Melhor IPO do mundo em 2016 já subiu 6.000%, mas analistas se recusam a recomendar compra

A empresa, que lucrou de US$ 1,1 milhão no ano passado trabalhando em projetos como construir estradas e cavar esgotos, hoje vale cerca de US$ 2,9 bilhões

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O melhor desempenho entre os IPOs realizados este ano é de uma companhia de engenharia civil de Hong Kong, que dispara cerca de 6.700% em seis meses por motivos não muito relacionados aos seus negócios. A Luen Wong Group Holdings teve um salto de 1.438% apenas em seu primeiro dia de negociação em abril e desde então não parou de subir.

A empresa, que registrou vendas de US$ 41 milhões no ano passado e lucro de US$ 1,1 milhão trabalhando em projetos como construir estradas e cavar esgotos, hoje vale cerca de US$ 2,9 bilhões. Apesar da alta, os riscos do negócio afastam investidores menores, enquanto analistas evitam qualquer recomendação de compra.

Esta disparada ocorre na bolsa de Hong Kong, onde as fortes oscilações são uma ocorrência regular, muitas empresas têm uma pequena porção de suas ações disponíveis no mercado e há um negócio saudável de empresas chinesas que compram companhias para projetar aquisições reversas. A Luen Wong, apesar de ser a campeã do ano, parece ter uma combinação destes fatores envolvendo gigantes do mercado, o que deixa os analistas cautelosos. “Meu conselho para os pequenos investidores é ficar longe”, disse Francis Lun, diretor executivo da corretora local Geo Securities para a Bloomberg.

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A história da Luen Wong, porém, tem se tornado algo comum no mercado chinês. Um estudo feito pela Comissão de Valores e Futuros apontou que entre 2013 e 2015, 56 empresas viram seu valor de mercado saltar mais de 1.000% em um período de seis meses, embora 39 delas estavam perdendo dinheiro.

Outro fator que pode afetar o desempenho dos papéis é a forma como eles estão distribuídos no mercado. Dois fundadores da empresa possuem, juntos, 75% da Luen Wong, o máximo permitido pelas regras do regulador local. Em abril, este mesmo regulador emitiu um alerta sobre as ações, porque 96% dos ativos em circulação estavam nas mãos dos acionistas controladores e 19 outros investidores.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.