Os 5 assuntos que vão agitar os mercados nesta sexta-feira

Confira ao que se atentar na abertura do mercado brasileiro

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A sessão desta sexta-feira (14) traz como destaque a vitória de Michel Temer com a aprovação de relatório desfavorável à denúncia contra ele na CCJ após manobras, ao mesmo tempo em que sofreu um revés sobre a votação da denúncia no Plenário. Já nos EUA, atenção para os dados de inflação. Confira os destaques desta sexta-feira (14):

1. Bolsas mundiais

Os principais índices mundiais registram poucas variações na sessão desta sexta-feira, enquanto o dólar se enfraquece pelo quinto dia seguido e os rendimentos recuam antes de dados de inflação nos EUA, que pode desacelerar, mantendo-se abaixo da meta e corroborando mensagem dovish da chairwoman do Fed, Janet Yellen. Ontem, Yellen reiterou intenção de apertar política do Fed gradualmente. 

As bolsas europeias e S&P futuro têm leve baixa, mas as ações do setor de energia evitam maior baixa do Stoxx 600 com alta do petróleo em meio à demanda em 2017 crescendo mais que o previsto e estoques nos EUA recuando. Já os metais industriais têm desempenho misto em Londres e na China: em Qingdao, o minério de ferro sobe e cai em Dalian. 

Às 8h19, este era o desempenho dos principais índices:

*CAC-40 (França) +0,18%

*FTSE (Reino Unido) -0,18%

*DAX (Alemanha) +0,01% 

*Hang Seng (Hong Kong) +0,16% (fechado)

*Xangai (China) (fechado) +0,13% (fechado)

*Nikkei (Japão) +0,09% (fechado)

*Petróleo WTI +0,87%, a US$ 46,48 o barril

*Petróleo brent +0,93%, a US$ 48,87 o barril

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian -1,43%, a 481 iuanes

*Minério de ferro 62% spot negociado no porto de Qingdao, na China, +2,90%, a US$ 65,91 por tonelada

2. Denúncia contra Temer

No noticiário político, destaque para a vitória do presidente Michel Temer na CCJ, após diversas trocas de membros da comissão, mas a derrota sobre o cronograma de votação no Plenário. A CCJ aprovou parecer que defende rejeição da denúncia contra Temer por 41 votos contra 24 e 1 abstenção; antes, CCJ havia rejeitado parecer por seguimento da denúncia por 44 a 25 votos, além de uma abstenção placar semelhante. Para o governo, resultado mostra base forte de Temer: “vitória na CCJ por 15 votos a mais do que o necessário é a comprovação robusta da grande sustentação da base parlamentar do presidente Michel Temer”, afirmou o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha. 

Por outro lado, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, anunciou que a votação do parecer contrário ao prosseguimento da denúncia ocorrerá no próximo dia 2 de agosto, após o recesso parlamentar. De acordo com ele, a decisão foi tomada após um acordo feito com as lideranças do governo e da oposição. A decisão foi considerada um revés para o Planalto, uma vez que será um risco bem maior para o governo deixar o tema ser analisado somente em agosto. Isso porque o governo teme “fatos novos” até agosto, principalmente com a possibilidade de homologação das delações premiadas  do deputado cassado Eduardo Cunha e do doleiro Lúcio Funaro.

Além do governo Temer, o noticiário político também segue de olho nos próximos movimentos após condenação de Lula pelo juiz Sérgio Moro.  De acordo com os jornais O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo, que citam ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), a possibilidade do petista conseguir uma liminar no Supremo que permita a ele concorrer à Presidência  mesmo se condenado em segunda instância é considerada remota entre magistrados da corte (veja mais clicando aqui).

4. Henrique Meirelles e FMI

No noticiário econômico, destaque para as falas do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que ontem reconheceu a importância do alerta feito na quarta-feira pelo Tribunal de Contas da União (TCU) sobre a hipótese de descumprimento da meta fiscal deste ano. “É um alerta importante e vamos observar. Vamos atender e estamos, de fato, já em alerta sobre isso. Vamos prestar ainda mais atenção, nos dedicar ainda mais e levar muito a sério a recomendação”, disse em rápida entrevista após a cerimônia de sanção da reforma trabalhista. O ministro foi também questionado sobre a possibilidade de avanço da reforma da Previdência neste ano. “Acho que sim. Tem chance de ser neste ano, sim. É possível”, disse. 

Vale destacar ainda que o Congresso Nacional aprovou na noite de ontem a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) para 2018. A lei serve de base para a elaboração do Orçamento de todo o poder público no ano que vem.  O texto, que segue para sanção presidencial, mantém a meta fiscal proposta pelo governo e prevê para 2018 deficit primário de R$ 131,3 bilhões para o conjunto do setor público consolidado (que engloba o governo federal, os estados, municípios e as empresas estatais). Esta será a primeira LDO a entrar em vigor após aprovação da Emenda Constitucional do Teto de Gastos Públicos, que atrela os gastos à inflação do ano anterior, por um período de 20 anos.

Ainda no radar econômico, o FMI (Fundo Monetário Internacional) elevou levemente a projeção para o crescimento do Brasil em 2017, de 0,2% para 0,3%, mas baixou a previsão para 2018, de 1,7% para 1,3%. No longo prazo, o FMI considera uma taxa estável de 2% de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de 2019 a 2022.  “Enquanto o fim da recessão aparenta estar à vista, uma recente elevação da incerteza política colocou uma sombra sobre a perspectiva econômica”, aponta o FMI. 

4. Agenda econômica

No Brasil, o destaque fica para o IBC-Br de maio, que será revelado às 8h30 (horário de Brasília) pelo Banco Central. Índice, que é referência mensal para o PIB, deve mostrar avanço de 2,40% em maio na comparação anual, segundo estimativa mediana em pesquisa Bloomberg, ante queda de 1,75% na medição anterior.

Já nos EUA, diversos dados serão revelados, com atenção para os números de preços ao consumidor às 9h30. No mesmo horário, serão divulgados os dados de vendas no varejo de junho. Às 10h15, atenção para a produção industrial do país e, às 11h, o índice de confiança do consumidor de Michigan e os estoques empresariais. Às 10h30, o presidente do Federal Reserve de Dallas, Robert Kaplan, discursa.

5. Noticiário corporativo

O noticiário corporativo é agitado nesta sexta-feira. Em destaque, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) aceitou a proposta para encerrar um processo contra o Bradesco e os executivos Robert John Van Dijk e Denise Pavarina, com o pagamento de R$ 1,5 milhão. O caso é relacionado ao Bradesco Fundo de Investimento em Cotas de Fundos de Investimento Curto Prazo Fácil. Ainda sobre o Bradesco, o Estadão informa que a demissão voluntária do banco pode chegar a dez mil funcionários. 

O Estadão também informa que a Shell colocou fatia de 17% na Comgás à venda. Entre as prévias operacionais,  aA MRV informou que seus lançamentos atingiram R$ 1,332 bilhão em valor geral de vendas (VGV) entre abril e junho, alta de 18,6% em relação aos mesmos meses do ano passado. Esse foi o recorde de lançamentos da companhia em um segundo trimestre. Todos os novos imóveis ofertados do trimestre se enquadram em opções de financiamentos com recursos do FGTS. Já as  vendas líquidas da incorporadora Eztec atingiram R$ 40 milhões no segundo trimestre de 2017, crescimento de 38,2% em relação ao mesmo período do ano passado. Por fim, a Profarma decide não fazer oferta pública diante do cenário atual.

(Com Bloomberg, Agência Estado e Agência Brasil)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.