior, enquanto três elétricas divulgaram resultados. Enquanto isso, as baixas já começaram na BRF, com a companhia anunciando a renúncia do vice-presidente de operações globais. Confira os destaques:

Guararapes (GUAR3)

A Guararapes, dona da Riachuelo, teve no quarto trimestre de 2017 um lucro líquido de R$ 327 milhões,  29,6% acima do registrado no mesmo intervalo do ano anterior. A receita líquida da companhia subiu 9,3% no mesmo período, para R$ 2 bilhões, enquanto a de mercadorias somou R$ 1,574 bilhão, 11,4% superior. As vendas em ‘mesmas lojas’ (unidades abertas há mais de um ano) cresceram 7,7%. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) cresceu 41%, para R$ 541,3 milhões.

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AES Tietê (TIET11)

A AES Tietê encerrou o quarto trimestre de 2017 com lucro líquido de R$ 43,4 milhões, 47,8% menor frente o mesmo período do ano anterior. Já a receita operacional líquida da companhia subiu 28,2% no trimestre, no comparativo anual, totalizando R$ 466,1 milhões, enquanto os custos e despesas operacionais subiram 40,3% na mesma base, somando R$ 333,1 milhões. 

Transmissão Paulista (TRPL4)

A Transmissão Paulista teve lucro líquido atribuível aos acionistas de R$ 1,36 bilhão em 2017, 72,3% menor frente o ano anterior, com o número sendo afetado pela contabilização das indenizações por ativos antigos não amortizados, lançados em 2016, que e começaram a entrar em caixa da companhia em 2017. Excluído esse efeito, o lucro seria de R$ 489,6 milhões,  25,4% menor ante o obtido em 2016. Já a receita líquida somou R$ 2,7 bilhões no ano passado, queda de 65%, também afetada pela contabilização das indenizações. Excluindo o efeito, a receita teria sido de R$ 1,343 bilhão, 4,75% superior na comparação anual. O Ebitda foi de R$ 2,059 bilhões em 2017, queda de 72,2%. Sem as indenizações, o Ebitda teria somado R$ 759,2 milhões, queda de 15,75%.

Taesa (TAE11)

A Taesa teve lucro líquido de R$ 648,2 milhões em 2017, 24,8% menor frente o apurado no ano anterior. A receita líquida da companhia caiu 22,6% no intervalo, para R$ 1,077 bilhão. Já o Ebitda passou de R$ 1,492 bilhão para R$ 1,536 bilhão na mesma comparação. 

Já no quarto trimestre do ano passado, houve um aumento de 51,2% do lucro líquido, em relação aos últimos três meses de 2016, totalizando R$ 277,6 milhões.

Fibria (FIBR3) e Suzano (SUZB3)
Os analistas do BTG Pactual fizeram uma revisão de curva de preço de celulose e por conta disso, o preço-alvo de Fibria subiu para R$71 de R$ 60 e Suzano para R$ 27 de R$ 25, mantendo compra em ambas. Os analistas estão neutros com Klabin (KLBN11), elevando o preço-alvo de R$ 21 para R$ 22.  Os analistas também destacaram uma retrospectiva com a evolução do Ebitda da Fibria impressionante ao ver que ela saiu de R$ 5,5 bilhões em agosto de 2017 para R$ 7,7 bilhões em fevereiro de 2018.

“Antes mesmo do fluxo positivo de notícias sobre fusão e aquisição no setor, o ciclo está ajudando muto”, avaliam, reiterando call positivo de preço com a oferta apertada. Já sobre fusão e aquisição, os analistas acreditam que o tema vai ficar por alguns meses sobre a mesa, uma vez que trata-se de um tema complexo com alguns cenários possíveis. “A Fibria está claramente no holofote e segue como top-pick”, apontam os analistas. 

Embraer (EMBR3)

A intervenção militar na segurança do Rio de Janeiro e a criação do Ministério da Segurança Pública tendem a atrasar as negociações para criação de uma nova empresa entre Boeing e Embraer, segundo o Estadão. A preocupação surge após o Ministério da Defesa ser convocado a liderar a ação militar no Rio e Raul Jungmann ser indicado ao novo ministério. Jungmann é o principal interlocutor das duas companhias com o governo e toda a negociação é feita na esfera do Ministério da Defesa. 

Alguns dias antes do carnaval, o Ministério da Defesa recebeu a proposta para organização societária da nova empresa a ser criada entre Boeing e Embraer. Representantes do governo analisam o documento e darão um parecer às empresas. Antes de qualquer reação, porém, as companhias foram pegas de surpresa com o anúncio de que, dias depois, o mesmo Ministério da Defesa fora convocado às pressas para coordenar a intervenção militar no Rio.

Executivos envolvidos na negociação avaliam que a intervenção fez com que a atenção da Defesa e do próprio governo fosse direcionada para o Rio. Ainda que não tenha havido nenhuma declaração oficial do governo brasileiro, a percepção da Boeing e da Embraer é que o negócio saiu do centro do radar do Palácio do Planalto porque os nomes do governo que tratam do assunto e os líderes da intervenção no Rio são coincidentes. O entendimento foi reforçado ontem com a notícia de que o ministro Raul Jungmann, principal interlocutor da Boeing e Embraer no governo, pode mudar de cargo com a indicação ao novo Ministério da Segurança Pública.

Uma fonte que acompanha a negociação de perto diz que atualmente “a bola está com o governo” porque as conversas só podem avançar com o aval de Brasília. Dessa forma, o entendimento é que o ritmo das negociações será imposto pelo Palácio do Planalto. As empresas têm interesse em negociação rápida, especialmente a Boeing, que já sinalizou o desejo de concluir as tratativas antes que o assunto vire tema da disputa eleitoral para presidência. Ao governo brasileiro, foram apresentadas algumas propostas de organização societária. O desenho indica posição majoritária dos americanos – algumas sugestões indicam pelo menos 80% do capital da nova empresa de posse da Boeing.

Apesar da fatia minoritária dos brasileiros, o poder de veto do governo – exercido por meio da chamada “golden share” – seria preservado nas atividades da Embraer. Isso acontece porque a proposta faz diferenciação explícita entre o conceito de “propriedade” e “controle” da nova companhia, o que preservaria o interesse do Brasil em temas como a unidade de defesa da Embraer. Ou seja, a Boeing seria dona, mas o Brasil poderia mandar em alguns temas.

A grande diferença entre a fatia da norte-americana e da brasileira é explicada pelo tamanho das duas empresas. Enquanto a Boeing tem valor de mercado superior a US$ 210 bilhões, o valor de mercado da Embraer gira em torno de US$ 5 bilhões. Ou seja, o valor da brasileira não chega a 5% da americana.

Diante dos números, a fonte rechaçou valores citados na imprensa durante o fim de semana que indicariam nova empresa com participação acionária de 51% para os americanos e 49% para os brasileiros. “Está muito longe do que estamos negociando”, disse. Procurado oficialmente, o Ministério da Defesa negou que a intervenção no Rio e a criação de um novo ministério possam atrasar a criação da terceira empresa que pode sacramentar a parceria Boeing e Embraer.

A Embraer preferiu não comentar. A Boeing não respondeu até o fechamento da edição da matéria do Estadão.

Petrobras (PETR4)

A Petrobras concluiu na segunda a liquidação financeira do resgate antecipado de títulos emitidos no exterior com vencimento em 2019, operação que foi anunciada na semana passada. O valor total do resgate foi de US$ 2,14 bilhões, excluindo juros capitalizados e não pagos.

Foram resgatados os notes em dólar com taxas de 3% e de 7,875% ao ano, e títulos em euros com taxa de 3,25% ao ano. A taxa de câmbio considerada para o resgate desta última categoria foi de US$ 1,2337 por euro. A operação foi financiada com recursos captados na emissão concluída em 1º de fevereiro.

BRF (BRFS3)

A BRF, atualmente em crise após os fundos de pensão Previ e Petros terem pedido a convocação de uma reunião extraordinária para avaliar a troca de membros do conselho de administração, anunciou  que seu vice-presidente de operações globais, Hélio Rubens Mendes dos Santos Junior, renunciou ao cargo.

Em comunicado, a companhia não explicitou os motivos para a saída do executivo, a quem agradeceu “pelos longos anos de trabalhos realizados”.

“Importante destacar que Hélio era um dos membros mais antigos da gestão da companhia e isso pode representar uma perda importante para a companhia num momento delicado”, afirmam os analistas do BTG, que seguem com recomendação neutra para os ativos. 

Localiza (RENT3)

A Localiza concluiu a oferta de CRI da RB Capital no valor R$ 370 milhões. Os  Certificados de Recebíveis Imobiliários têm série única, vencimento em 21 de novembro de 2037, com opção de resgate pelos titulares dos certificados em 21 de novembro 2024 e remuneração de 99,0% do CDI, diz comunicado da empresa.

Banco Indusval (IDVL4)

O Banco Indusval executou a venda de ações da Guide à Fosun. O total de ações ordinárias e preferenciais vendidas representarão, na data de encerramento da operação, 70% do capital total da Guide, pelo valor de até R$ 290 milhões, segundo fato relevante ao mercado. 

O Banco Indusval manterá participação minoritária de 20% do capital social da Guide. O preço total será recebido em três parcelas diferentes, sendo a primeira no valor de R$ 12 milhões em até 20 dias; a segunda de R$ 158 milhões na data de fechamento da operação; a terceira de R$ 120 milhões sujeita aos resultados financeiros da Guide nos exercícios fiscais de 2018 e 2019. O valor da empresa atribuído a 100% do capital social da Guide é de R$ 414 milhões. A transação está sujeita a aprovações de entidades reguladoras. 

CSN (CSNA3)

A CSN entrou com recurso junto ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) contra a aprovação da compra da Votorantim pela ArcelorMittal, autorizada pelo órgão no dia 07 de fevereiro por quatro votos a dois.

No recurso, a CSN pede que o julgamento seja anulado e uma nova análise da operação seja feita. O embargo deverá ser julgado na sessão do Cade marcada para amanhã. Segundo fontes ouvidas pelo Estadão/Broadcast, a CSN aguarda o julgamento do embargo para decidir os próximos passos, que poderão incluir um recurso à Justiça.

A companhia alega que a conselheira relatora, Polyanna Vilanova, baseou seu voto em um relatório do Departamento de Estudos Econômicos (DEE) do Cade que só foi anexado aos autos no dia 9 de fevereiro, dois dias após o julgamento, ainda assim de forma sigilosa.

A CSN questiona se todos os conselheiros tiveram acesso ao estudo antes da sessão de julgamento.

Um dos conselheiros que votaram pela reprovação do negócio, João Paulo Rezende, apresentou um voto escrito após o julgamento em que questiona o relatório do DEE dizendo que o documento apresenta premissas “falhas”e que levam a conclusões erradas.

A CSN argumenta no recurso que, se o relatório tivesse sido apresentado antes, essa análise de Rezende teria sido feita em plenário e poderia ter convencido outros conselheiros a votarem contra a operação, o que poderia ter levado, em tese, à reprovação do negócio. Procurados, Arcelor, Votorantim, CSN e Cade não se pronunciaram. 

Prumo (PRML3)

Segundo a Coluna do Broad, do Estadão, mesmo com a OPA (oferta pública de aquisição de ações) aprovada pela CVM e com o leilão já marcado para o dia 9 de março, os minoritários da Prumo voltaram a apontar problemas no laudo de avaliação da empresa. O documento chegou a ser questionado pela própria B3. Depois de idas e vindas, o preço da ação no âmbito da OPA foi definido em R$ 11,50, conforme laudo elaborado pelo Brasil Plural. A instituição financeira refez o laudo, após a Bolsa, por meio de ofícios, exigir atualização do documento.

Depois disso, no entanto, os minoritários dizem que o Brasil Plural fez uma “conta de chegada”, quando se começa um cálculo sabendo do resultado final, conseguindo manter o valor da ação a ser pago pelo controlador. Embora tenha revisado os números com as mudanças salientadas pela B3, os minoritários apontam que o banco alterou premissas, colocando um cenário mais negativo e não considerou a queda na taxa de juro no Brasil, o que reduz o custo de capital, por exemplo.

(Com Agência Estado e Bloomberg)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.