Ibovespa sobe 39% e tem o melhor ano desde 2009, puxado por commodities; só 9 das 58 ações têm queda em 2016

Na contramão, dólar cai 17,69% no ano e tem sua 1ª desvalorização frente ao real desde 2010 e a maior queda desde 2009

Paula Barra

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SÃO PAULO – Após oscilar no terreno negativo pela manhã, o Ibovespa ganhou força nesta quinta-feira (29) e encerrou o último pregão do ano em alta de 0,75%, a 60.227 pontos. Vale menção que a volatilidade aumentou nos minutos finais do pregão por conta dos ajustes dos fundos de investimentos à nova carteira do índice, que entrará em vigor na próxima segunda-feira (2). A novidade é a entrada da ação ON da Eletrobras. 

Com a alta de hoje, o Ibovespa encerrou na sua quinta sessão de ganhos, quando acumulou alta de 5,2%. Hoje foi mais um dia marcado pela baixa liquidez: o volume financeiro ficou em R$ 5,01 bilhões, contra média diária de R$ 7,9 bilhões. No ano, o índice encerrou com alta de 38,94%, no seu primeiro ano no positivo após três seguidos no negativo. Esse foi o melhor ano do índice desde 2009, quando subiu 82,66%. Já no mês de dezembro, o benchmark da Bolsa brasileira encerrou em queda de 2,71%, no seu segundo mês seguido de perdas. 

A campeã do Ibovespa em 2016 foi a ação da Bradespar – holding que detém participação na Vale -, que disparou 200%. As ações da Metalúrgica Gerdau, CSN, Usiminas, Gerdau, Vale PN e Petrobras PN aparecem na sequência, com altas entre 122% e 189%. 

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Na ponta oposta, as maiores queda ficaram com as ações dolarizadas: Embraer, Fibria, Klabin e Suzano, que caíram entre 22% e 47%. Vale menção que elas apareceram entre as poucas quedas do Ibovespa: apenas 9 das 58 ações do índice recuaram neste ano. 

Veja mais: De salto de 200% à queda de 48%: as ações do Ibovespa que mais brilharam e as que mais decepcionaram em 2016

Boa parte do movimento desses papéis pode ser explicado pelo desempenho do dólar, que fechou 2016 em queda de 17,69% na sua primeira desvalorização frente ao real desde 2010 e com a maior queda desde 2009. Fatores como o impeachment de Dilma, seguido das reformas do governo Temer, e a recuperação das commodities ajudou o real a recuperar parte das perdas do ano passado. Nesta sessão, o dólar comercial encerrou em baixa de 0,94%, a R$ 3,2497 na venda. Além da baixa liquidez, que acompanhou todos os mercados, devido à proximidade da festa de fim de ano, o dia foi marcado pela formação da Ptax, taxa calculada mensalmente pelo Banco Central. Em dezembro, o dólar caiu 4,06%. 

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Os juros DIs, por sua vez, terminaram a última sessão do ano em leve queda em relação ao pregão de ontem e também ao longo do mês de dezembro, após forte instabilidade provocada pela correção do nível dos juros das Treasuries no mês passado. Hoje, o DI com vencimento em 2018 encerrou o pregão regular com taxa de 11,53%, ante 11,54% na véspera; o DI para janeiro 2019 fechou estável a 11,06%; e o DI para janeiro de 2021 cedeu de 11,37% para 11,35%. 

Destaques da Bolsa nesta sessão
As ações da Vale (VALE3; VALE5) caíram hoje, na esteira do preço do minério de ferro, que encerrou em queda de 0,31%, a US$ 80,43 a tonelada, no Porto de Qingdao, na China. Essa foi a primeira queda das ações preferenciais da Vale após 4 pregões seguidos de ganhos. 

 Já os papéis da Petrobras (PETR3; PETR4) conseguiram virar para alta na reta final do pregão, indo na contramão dos preços do petróleo no mercado internacional, que marcavam leve queda, após surpresa negativa com os dados de estoques de petróleo nos Estados Unidos. No radar da estatal, conselho de administração da Petrobras aprovou a venda do Complexo Petroquímico de Suape, em Pernambuco, e também uma fatia de 45,9% que a Petrobras Biocombustível detinha em Guarani. O complexo será vendido por US$ 385 milhões e a participação em Guarani, por US$ 202 milhões, totalizando US$ 587 milhões nas duas operações.

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As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 CCRO3 CCR SA ON 15,96 +3,43 +33,48 59,32M
 ECOR3 ECORODOVIAS ON 8,24 +3,39 +65,55 18,05M
 RENT3 LOCALIZA ON EJ 34,22 +3,38 +41,24 36,24M
 WEGE3 WEG ON 15,50 +3,33 +6,28 31,89M
 QUAL3 QUALICORP ON 19,25 +3,16 +51,44 28,72M

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 VALE3 VALE ON 25,68 -3,75 +98,24 123,59M
 BRAP4 BRADESPAR PN EJ 14,85 -2,17 +199,92 32,56M
 VALE5 VALE PNA 23,49 -1,30 +130,69 276,61M
 JBSS3 JBS ON 11,40 -0,70 -3,36 74,56M
 CYRE3 CYRELA REALTON 10,27 -0,48 +40,57 19,76M
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

 Do lado “macro”: veja o que chamou atenção hoje
Na agenda econômica doméstica, o mercado acompanhou hoje a divulgação dos dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). O Brasil perdeu 116.747 vagas formais de emprego em novembro deste ano, abaixo das projeções de destruição de 72 mi empregos, segundo mediada das projeções compiladas pela Bloomberg. O saldo negativo, no entanto, é menor do que o registrado em novembro do ano passado, quando foram fechados 130.629 postos. O resultado de novembro de 2015 foi o pior resultado para o mês desde o início da série histórica, em 1992.

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Foi revelada ainda a inflação medida pelo IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado), referência para ajustar contratos de aluguel. O indicador subiu 0,54% em dezembro na comparação mensal, ante estimativa de 0,45%, e fechou 2016 em 7,17%, ante 10,54% do ano anterior. 

No exterior, o Departamento do Trabalho dos Estados Unidos divulgou que o número de pedidos de auxílio-desemprego caiu 10 mil na semana encerrada em 24 de dezembro, para 265 mil, após ajustes sazonais. O resultado veio em linha com a previsão de analistas ouvidos pelo Wall Street.

Além disso, o Departamento de Energia dos EUA informou que os estoques de petróleo no país subiram 613,999 mil barris na semana encerrada em 23 de dezembro. Analistas consultados pela Bloomberg esperavam uma diminuição de 1,27 milhão de barris. O último dado divulgado havia apontado para uma alta de 2,26 milhões de barris. Ainda segundo a instituição norte-americana, os estoques de gasolina caíram 1,59 milhão de barris, ao passo que os destilados recuaram 1,88 milhão de barris.

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Noticiário político
Como já sinalizado ontem pelos ministérios da Fazenda e Casa Civil, o presidente Michel Temer formalizou a sanção com vetos da lei complementar que estabelece o Plano de Auxílio aos Estados e ao DF e medidas de estímulo ao reequilíbrio fiscal. O veto atinge o denominado Regime de Recuperação Fiscal, previsto no Capítulo II do projeto e que trazia um conjunto de ferramentas que, associadas às propostas de suspensão e reestruturação de dívidas, assegurariam que, ao término do Regime, o equilíbrio fiscal seria alcançado. Após o Congresso Nacional retirar dispositivos, as chamadas contrapartidas dos estados e DF, “houve um completo desvirtuamento do Regime, não sendo possível mais assegurar que sua finalidade maior, a retomada do equilíbrio fiscal pelos estados, seja assegurada”, segundo razões para o veto do presidente.

“Adicionalmente, esclarece-se que não apenas a finalidade precípua do Regime foi alterada; em verdade, os dispositivos remanescentes trazem elevado risco fiscal para União”, segundo a justificativa para o veto. 

As 6 lições de 2016
O ano está acabando, e um dos destaques do InfoMoney hoje é a matéria que lista as 6 lições de ouro que aprendemos em 2016.

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O Brexit, a eleição de Donald Trump, a derrota avassaladora do então primeiro-ministro Matteo Renzi na Itália e até as eleições no Brasil mostraram que 2016 foi o ano das surpresas no mundo político – e que impactaram fortemente o noticiário econômico. Contudo, mais do que as surpresas políticas, o ano que acabou mostra que nem sempre podemos jogar todas as nossas fichas em um determinado evento e que nunca é tarde demais para aprender com os erros – como nosso grande “guru” Luiz Barsi confessou. Confira clicando aqui.