Chegou a hora de embolsar os lucros? Onze ações são rebaixadas por bancos apenas nesta semana

M. Dias Branco, Sabesp, Smiles, Bradesco, EzTec, Cyrela, Tecnisa, Totvs, WEG, Cesp e AES Tietê foram rebaixadas desde segunda-feira

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O Ibovespa experimentou ontem a oitava queda em dez pregões, em meio a um cenário de queda das commodities e revisões sobre as perspectivas para a política monetária dos EUA em meio aos dados fortes da economia americana. Hoje, a sessão é de ganhos para o índice, mas o mercado fica atento sobre como andará o Ibovespa nas próximas sessões. 

Isso porque, já há algum tempo, algumas casas de análise passaram a apontar que o mercado acionário brasileiro estava ficando caro. O Goldman Sachs, por exemplo, recomendou no final de fevereiro que os seus clientes saíssem de Brasil, Índia e Polônia depois que esses mercados atingiram os limites de ganhos definidos pelo banco de 20%.

Nesse cenário, durante a semana, alguns bancos e corretoras rebaixaram as ações de diversas companhias que tiveram uma forte alta durante o “período de bonança” da Bolsa ou por verem um cenário mais nebuloso para as companhias (o que foi o caso da M. Dias Branco após a divulgação do balanço). Confira os principais “rebaixamentos” de recomendações durante a semana:

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M. Dias Branco (MDIA3)

O balanço decepcionante do quarto trimestre de 2016 apresentado na última segunda-feira culminou no corte de recomendação das ações da M.Dias Branco de neutra para underperform (desempenho abaixo da média do mercado), mantendo o preço-alvo em R$ 130,00, destacando que a ação estava “cara” mesmo antes do resultado ruim. 

Após o balanço então, a visão se confirmou, com o Itaú BBA apontando que o Ebitda veio 17% abaixo da estimativa do banco e 13% abaixo do consenso. Os analistas apontam que a compressão de margens começou, o que pode ser atribuída em parte aos descontos. 

A grande preocupação veio nas últimas linhas do balanço da empresa: lucro, Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) e margens decepcionaram. Vale destacar que, no ano passado, as ações subiram 75%. 

Veja mais: A última bolacha do pacote decepcionou: small cap que subiu 75% em 2016 derrete na Bolsa após balanço

Sabesp (SBSP3)

A Sabesp teve a recomendação cortada de compra para manutenção pela Standpoint em relatório datado da última segunda-feira. 

Smiles (SMLE3

Na última terça-feira, a Smiles teve a recomendação cortada de overweight (desempenho acima da média do mercado) para neutra pelo JPMorgan, com preço-alvo de R$ 65,00, mas ainda destacando preferência para os papéis em relação à outra companhia do setor, a Multiplus (MPLU3), cuja recomendação neutra foi mantida.

De acordo com os analistas Fernando Abdalla, Carlos Louro e Pedro Pascoal, a relação risco-retorno da ação não é mais tão atrativa na sequência de um forte desempenho das ações no acumulado do ano. As ações acumulam alta superior a 32% em 2017, ante variação positiva de 7,5% do Ibovespa. 

Ainda segundo eles, a queda da Selic traz uma pressão para o crescimento dos lucros, dada a posição de caixa da companhia, enquanto há uma preocupação com as margens no longo prazo em meio à concorrência.

Bradesco (BBDC4

Na quarta-feira, foi a vez do Bradesco ser rebaixado de compra para manutenção pelo Santander, com o preço-alvo sendo cortado de R$ 40 para R$ 37. Conforme destacam os analistas, o banco enfrenta desafios em meio à crescente deterioração
da qualidade dos ativos, redução dos spreads e a falta de potencial de valorização.

Os analistas afirmaram que estavam muito otimistas sobre dois fatores: as sinergias com o HSBC e, especialmente, com o momentum positivo para os lucros. Assim, atualizando os dados para incorporar o resultado do quarto trimestre e o guidance para este ano, os analistas reduziram as estimativas para esse ano e para o próximo. Por outro lado, o Santander apontou o Itaú Unibanco (ITUB4) como nova top pick e manteve a recomendação de compra para o Banco do Brasil (BBAS3).

Construtoras

Na última quarta-feira, o Credit Suisse fez uma revisão geral para o setor de construção civil. Apesar de ter elevado MRV Engenharia de neutra para outperform (desempenho acima da média do mercado), o banco suíço cortou as recomendações de EzTec (EZTC3) e Cyrela (CYRE3) de outperform para neutra, enquanto a Tecnisa (TCSA3) foi cortada de neutra para underperform (desempenho abaixo da média do mercado). 

Os analistas destacaram terem mudado sua preferência para MRV dando destaque para as perspectivas positivas com o MCMV (Minha Casa Minha Vida). Além disso, as recomendações para os papéis CYRE3 e EZTEC3 foram cortadas levando em conta os ralis respectivos de 50% e 40% dos papéis desde dezembro. Esse desempenho faz com que os papéis já estejam precificando a recuperação dos ROEs (Retorno sobre o Patrimônio Líquido) de 16% para a Cyrela e de 19% para a EzTec. A Tecnisa foi rebaixada também levando em conta o valuation esticado. 

 Totvs (TOTS3)

Já nesta quinta, o Itaú BBA rebaixou a recomendação para as ações da Totvs de outperform para marketperform (desempenho em linha com a média do mercado), também levando em conta o rali dos papéis.

Os analistas Susana Salaru e Vitor Tomita apontam que, desde que elevaram a recomendação para a companhia, em dezembro, os papéis já subiram 30%, confirmando a visão de que os ativos foram excessivamente penalizados pelas estimativas de que o crescimento da receita iria desacelerar e que as margens ficaram fracas no longo prazo. “Nós não vemos mais inconsistência entre as expectativas de mercado e o desempenho operacional da Totvs”, afirmam. 

WEG (WEGE3)

O Itaú BBA também rebaixou a recomendação para as ações da WEG para marketperform, introduzindo um novo preço-alvo de R$ 19,00 (ante R$ 18,50). “Nós consideramos a companhia um bom nome para investir em um cenário de recuperação econômica do Brasil porque é a companhia com as maiores margens do setor industrial no mercado doméstico”, avaliam os analistas Renata Faber e Thais Cascello. 

Contudo, mais uma vez, o fato da “ação já ter andado demais” foi um fator para cortar a recomendação do papel. “Consequentemente, nós recomendamos que os investidores embolsem os lucros e esperem por um melhor ponto de entrada”, avaliam. Além disso, a valorização recente do real em um mercado doméstico ainda fraco pode representar um vento contrário para a companhia no curto prazo. Porém, o programa de corte de custos e o aumento dos preços deve contribuir para melhores resultados em 2017. Além disso, no começo de 2018, a expectativa é de uma melhora na margem e crescimento na receita com a ativação da economia que colocará a WEG no caminho certo.

Cesp (CESP6) e AES Tietê (TIET11)

As ações da Cesp e da AES Tietê tiveram a recomendação rebaixada de compra para neutra pelo Santander, tendo como base o impacto do déficit hidrológico. Contudo, eles apontam que há potencial de valorização para novos projetos, no caso da AES Tietê, e para maior eficiência, no caso da Cesp.

Os preços-alvo da TIET11 passou  para R$ 17,75 ante R$ 18,00, da Engie passou para R$ 39,55 ante R$ 41,55 e da Cesp passou de R$ 17,24 para R$ 19,98. 

No caso da AES Tietê, os analistas apontam que ela é uma boa pagadora de dividendos, há uma boa expectativa de fluxo de caixa para os próximos anos, baixa necessidade de capex e um potencial de ganhos em meio ao aumento de preços da eletricidade, renovação dos leilões de energia e desenvolvimento de novos segmentos, além de potenciais fusões e aquisições. Contudo, os papéis devem ser impactados negativamente pelo alto déficit hidrológico nos próximos anos. 

Já no caso da Cesp, os analistas do Santander apontam que o forte desempenho do papel tem se baseado no potencial de privatização da companhia. Mesmo acreditando que esse cenário pode se materializar, os analistas atualizaram o modelo avaliando que o mercado já precificou, mesmo que parcialmente, essa expectativa, enquanto há algumas incertezas no radar. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.