Por que o ETF de emergentes bater sua máxima em 6 anos indica que o Ibovespa pode subir ainda mais

Disparada do Ibovespa chama atenção, mas se comparado com outros mercados, índice brasileiro pode ter espaço para seguir avançando

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O recente rali do Ibovespa – e suas sucessivas quebras de máximas históricas – tem chamado atenção do mercado, mas o que especialistas têm apontado é que a bolsa brasileira pode ter espaço para avançar ainda mais. Esta é a opinião da equipe da XP Gestão, que fez esta avaliação do mercado doméstico em sua carta mensal.

Muitos investidores se empolgaram com a forte alta das últimas semanas, aliada com um noticiário positivo envolvendo queda da inflação, juros projetados para 7% ou menos no fim do ano, economia dando os primeiros sinais de recuperação, enquanto na política a expectativa agora é que Michel Temer consiga chegar ao fim de seu mandato e ainda consiga passar suas reformas – mesmo que alteradas. Mas o que muitos se questionam é até onde esta alta pode ir.

A questão levantada pelos gestores da XP é que boa parte destes fatores positivos pode ainda não estar no preço dos ativos. Tudo isso porque, olhando para outros mercados pelo mundo, é visível que houve uma alta generalizada, ou seja, não foi um movimento exclusivo do Brasil. Isso é apresentado na tabela abaixo, com a comparação entre os principais ETFs:

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Nela é possível ver que o Brasil está performando junto com diversos outros ETFs, principalmente outros países emergentes como Índia, Turquia e África do Sul. E praticamente junto com o ETF de mercados emergentes.

Para se ter uma ideia, este índice dos emergentes está na máxima em seis anos – desde agosto de 2011 – , mostrando que não é só o Brasil que está indo muito bem. Até agora, o ETF EEM já subiu 31% no acumulado deste ano, se tornando uma das regiões mais fortes no mercado de ações de 2017. Se o cenário se mantiver, este poderá ser o melhor ano desde 2009.

E é aí que a XP Gestão questiona: “No começo do mês, estávamos com uma das piores performances no ano, subindo menos que a média dos mercados emergentes. Nos últimos dias, fechamos um pouco dessa diferença, porém, dada a boa dinâmica, não deveríamos estar performando melhor que a média?”. Ou seja, o Brasil tem tudo para não só seguir os outros países, mas ir ainda melhor dado seu momento de recuperação da economia.

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Aliado a tudo isso, os gestores ainda comentam um outro ponto importante: o resultado das empresas. Com este cenário melhorando no País, as companhias estão começando a apresentar balanços bem melhores, como já ocorreu no segundo trimestre. E mesmo assim, os analistas ainda não revisaram sua projeções para 2018, o que deve começar a ocorrer se as empresas seguirem neste ambiente de melhora.

Como o mercado anda de olho nas expectativas, isso mostra que uma melhora nas projeções também poderá sustentar novas altas das ações, ancoradas exatamente em algo que não foi precificado ainda.

Por fim, há ainda que se lembrar do desempenho do Ibovespa em dólar. Se por um lado o índice já renovou diversas vezes sua máxima, quando olhamos para sua precificação em dólar, o desempenho está em torno de 80% do que ocorre em reais, ou seja, para o “gringo” a bolsa ainda não subiu tanto.

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Vale lembrar que o investidor estrangeiro não olha diretamente para uma ação específica, mas sim para o mercado brasileiro como um todo. Dado todo este ambiente positivo, se ele continuar se confirmando como se espera, a entrada de recursos pode ser ainda maior, já que o índice está longe de sua máxima na moeda estrangeira.

O otimismo é grande, mas é preciso que o Brasil e o mercado continuam confirmando este cenário visto pelos gestores. Se isso acontecer, o País tem tudo para finalmente começar a se destacar ante outros emergentes e entregar um retorno ainda melhor para o investidor.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.