MSCI Brazil em novo pico histórico? Há motivos para altas ainda maiores, aponta Bradesco BBI

Em relatório de estratégia, o Bradesco BBI destacou acreditar em um potencial de valorização adicional para as ações brasileiras e apontou duas listas de ativos

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Com o múltiplo de preços sobre o lucro do MSCI Brazil (índice de ações brasileiras do Morgan Stanley bastante seguido por fundos passivos pelo mundo) atingindo um novo topo histórico de 14,2 vezes, muitos investidores podem se perguntar: afinal, a alta dos mercados já foi longe demais ou ainda há espaço para mais altas? 

Em relatório de estratégia, o Bradesco BBI destacou acreditar em um potencial de valorização adicional para as ações, que está relacionado ao forte crescimento de lucros e investidores dispostos a tomar mais riscos, aceitando um menor prêmio. Apesar da reclassificação do múltiplo, apontam os estrategistas André Carvalho e Marina Valle, o prêmio de risco do ativo (que reflete o quanto os investidores em ações devem receber frente às alternativas de renda fixa) segue atrativo. 

Os estrategistas explicam que, quando as taxas caem, é natural ver o retorno esperado das ações também caindo, ou seja, ver os múltiplos se expandirem. Segundo os estrategistas do Bradesco BBI, nessa situação, a comparação de múltiplos com suas médias históricas pode ser enganosa, e isso é exatamente o que está acontecendo atualmente no Brasil.

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“A taxa de juros básica mais baixa está dirigindo os múltiplos para picos históricos. No entanto, a boa notícia é que o prêmio de risco permanece próximo da média histórica. Em outras palavras, os preços das ações foram reclassificados sem que os investidores precisem correr mais riscos do que costumam fazer quando compram ações brasileiras”, apontam os estrategistas. Para os estrategistas, a queda significativa de juros, com a Selic em sua mínima histórica e atualmente a 6,75% ao ano, ainda não está totalmente refletida no mercado de ações.

Eles ainda apontam: “os principais catalisadores para uma queda maior no prêmio de risco seriam maior visibilidade relacionada a um crescimento de lucros de vários anos e ajuste fiscal pós-eleições”.

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Carvalho e Valle avaliam que o Ibovespa está precificando um crescimento no lucro de cerca de 50% para os próximos trimestres, mas espera que empresas listadas devam apresentar crescimento entre 90% e 120% para os próximos 4 anos uma vez que a receita deve acelerar, principalmente com base em custos sob controle e alta alavancagem operacional. Ou seja, mais potencial de alta para a bolsa. 

Outra questão que chama a atenção dos estrategistas é sobre a inclinação da curva de juros no mercado futuro: em contraste com a baixa inflação corrente, bem ancorada nas expectativas e capacidade ociosa na economia, a diferença entre a curva longa versus a curva curta de juros aumentou significativamente para 275 pontos-base em comparação com a média história de 85 pontos-base. Isso, segundo apontam os estrategistas, significaria um alta probabilidade de que a Selic deveria subir de 6,75% para cerca 11% no curto prazo.

“Normalmente, a curva de juros fica mais empinada no final de ciclos de afrouxamento, mas a curva neste momento está bem mais empinada que nos quatro ciclos anteriores”, apontam os estrategistas.

Os estrategistas estão otimistas com o mercado de ações, mas reforçam que a incerteza política em meio às eleições deve influenciar o comportamento dos ativos, ainda mais levando em conta os últimos cinco ciclos eleitorais, que experimentaram alta da volatilidade seis meses antes do pleito. Neste sentido, os estrategistas apresentaram duas listas de ações que devem pagar dividend yield (dividendo em relação ao preço da ação) superior a 6% em 2018, com i) beta menor e i) com alto crescimento de lucro por ação. As duas listas de ações seguem abaixo:

Lista I: “portos seguros”, ações com baixo beta e que pagaram dividendos acima da média entre 2013 e 2017, devendo fazer o mesmo no biênio 2018-2019. 

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Lista II: histórias de crescimento, que devem pagar altos dividends yields com perspectiva de crescimento no lucro por ação em 2018-2019. 

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Assim, a perspectiva para o mercado de ações é positivo, mas os estrategistas seguem de olho em papéis com bom histórico de dividendos, atentos às possíveis turbulências do cenário eleitoral. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.