Ibovespa tem maior sequência de ganhos desde maio e encerra o ano com alta de 27%

Já o dólar fechou o ano com alta de 1,9%, após cair 17,7% em 2016

Paula Barra

Publicidade

SÃO PAULO – O último pregão do ano foi marcado pela continuidade do otimismo dos investidores com Brasil. O Ibovespa subiu 0,43% nesta quinta-feira (28), a 76.402 pontos, no maior patamar de fechamento desde o dia 25 de outubro (76.671 pontos) e marcando sua sexta sessão seguida de alta, acumulando no período ganhos de 5,08%. Essa foi também sua maior sequência de ganhos desde maio, quando também avançou por seis pregões consecutivos. Com o movimento dos últimos dias, o índice encerrou a 1.622 pontos da sua máxima histórica nos 78.024 pontos, atingida no dia 5 de outubro. 

Os investidores acompanharam hoje o bom humor das bolsas americanas e o melhor resultado das contas do setor público em novembro, o que gerou um alívio para o quadro fiscal.

Em 2017, o benchmark da bolsa brasileira fechou com ganhos de 26,86%, no segundo ano seguido de alta, algo que não ocorria desde 2009-2010. No biênio (2016-2017), a alta foi de 74,7% (veja aqui uma retrospectiva do ano e o que esperar da Bolsa em 2018).

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Entre as maiores altas do índice, 5 ações subiram mais de 100% no ano: Usiminas (+122%), Estácio (+111%), Rumo (+111%), Localiza (+107%) e Bradespar (+105%). Do outro lado, apenas 9 das 59 ações que compõem a carteira teórica do índice encerraram em terreno negativo. As 3 piores ações foram: BRF (-24%), CSN (-23%) e CPFL Energia (-23%). 

Dólar apaga queda
Por sua vez, o dólar comercial chegou a recuar 0,6% na mínima desta quinta-feira, indo a R$ 32965, com ambiente mais favorável a divisas emergentes e na ausência de novidades relevantes no cenário doméstico, mas reduziu perdas na reta final da sessão e fechou próximo da estabilidade (+0,07%, a R$ 3,3144 na venda). No ano, a moeda ficou praticamente lateralizada, com alta de 1,9%, após cair 17,7% em 2016.  

Para Flavio Serrano, economista-sênior do Banco Haitong, o mercado experimenta sentimento positivo na reta final do ano diante da expectativa com julgamento do ex-presidente Lula em segunda instância em 24 de janeiro, enquanto a reforma da Previdência só deve voltar ao foco dos investidores depois do recesso parlamentar. 

Continua depois da publicidade

Destaques de ações

Os destaques positivos do dia ficaram com as ações da Vale e bancos, que ajudaram a sustentar a alta do Ibovespa. O Itaú Unibanco chegou a subir 0,78%, mas fechou em alta de 0,26%, após a superintendência do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) recomendar a aprovação do acordo entre o banco e a XP Investimentos, com restrições.

Chamou atenção também os papéis da Eletrobras, que reverteram e perdas e foram às máximas do dia, lideraram os ganhos do índice, com a Medida Provisória do setor elétrico iniciando privatização da empresa. Menção também para os papéis da Smiles, que atingiram alta de 5,52% na máxima do dia, após anunciar reajustes nos preços de transferência das passagens-padrão e das milhas vendidas para a Gol. Segundo fato relevante, os valores serão reduzidos em 0,6% e 1,5%, respectivamente.

Na outra ponta, a Localiza figurou entre as maiores quedas do índice após o anúncio da fusão entre Locamerica e Unidas. Os papéis da Locamerica, por sua vez, negociados fora do Ibovespa, dispararam 11% nesta sessão (veja aqui).  

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa foram:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 ELET3 ELETROBRAS ON 19,34 +5,22 -8,42 54,34M
 QUAL3 QUALICORP ON ED 31,00 +4,91 +69,27 65,61M
 ELET6 ELETROBRAS PNB 22,70 +4,61 -6,87 25,06M
 ENBR3 ENERGIAS BR ON EJ 14,00 +3,78 +5,42 17,81M
 MRFG3 MARFRIG ON 7,32 +2,95 +10,74 9,08M

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa foram:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 ESTC3 ESTACIO PARTON 32,82 -3,13 +111,33 65,90M
 WEGE3 WEG ON EJ 24,11 -2,35 +58,45 52,67M
 HYPE3 HYPERMARCAS ON 36,00 -1,91 +40,92 60,09M
 BRKM5 BRASKEM PNA 42,87 -1,90 +28,74 72,69M
 EMBR3 EMBRAER ON EJ 20,00 -1,48 +27,26 109,92M
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)


Setor público
As contas do setor público consolidado, que englobam o governo federal, os estados, municípios e as empresas estatais, registraram déficit primário de R$ 909 milhões em novembro, enquanto o mercado esperava R$ 6 bilhões na passagem. Apesar do déficit, esse foi o melhor resultado para o período desde 2013, quando houve um superávit de R$ 29,7 bilhões. Considerando o acumulado do ano, as contas registram déficit de R$ 78,3 bilhões.

Com o resultado melhor do que o esperado, os juros futuros com vencimento em janeiro de 2019 e 2021 recuam 2 pontos-base, cotados a 6,88% e 9,08%, respectivamente. 

Rating

A última sessão do ano pode ser marcada pela decisão sobre o rating brasileiro pela S&P (Standard & Poor’s), que, segundo fonte consultada pela Bloomberg, afirmou que a agência de classificação de risco não tomará uma decisão em 2018 por se tratar de um ano eleitoral – o que aumentou a expectativa de que ocorra um anúncio ainda nesta semana. Um dos que acreditam no corte do rating ainda neste ano é o Santander, que aponta que o rebaixamento deve ser baseado na falta de progresso na reforma da Previdência e metas de déficit fiscal ainda altas. 

Falando em Previdência, um dia após o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, admitir que o Palácio do Planalto está pressionando governadores e prefeitos a trabalhar pela reforma da Previdência em troca da liberação de recursos e financiamento de bancos públicos, o presidente Michel Temer se reuniu na tarde de ontem com seu auxiliar da articulação política e o relator da reforma da Previdência, deputado Arthur Maia (PPS-BA). O objetivo da reunião foi discutir as estratégias para arregimentar, durante o recesso parlamentar, os 308 votos necessários para aprovar o texto na Câmara em fevereiro.

Decisão do STF e saída de ministro

Em destaque no noticiário político, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, solicitou ao Supremo Tribunal Federal que suspenda imediatamente parte do decreto de indulto natalino, assinado pelo presidente Michel Temer na última sexta-feira (22), que deixou mais brandas as regras para o perdão da pena de condenados por crimes cometidos sem violência ou ameaça, como corrupção e lavagem de dinheiro. Procurada, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República informou que não vai comentar a ação.

Já o Planalto confirmou que o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, pediu demissão do cargo na tarde de ontem. Na carta de demissão apresentada ao presidente, Nogueira disse que deixa o cargo porque vai se candidatar a reeleição a deputado federal nas eleições do ano que vem pelo PTB do Rio Grande do Sul. O último ato de Nogueira no cargo foi a divulgação dos dados de novembro do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que mostram o fechamento de 12 mil postos de trabalho no mês. Em seu lugar, assumirá o deputado Pedro Fernandes, também do PTB. 

Bolsas mundiais

Nos mercados mundiais, as bolsas europeias fecharam entre leves ganhos e perdas, sustentadas por ações de mineradoras, enquanto os principais índices dos EUA registram leves ganhos. Já as bolsas asiáticas encerraram o pregão em alta, ajudadas pelo desempenho forte do setor de tecnologia, depois de sofrer no começo da semana com as projeções mais pessimistas da Apple para as vendas do mais recente modelo do iPhone.

Já os bitcoins voltam a ter uma queda expressiva após a Coreia do Sul anunciar regras mais duras para os negócios com as criptomoedas, como também não descarta fechar as exchanges que atuam no país para conter a forte especulação com as moedas digitais (veja mais aqui).

Às 18h15, este era o desempenho dos principais índices:

*Dow Jones (EUA) +0,16%

*S&P 500 (EUA) +0,08%

*Nasdaq (EUA) +0,05%

*CAC-40 (França) -0,07% (fechado)

*FTSE (Reino Unido) +0,03% (fechado)

*DAX (Alemanha) -0,69% (fechado)

*Hang Seng (Hong Kong) +0,90% (fechado)

*Xangai (China) +0,65% (fechado)

*Nikkei (Japão)  -0,56% (fechado)

*Petróleo WTI +0,12%, a US$ 59,71 o barril

*Petróleo brent +0,27%, a US$ 66,62 o barril

*Bitcoin -6,93%, a R$ 50.889 (confira a cotação da moeda em tempo real)

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian +0,19%, a 518,5 iuanes (nas últimas 24 horas)