As duas elétricas que o Credit Suisse recomenda distância: “a visão é bem negativo para o curto e médio prazo”

O banco suíço revisou hoje o segmento de geração e trouxe uma leitura bem "bearish" do setor; a única exceção é a Cesp, que ainda tem espaço para subir com uma potencial privatização

Paula Barra

Publicidade

SÃO PAULO – Com março bem difícil para o Ibovespa (até agora o índice acumula queda de 4,7% no mês), as ações com perfil mais defensivos poderiam se tornar uma alternativa nas carteiras dos gestores. Mas não para as empresas do setor de geração de energia, que, para o Credit Suisse, “a visão segue bem negativa para o curto e médio prazo”.

Aconselhando “evitar esses papéis”, o banco cortou nesta sexta-feira (24) a recomendação das ações da AES Tietê (TIET11) e Engie Brasil (ENGI3), ex-Tractebel: a primeira, passou de “outperform” (desempenho acima da média) para “underperform” (desempenho abaixo da média); a segunda, de “neutra” para “underperform”. O preço-alvo dos papéis também foi reduzido de R$ 16,37 para R$ 14,00 e de R$ 36,00 para R$ 34,00, respectivamente. 

A única exceção no segmento é a Cesp (CESP6), que seguiu com recomendação “outperform”, por estar bem descontada dos seus pares e ter um potencial de valorização em função da possível privatização, comentam os analistas Vinicius Canheu e Arlindo Carvalho, do banco.   

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

O que mudou?
Os analistas comentam que a leitura é de que o crescimento de demanda é a variável que realmente importa no segmento e esse foi praticamente inexistente nos últimos anos, somados a um constante crescimento de capacidade (em especial de fontes não despacháveis), que deixou a matriz do País com uma estrutura de preços muito volátil (ou seja, o “preco spot” pode cair ou subir muito), a depender de demanda e chuvas.

“Quando esses dois fatores vão mal (demanda e chuvas), chegamos ao cenário de hoje, com: 1) alto GSF (Generating Scaling Factor, na sigla em inglês), que é a diferença entre a energia contratada de hidrelétricas e o total entregue em períodos de escassez de chuvas; 2) preços spot elevados; e 3) pouca demanda por contratos de longo prazo.

Para eles, enquanto a demanda não recuperar de forma relevante, as geradoras estarão na seguinte situação: 1) “short” (vendidas) em volumes no curto prazo enquanto os preços estiverem altos; e 2) “long” (compradas) em volumes no longo prazo enquanto os preços estiverem baixos. E a persistência desse cenário é uma das coisas que mais preocupa os analistas, citando que esses fatores foram decisivos para fazer a Engie Brasil e AES Tietê decepcionarem nos resultados desde 2013, quando a questão do GSF ficou mais evidente.

Continua depois da publicidade

Segundo eles, a saída para esse cenário passa necessariamente por um crescimento de demanda maior, que acaba tendo um efeito duplo no setor. “Volumes maiores (sem GSF) e preços maiores”, comentam.