Os 5 assuntos que vão agitar os mercados nesta sexta-feira

Confira em que se atentar na abertura do mercado brasileiro

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Enquanto o mercado brasileiro se prepara para o provável anúncio no início da semana que vem de revisão da meta fiscal para um déficit ainda maior, a tensão geopolítica segue movimentando os mercados mundiais por mais um dia – e deve continuar ecoando no Brasil. Por aqui, o mercado ainda digere a intensa temporada de balanços, com destaque para a Petrobras. Confira os destaques desta sexta-feira (11):

  1. 1. Bolsas mundiais

    Pela quarta sessão seguida, o dia é de queda para as principais bolsas mundiais em meio à continuidade das tensões geopolíticas entre Estados Unidos e Coreia do Norte, enquanto o mercado busca por ativos com menor risco. Ontem, o presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que a ameaça de “fogo e fúria” que havia feito à Coreia do Norte na terça-feira talvez não tenha sido “suficientemente forte”, levando os mercados de Nova York a registrar as maiores perdas desde 17 de maio. Também nos últimos dias, o regime norte-coreano ameaçou atacar o território de Guam, que é administrado pelos EUA.

Na Coreia do Sul, o índice Kospi caiu 1,69% hoje, a 2.319,71 pontos. Ao longo da semana, a desvalorização em Seul foi de 3,2%, a maior desde que uma proposta para a retirada do Reino Unido da União Europeia – o chamado Brexit – foi aprovada em plebiscito, em junho do ano passado. Já na China, os mercados aprofundaram as perdas, após reagirem de forma mais comedida nos dois pregões anteriores. Os principais índices europeus também veem suas ações em baixa, com queda mais comedida do alemão DAX. 

No mercado de commodities, o petróleo tem 2ª queda com volta do ceticismo sobre cortes da Opep; metais recuam em Londres e o minério de ferro tem forte baixa em Dalian

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Às 8h10, este era o desempenho dos principais índices:

*CAC-40 (França) -1,13%

*FTSE (Reino Unido) -1,21%

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*DAX (Alemanha) -0,30% 

*Hang Seng (Hong Kong) -2,04% (fechado)

*Xangai (China) (fechado) -1,59% (fechado)

*Nikkei (Japão) -0,05% (fechado)

*Petróleo WTI -0,68%, a US$ 48,26 o barril

*Petróleo brent -0,52%, a US$ 51,63 o barril

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian -4,80%, a 536 iuanes

 * Minério de ferro negociado em Qingdao 62% -1,94%, a US$ 75,19 a tonelada

2. Meta fiscal e novas “ameaças”

O governo adiou o anúncio da nova meta, e de acordo com fontes ouvidas pela Bloomberg, deve fazer o pronunciamento sobre o novo déficit na próxima segunda-feira junto com medidas de ajuste fiscal e de incremento de receita. Segundo uma das fontes ouvidas pela agência, o presidente Temer quer mais clareza quanto à arrecadação proveniente do novo Refis e equipe econômica deve apresentar proposta alternativa para ser analisada pelo Congresso. O governoainda vai adiar reajuste de servidores públicos para 2019 e espera economizar R$ 9,7 bilhões com a medida em 2018; o reajuste estava inicialmente previsto para o início de 2018, além de pretender limitar o salário inicial de servidores públicos. Contudo, segundo informa o Estadão, o presidente do Senado Eunício Oliveira (PMDB-CE) disse a Temer que a revisão da meta enfrentará resistências no Congresso.

Entre outras dificuldades para o presidente, um dia após usar a votação da reforma da Previdência e da agenda econômica do governo na Câmara como forma de pressão, partidos do Centrão ameaçaram não barrar uma eventual segunda denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente, diz o Estadão. O grupo quer que o governo redistribua os cargos na administração federal que estão nas mãos dos chamados “infiéis” para os que votaram majoritariamente para barrar a primeira denúncia por corrupção passiva contra o peemedebista na Câmara, na semana passada. Além disso, informa a Folha, integrantes da tropa de choque de Temer na Câmara já avisaram ao presidente que não dará para votar a reforma da Previdência no prazo que o governo espera — até outubro.

Entre tantas notícias ruins para o presidente, houve uma boa para ele. O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF (Supremo Tribunal Federal), negou a inclusão do presidente Michel Temer no inquérito que apura se deputados do PMDB formaram uma organização criminosa que atuou na Petrobras e na Caixa. A decisão também vale para os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência).

 

3. Agenda de indicadores

Na agenda de indicadores, destaque para os dados de preços ao consumidor dos EUA a serem revelados às 9h30. Atenção ainda para os discursos de Robert Kaplan, do Federal Reserve de Dallas, e de Neel Kashkari, do Fed de Minneapolis, às 10h40 e 12h30 respectivamente. 

4. Reações a Petrobras

A temporada de resultados teve como grande destaque os números do segundo trimestre da Petrobras.  A estatal encerrou o segundo trimestre deste ano com lucro líquido de R$ 316 milhões, resultado abaixo da expectativa dos analistas compilada pela Bloomberg, que era de um lucro de R$ 1,186 bilhão. O resultado ficou 14,5% abaixo dos R$ 370 milhões de lucro registrado um ano atrás.

Já a receita de vendas da companhia, por sua vez, caiu 6%, de R$ 71,320 bilhões no segundo trimestre de 2016 para atuais R$ 66,996 bilhões, enquanto o Ebitda ajustado recuou 6,6%, de R$ 20,450 milhões para R$ 19,094 milhões entre abril e junho deste ano. 

Apesar da queda na comparação anual, o presidente da Petrobras, Pedro Parente, afirmou que o lucro foi “bastante expressivo“ e só não foi maior por conta de fatores não recorrentes. O resultado também agradou os analistas: o Itaú BBA vê uma reação positiva do mercado e destaca a queda de 6,5% nas despesas de vendas, gerais e administrativas na base de comparação anual, evidenciando os esforços bem-sucedidos de redução de custos da administração. Também destacando a queda da dívida, o Santander apontou ainda que os números operacionais foram sólidos, mesmo ficando abaixo das estimativas do banco devido aos resultados de exploração e produção mais baixos do que o esperado. Os analistas do Santander ainda ressaltam que as vendas de ativos continuam sendo um catalisador importante para as ações e um driver importante para o processo de desalavancagem. 

5. Noticiário corporativo

Além da Petrobras, diversas outras companhias divulgaram seus números do segundo trimestre. Entre os destaques, a Eletrobras viu seu lucro cair 98% na base de comparação anual, a R$ 306 milhões, enquanto a Gafisa encerrou o segundo trimestre de 2017 com um prejuízo líquido consolidado de R$ 180 milhões, o que representa um crescimento de 368% nas perdas em comparação com o mesmo período do ano passado. Já a  Cyrela fechou o segundo trimestre de 2017 com prejuízo líquido de R$ 141 milhões, ante lucro de R$ 44,7 milhões no mesmo período de 2016.  
A BRF, por sua vez, reportou prejuízo líquido de R$ 167,3 milhões no segundo trimestre de 2017, ante o resultado positivo de R$ 31 milhões apresentado no mesmo período de 2016. Carrefour, Tenda, EzTec, Marisa, Metal Leve, Rodobens, Iochpe-Maxion, entre outras também divulgaram os seus números (veja mais clicando aqui). 

Saindo da temporada de balanços, a Vale anunciou resultado parcial da conversão voluntária em comunicado ao mercado, afirmando que 72,2% das ações preferenciais foram convertidas em ONs. A Copel decidiu não prosseguir com processo de oferta de ações. Já o Valor Econômico informou que a CSN vai aumentar preços de aços planos em 12,75% a partir do dia 25. 

Para encerrar, no InfoTrade de hoje (coluna diária de análise técnica do InfoMoney), as atenções estão todas voltadas para Petrobras (PETR4), que encerrou o dia sobre um ponto decisivo no curtíssimo prazo (confira a análise completa clicando aqui).

(Com Bloomberg e Agência Estado)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.