Brasil hoje é gigantesco avião vazio, diz João Braga, da XPGestão – e isso é um bom sinal para a Bolsa

Melhora econômica, queda dos juros, revisão dos números das empresas: gestor da XP, João Braga destacou no InfoMoney TV os motivos para seguir otimista com bolsa

Lara Rizério

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 SÃO PAULO – Até onde vai o otimismo com o Ibovespa? Essa é a pergunta que muitos investidores estão se fazendo após o índice renovar continuamente sua máxima histórica, chegando a superar os 76 mil pontos nesta segunda-feira (18). 

Em entrevista ao InfoMoney TV, João Braga, da XPGestão,  apontou alguns motivos para continuar otimista com o benchmark da bolsa brasileira.  “Podemos estar numa caminhada para anos bons”, ressalta ele, que chamou a última carta de estratégia de “o útil e o agradável”, uma vez que muitos agentes de mercado vão ter que correr mais risco e a bolsa está em um “ponto bom”. Se tiver que olhar para um ponto de partida, este ponto é a inflexão na economia, destaca ele, que também aponta para a “teoria do avião vazio” para explicar porque estar otimista com o mercado de capitais. 

Confira os pontos de otimismo abaixo e mais detalhes de cada um deles no vídeo acima. 

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1) Melhora da atividade econômica: depois de anos de recessão, com a divulgação do PIB do segundo trimestre, que foi o segundo seguido de alta, “podemos dizer enfim que viramos o jogo e saímos da recessão”. Os gestores apontam esperar crescimento ainda maior em 2018, com uma chance de vir em cerca de 3% ante os cerca de 2% esperados pelo mercado. “Ou seja, existe uma boa assimetria para cima”, apontam. 

“O maior PIB, por si só, já é um motor para a bolsa. Porém, a grande vantagem desse momento é que a volta da economia beneficiará as empresas de forma alavancada”, apontam os gestores. Eles fazem um paralelo com o avião: quando ele decola, já sai com todos os seus custos fixos colocados. “Cada passageiro a mais é margem pura. Esse conceito é conhecido como alavancagem operacional. O Brasil hoje é um gigantesco avião vazio. A maioria das empresas está com capacidade ociosa, pagando seus custos fixos sem ver a receita chegar. O crescimento econômico traria mais vendas, que por sua vez diluiria seus custos fixos, podendo crescer com baixos investimentos e ganhando margens na hora. Um efeito dobrado”, apontam. Porém, de acordo com eles, a evolução da expectativa das margens operacionais para as empresas domésticas do Ibovespa não estão sendo revistas para cima. Pelo contrário.

2) Questão da alavancagem financeira: o fato de que os juros mais baixos diminuem as despesas financeiras fazendo crescer o lucro, ou permitindo que as empresas se alavanquem mais. “Acreditamos que os juros podem ficar mais baixos por um longo período, dado o ambiente de baixa inflação que estamos vivendo”. 

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3) Busca dos fundos institucionais: este é outro efeito secundário que virá dos juros baixos, com destaque para os fundos de pensão que, para alcançarem suas metas atuariais, terão que correr mais risco. 

4) História já começa a acontecer: conforme aponta a XPGestão, o resultado do primeiro trimestre das empresas domésticas foi bem melhor que o esperado. As surpresas vinham algumas vezes de vendas melhores, mas também da maior eficiência. “Temos expectativas maiores que o consenso para frente: o passado já está surpreendendo, crescimento maior que virá sem investimentos, sem grandes crescimentos em despesas, vindo direto para as margens e geração de caixa e, para melhorar, com menores despesas financeiras vindo das menores taxas de juros”. 

5) Alta pode ter tido contribuição externa: a XPGestão também ressalta que toda essa história pode não estar nos preços apesar de toda a alta. São dois pontos: o primeiro é que a alta não é somente brasileira, “o que nos leva a pensar que tem pouco a ver com a história do Brasil. No começo do mês, estávamos com uma das piores performances no ano, subindo menos do que a média dos emergentes (…) Além disso, acreditamos que os analistas não ajustaram os lucros das empresas como deveriam, apesar de todo esse cenário positivo”, apontam.

6) Eleições de 2018: o grande risco do cenário é a eleição do ano que vem. “No caso, acreditamos que a eleição de alguém com viés reformista seria o melhor cenário, o que pensamos ser o mais provável. Além disso, vemos como alta a chance de ter uma oposição com menos deputados que atualmente, fazendo o cenário reformista ser ainda mais factível”, apontam. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.