Banco vê queda do Ibovespa até os 52.000 pontos e lista as 10 ações para “fugir” do caos político

Em meio às incertezas, que devem permanecer por um longo tempo, analistas buscam exposição ao dólar e deixam ações com beta elevado fora das carteiras - isto é, aquelas que são mais sensíveis ao Ibovespa

Paula Barra

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SÃO PAULO – Os efeitos da “gravação bomba” entre o presidente Michel Temer e o dono da JBS, Joesley Batista, que provocaram uma reviravolta na política e na economia, estão longes do fim. As incertezas podem durar por um longo período e colocam em xeque projeções do mercado que apontavam – antes da quarta-feira passada – uma Selic entre 7,5% e 8,5% até o fim de 2017 e a bolsa em busca de novas máximas (lembrando que o Ibovespa estava bem próximo de atingir o tão falado 70.000 pontos). Em meio às dúvidas crescentes, analistas do mercado têm corrido para revisarem suas carteiras de ações.

Na manhã desta terça-feira foi a vez do BTG Pactual, que precisou atualizar suas planilhas para incorporar os impactos dessa reviravolta política nas variáveis econômicas. O efeito, claro, recai nas recomendações das ações. Saem ações com beta elevado – que são mais sensíveis aos movimentos do Ibovespa – e entram os papéis com forte exposição ao câmbio. Isso porque, em um cenário “bear” (pessimista), de não aprovação da reforma da Previdência, os analistas do banco veem o dólar a R$ 3,45 até o final do ano (versus R$ 3,05 no cenário-base, antes do estouro da bomba em Brasília); e em R$ 3,65 no final de 2018. Outra consequência imediata ocorre na Selic, cujas projeções apontavam uma taxa entre os 7,5% e 8,5% até o fim deste ano; e agora muitos já duvidam até mesmo de cortes abaixo dos 9%.  

Com isso, eles optaram por incluir neste momento os papéis da Suzano (SUZB5), Embraer (EMBR3) e Minerva (BEEF3) – ambos com exposição ao dólar -, além de Fleury (FLRY3), “ação de alta qualidade”. Em contrapartida, saem as ações da Petrobras (PETR4), Itaú Unibanco (ITUB4), B3 (BVMF3) e Rumo (RAIL3) – papéis com beta elevado e, no caso da Rumo, empresa altamente endividada, que sofre com uma Selic maior. 

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Estão ainda no portfólio de 10 ações do BTG a Multiplan (MULT3), Equatorial (EQTL3), Klabin (KLBN11), Telefônica Brasil (VIVT3), BB Seguridade (BBSE3) e Cosan (CSAN3).

Para o Ibovespa, dado a expectativa do aumento do custo de capital, eles acreditam que se o índice cair para faixa entre os 55.000 pontos e 52.000 pontos “não será uma surpresa”. Usando o patamar mais baixo projetado por eles, isso representaria uma queda de 17% frente ao patamar atual (62.625 pontos, segundo cotação das 12h08 desta segunda). Considerando a região que o índice estava antes da “bomba” política (fechou a 67.540 pontos na última quarta-feira), a queda seria de 23%.

O melhor (não bom) e o pior (muito ruim) cenário
Os analistas comentam que veem dois cenários neste momento. São eles: 1) “o melhor case”: sai Temer, que pode ser incapaz de manter níveis mínimos de governabilidade, e entra um presidente eleito indiretamente, que poderia, ao menos, manter o governo e o Congresso funcionando a ponto de aprovar reformas menos sensíveis como a Trabalhista. Eles ressaltam ainda que um Congresso de centro-direita tende a eleger um nome mais alinhado com as atuais políticas econômicas; e 2) “cenário de risco”: eleições diretas com um país dividido, com um resultado completamente imprevisível.

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Eles destacam ainda as incertezas para a eleição presidencial de 2018, que deixa o cenário ainda mais nebuloso quanto à recuperação econômica. “Enquanto os mercados reagem positivamente a uma oposição mais enfraquecida, a verdade é que, sem os principais jogadores, a eleição presidencial 2018 está aberta”, ressaltam os analistas.

Segundo eles, há alguma esperança ainda de que o atual prefeito de São Paulo, João Doria poderia emergir como o favorito para ganhar as eleições, mas outros “não-políticos” pode aparecer entre agora e as eleições, com agendas desconhecidos e limitada (se houver) experiência em política e gestão.