Os 5 assuntos que vão agitar os mercados nesta quarta-feira

Confira os assuntos que agitarão os mercados nesta sessão

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Os dados mais animadores da economia, como as vendas de Natal, e a expectativa pelos primeiros acontecimentos de 2018 ajudaram dissipar o temor pelo rebaixamento do rating brasileiro pela S&P (Standard & Poor’s) no pregão passado, mas este assunto segue no radar dos mercados nesta quarta-feira (27). Com os últimos dias do ano de menor liquidez e com os olhos voltados para o ano que vem, o mercado deve se guiar por essas notícias, mais sinais da Previdência e também pelas commodities. Confira no que se atentar:

1. Bolsas mundiais

A volta do feriado de Natal para muitas bolsas internacionais é tranquilo, com o mercado de olho nos dados da China e nas commodities. As bolsas asiáticas fecharam majoritariamente em alta, mas as chinesas foram exceção e retomaram o tom negativo do começo da semana, devido ao mau desempenho de empresas do setor financeiro e tecnologia. Destaque para o resultado abaixo do esperado do setor industrial, que desacelerou de 25,1% em outubro para 14,9% em novembro na comparação anual.

No mercado de commodities, a maioria dos metais sobe em Londres, enquanto o cobre avança com paralisação de produção na China. Depois da alta na véspera, o petróleo recua neste pregão, mas ainda oscilando perto de US$ 60, com a explosão de um oleoduto importante na Líbia. 

Às 8h05 (horário de Brasília), este era o desempenho dos principais índices:

*Dow Jones Futuro (EUA) -0,02%

*CAC-40 (França) +0,04%

*FTSE (Reino Unido) +0,16%

*DAX (Alemanha) -0,04% 

*FTSE MIB -0,07%

*Hang Seng (Hong Kong) +0,07% (fechado)

*Xangai (China) -0,93% (fechado)

*Nikkei (Japão)  +0,08% (fechado)

*Petróleo WTI -0,12%, a US$ 58,40 o barril

*Petróleo brent -0,21%, a US$ 65,11 o barril

*Bitcoin US$ 16.311 +5,76% (nas últimas 24 horas) 

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian -0,48%, a 515,5 iuanes (nas últimas 24 horas)

2. Agenda de indicadores

Nesta quarta-feira, às 10h, o Ministério do Trabalho e Emprego divulgará o Caged de novembro, com a estimativa de criação de 22 mil postos de trabalho, segundo compilação feita pela Bloomberg. Às 10h30, atenção para a nota de política fiscal do Banco Central, com a divulgação do resultado primário do setor público consolidado. Segundo a expectativa da LCA Consultores, o déficit registrado em novembro deve ficar na casa dos 15,2 bilhões.

Nos EUA, às 13h, atenção para dois indicadores: dados de confiança do consumidor de dezembro e vendas pendentes de moradias de novembro. À noite, às 21h50, será divulgado o dado de produção industrial do Japão. 

3. Decisão de rating

O mercado segue na expectativa pela decisão da S&P, com grande expectativa de rebaixamento da nota de crédito brasileira pela agência de classificação de risco. Um dos que acreditam na corte do rating é o Santander, que aponta que o rebaixamento deve ser baseado na falta de progresso na reforma da Previdência, metas de déficit fiscal ainda altas e fato de que a S&P evita mudanças de rating em anos eleitorais.

De acordo com o economista-chefe do banco, Mauricio Molon, o risco é negativo no curto prazo, mas o rebaixamento não provocaria grandes mudanças no preço dos ativos brasileiros. O CDS de 5 anos já está no topo da faixa dos países classificados como BB: “o Brasil continuará a ser percebido como um junk ’sólido’, sem perspectiva de voltar para o grau de investimento no curto a médio prazo e fundamentos suficientemente fortes para evitar o downgrade ao nível de um único B”, avalia Molon. 

Veja mais em: Se o rebaixamento de rating é iminente (e não ajudará Previdência), por que o mercado não está temeroso?

4. Vale-tudo para a Previdência

Falando em Previdência, vale destacar como o novo ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, está negociando com os políticos pelos votos necessários para aprovar a Previdência em fevereiro. Na tarde de ontem, ele afirmou que o Palácio do Planalto está pressionando os governadores e prefeitos a trabalhar a favor da aprovação da reforma em troca da liberação de recursos do governo federal e financiamentos de bancos públicos, como os empréstimos da Caixa. 

Marun negou que esteja promovendo chantagem, mas apenas pedindo apenas uma ajuda em troca dos votos pela reforma: “financiamentos da Caixa Econômica Federal são ações de governo. Senão, o governador poderia tomar esse financiamento no Bradesco, não sei onde. Obviamente, se são na Caixa Econômica, no Banco do Brasil, no BNDES, são ações de governo, e nesse sentido entendemos que deve, sim, ser discutida com esses governantes alguma reciprocidade no sentido de que seja aprovada a reforma da Previdência, que é uma questão que entendemos hoje de vida ou morte para o Brasil”, justificou.

Horas depois, coube ao vice-líder do governo na Câmara, Beto Mansur (PRB-SP), suavizar o discurso: “nós não vamos fazer condicionamento, isso não tem nenhum cabimento”, declarou Mansur. De acordo com o vice-líder, o governo tinha 267 votos antes do início do recesso e vê espaço para que o governo alcance em 45 dias os 308 votos necessários para aprovar a PEC.

5. Noticiário corporativo

Natura estuda a viabilidade de realizar uma captação de recursos por meio de notas a serem emitidas no exterior, enquanto a Cemig informou que a subsidiária da Andrade Gutierrez, AGC Energia, vendeu a totalidade de sua participação acionária na companhia, o que corresponde a 12,69% do capital social, ao passo que a Eletropaulo informou que sua diretoria ainda discute com a Eletrobras os termos de um eventual acordo sobre empréstimo tomado da estatal em 1987.

A Fleury, por sua vez, aprovou a distribuição de juros sobre o capital próprio no valor total de R$ 0,1315 por ação, enquanto a PagSeguro, do UOL, registrou pedido de IPO de US$ 100 milhões na NYSE. Por fim, a Petrobras está expandindo sua capacidade de exportação de petróleo no principal porto de Angra dos Reis, à medida que a produção doméstica aumenta, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

(Com Agência Estado e Agência Brasil) 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.