Credit Suisse corta exposição em ações brasileiras e lista 10 razões para justificar a cautela

Em relatório, o estrategista de mercados emergentes do banco suíço, Alex Redman, defende a migração de alocação do Brasil para a Malásia

Paula Barra

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SÃO PAULO – O Credit Suisse reduziu nesta quarta-feira (15) sua exposição às ações brasileiras: passando de “overweight” – termo usado pelos gestores para mostrar os ativos que têm uma exposição acima da média em suas carteiras – para neutra.

Em relatório, o estrategista de mercados emergentes do banco suíço, Alex Redman, defendeu a migração de alocação do Brasil para a Malásia, citando 10 motivos para isso.

A revisão ocorre um ano após o banco ter elevado o Brasil para “overweight”, decisão considerada como “acertada” pelo estrategista, uma vez que o MSCI Brazil (em dólares) superou em 33% o MSCI Mercados Emergentes de março de 2016 até o começo deste ano. Para ele, no entanto, essa euforia já passou e o mercado agora já precifica os principais fatores que deram impulso para a disparada do índice no ano passado. 

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Confira abaixo a lista das 10 razões do Credit Suisse:

1) O mercado já está descontando todo o processo de desinflação. Segundo Redman, um dos pilares da revisão para cima um ano atrás era uma oportunidade única dentro dos mercados emergentes – em mais de uma década – de capturar esse movimento de desinflação. “Neste momento, já temos o mercado refletindo o nível de inflação de 5 anos do Banco Central”, disse.

2) A percepção de que a maior parte da compressão do custo do ativo já está precificada

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3) O real parece estar novamente valorizado depois da forte depreciação de 2016. 

4) As estimativas para crescimento de PIB (Produto Interno Bruto) em 2018 devem retornar para a média do período de 1981-2003. O estrategista do banco acredita que, quando o País sair da recessão, o potencial de crescimento do PIB devera ficar perto de 2,0%. 

5) A melhora de qualidade do ativo dos bancos já parece estar razoavelmente precificada. O pico do ciclo de NPL (Non Performance Loans) parece ter sido o 3° trimestre de 2016 e daqui pra frente o Credit espera uma queda de 1 ponto em relação aos 3,9% de pico do ano passado.

6) O “momentum” macroeconômico não indica uma nova rodada de apreciação das commodities. Quando o estrategista do banco olha para o MSCI Brasil, quase um quarto dele está concentrado em energia e “metals & mining”. Para ele, não parece razoável trabalhar com revisões para cima nos preços de minério e de petróleo. 

7) O mercado parece estar passando por um “overshooting” de revisoes de LPS (Lucro Por Ação). 

8) O mercado já parece ter antecipado de forma significativa o crescimento das empresas em relação à criação de valor.

9) O “valuation” – tanto no absoluto quanto no relativo – parece esticado em várias métricas. Quando exclui-se Vale e Petrobras, a projeção de P/L (Preço/Lucro) do Brasil esta com um prêmio de 14% em relação a outros emergentes, comenta o estrategista do banco. Segundo ele, os investidores estão pagando 6% de prêmio no País em relação aos outros emergentes, mesmo com o País entregando 23% a menos de rentabilidade.

10) O posicionamento dos fundos em Brasil chegou no maior “overweight” dos últimos 8 anos. O mês de março de 2016 marcou um nível de 18% a mais de “sell & hold” do que “calls de compra”. Em janeiro de 2017, por sua vez, o numero desses “calls de compra” frente aos de “sell & hold” chegou ao maior nível desde julho de 2014.