Ibovespa cai 0,5% com Petrobras, mas se salva na semana graças ao Fed; dólar fecha na máxima

Estatal afunda após notícias de uma falta de acordo com a Arábia Saudita derrubarem o preço do petróleo

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O Ibovespa subiu 2,83% nessa semana, seu melhor desempenho em três semanas. Os últimos dias foram marcados por uma forte volatilidade causada pela decisão do Federal Reserve, que manteve as taxas de juros dos Estados Unidos inalteradas na banda entre 0,25% e 0,5% ao ano, projetando apenas duas altas de juros em 2017 em vez de 3 como previa anteriormente. Com isso, os investidores foram em peso às compras na quarta e na quinta-feira, acreditando que o atual ambiente de liquidez internacional, favorecendo o investimento em ativos de risco, vai continuar ainda por um bom tempo.

Esta sexta-feira (23), no entanto, foi marcada por uma queda no Ibovespa, puxado pelo recuo de quase 4% das ações da Petrobras. A estatal afundou com a notícia de que a Arábia Saudita não espera chegar a um acordo para corte de produção de petróleo em reunião aguardada para a próxima semana, o que derrubou a commodity também. O movimento por aqui acompanhou as bolsas internacionais, com os principais índices norte-americanos caindo cerca de 0,6%. 

O benchmark da bolsa brasileira teve queda de 0,50%, a 58.697 pontos. O volume financeiro negociado foi de R$ 5,584 bilhões. Já o dólar comercial subiu 0,66% a R$ 3,2463 na compra e a R$ 3,2472 na venda, enquanto o dólar futuro para outubro apresenta alta de 0,67% a R$ 3,249 no after-market.

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No mercado de juros, o DI para janeiro de 2018 opera em queda de 3 pontos-base a 12,24%, ao passo que o DI para janeiro de 2021 opera estável a 11,74% também no after-market. O movimento de baixa dos DIs seguiu o desempenho de ontem apesar dos contratos terem amenizado perdas ao longo do pregão. Os juros refletiram declarações do presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, que afirmou que a autoridade monetária se debruçará sobre evidências sólidas na sua avaliação sobre a possibilidade de reduzir os juros, completando que o BC vem conduzindo sua política com a prudência que o momento requer.

CAGED
Hoje às 16h saiu o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, que mostrou uma redução de 33,9 mil vagas no mercado de trabalho em agosto. A expectativa mediana dos economistas ouvidos pela Bloomberg era de destruição de 32 mil postos de trabalho brasileiros. Em julho, a queda no número de vagas de emprego foi de 94,7 mil.

Baker Hugues
O número de plataformas de petróleo ativas nos EUA subiu em duas essa semana, atingindo 418, de acordo com dados do relatório de Baker Hughes. Ao mesmo tempo, a contagem de sondas de gás cresceu em 3, para 92, fazendo um total de 511. Analistas citam o aumento recente no número de plataformas de petróleo como um sinal de que o mercado deve continuar com um excesso de oferta da commodity por mais algum tempo.

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Ações em destaque
As ações da Petrobras (PETR3, R$ 14,97, -3,67%; PETR4, R$ 13,69, -2,21%) recuaram puxadas pela forte queda do petróleo após notícias apontarem que a Arábia Saudita não espera chegar a um acordo para corte de produção em reunião aguardada para a próxima semana. O barril do tipo brent recuou 3,48%, cotado a US$ 44,71, enquanto o WTI (West Texas Intermediate) teve perdas de 2,99%, a US$ 46,77 o contrato futuro para dezembro do barril do Brent.

Ainda no radar da estatal, o Conselho de Administração da companhia aprovou, em reunião realizada na quinta-feira, a venda de 90% das ações da Nova Transportadora do Sudeste para a Brookfield Infrastructure Partners e afiliadas, através de um Fundo de Investimento em Participações (FIP), que tem outros cotistas, segundo comunicado da estatal. O valor da operação é de US$ 5,2 bilhões.

A primeira parcela, correspondente a 84% do valor total (US$ 4,34 bilhões), será paga no fechamento da operação e o restante (US$ 850 milhões), em 5 anos, disse a Petrobras. Entre os cotistas do FIP estão British Columbia Investment Management Corporation, CIC Capital Corporation, subsidiária integral da China Investment Corporation, e GIC Private. 

As maiores baixas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano
 QUAL3 QUALICORP ON 18,72 -5,12 +39,96
 KROT3 KROTON ON 14,86 -4,87 +57,72
 ESTC3 ESTACIO PARTON 18,25 -4,20 +35,12
 PETR3 PETROBRAS ON 14,97 -3,67 +74,68
 CYRE3 CYRELA REALTON 10,01 -2,53 +37,01

Entre as exportadoras, a Fibria (FIBR3, R$ 22,43, +7,32%) e a Suzano (SUZB5, R$ 10,02, +5,47%) registraram ganhos após o Itaú BBA elevar as suas recomendações para as duas empresas de market perform para outperform. O preço-alvo para as ações SUZB5 é de R$ 14,00.

As maiores altas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano
 FIBR3 FIBRIA ON 22,43 +7,32 -56,01
 SUZB5 SUZANO PAPELPNA 10,02 +5,47 -45,22
 PCAR4 P.ACUCAR-CBDPN 56,00 +3,70 +33,82
 BRKM5 BRASKEM PNA 23,21 +2,38 -11,15
 EMBR3 EMBRAER ON 15,15 +2,09 -49,62

Os papéis da Vale (VALE3, R$ 17,65, +0,57%; VALE5, R$ 15,33, +0,59%) fecharam em alta após caírem mais cedo. No radar, a mineradora e a Fortescue seguem comprometidas com parceria, disse Nev Power, presidente da Fortescue, em entrevista à Bloomberg. As negociações para o plano de mesclar os minérios “tecnicamente e comercialmente” é complexa e tem levado “bastante tempo”, disse ele.

A companhia está esperançosa de que os dois lados vão avançar com os planos; encorajada pelo volume de questionamentos de clientes que procuram produto mesclado. A Vale disse na semana passada que parceria com Fortescue não será concluída este ano. 

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1
 PETR4 PETROBRAS PN 13,69 -2,21 721,16M
 BBDC4 BRADESCO PN 29,73 +0,20 285,40M
 VALE5 VALE PNA 15,33 +0,59 282,20M
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN 36,13 -0,25 215,16M
 PETR3 PETROBRAS ON 14,97 -3,67 185,38M
 ABEV3 AMBEV S/A ON 19,73 +0,31 183,64M
 BBAS3 BRASIL ON 22,95 -2,13 141,15M
 ITSA4 ITAUSA PN 8,51 -0,82 110,06M
 KROT3 KROTON ON 14,86 -4,87 104,19M
 BBSE3 BBSEGURIDADEON 31,17 +0,45 99,17M

* – Lote de mil ações 
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
 

Reforma da Previdência para todos
Segundo o jornal O Globo, as mudanças na Previdência devem atingir todos os brasileiros, inclusive militares e parlamentares. O governo deve fechar as brechas legais à ‘desaposentação’, a possibilidade de o aposentado continuar trabalhando e recalcular o benefício), pois hoje existem milhares de ações na Justiça, com o assunto já no STF (Supremo Tribunal Federal), e caso tenha uma decisão favorável resultaria em um esqueleto superior a R$ 100 bilhões para a União.

A reforma prevê idade mínima de 65 anos para aposentadoria e valerá para quem tiver até 50 anos ou 45 anos (caso de mulheres e professores. O fator previdenciário, que hoje permite ao trabalhador do setor privado se aposentar ao atingir 85/95 chegará ao seu fim. Em outra frente, a reforma deve proibir o acúmulo de pensão e aposentadoria para novos beneficiários. A PEC vai mexer ainda com a aposentadoria rural: os trabalhadores contribuirão com uma alíquota de 5%, semelhante aos microempreendedores. Empresas exportadoras do agronegócio, que têm isenção, também deverão ser afetadas.

O déficit no INSS neste ano está estimado em R$ 149,2 bilhões, para pagar 30 milhões de segurados. Já no serviço público, o rombo projetado é de R$ 90 bilhões, mas para um universo de um milhão de beneficiários. Segundo a fonte do jornal, todos, sem exceção, serão atingidos de alguma forma.

Destaques políticos
Em declarações recentes, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 241/2016, que institui um teto para o gasto público de um ano como o do ano anterior corrigido pela inflação, pode ser aprovada em comissão especial hoje. De acordo com Evandro Buccini, economista da Rio Bravo Investimentos, uma aprovação nesta semana ou na próxima será vista como boa notícia. “Nós já sabemos que o orçamento do governo do ano que vem está moldado com as regras dela, mas após a aprovação podemos começar a conversar sobre a próxima PEC, que é a da reforma da previdência”, explica Buccini.

Já no noticiário “político-policial”, a Polícia Federal deflagrou na manhã desta sexta-feira (23) a 9ª fase da Operação Acrônimo. Um dos alvos da operação é o atual chefe da Casa Civil do governo de Minas Gerais, Marco Antônio Teixeira, e outro integrante do governo estadual. Nesta fase não há prisões, somente conduções coercitivas. Outro alvo é um diretor da empreiteira OAS; a sede da empreiteira em Brasília (DF) também é alvo de buscas. 

PMI da zona do euro
O índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) composto da zona do euro, que mede a atividade nos setores industrial e de serviços, caiu a 52,6 em setembro, de 52,9 em agosto, atingindo o menor nível em 20 meses, segundo dados preliminares publicados hoje pela Markit Economics.

Analistas consultados pela Dow Jones Newswires previam recuo apenas marginal do PMI composto em setembro, a 52,8. A leitura acima de 50,0, porém, indica que a atividade econômica do bloco continuou se expandindo neste mês, ainda que em ritmo mais contido. Apenas o PMI de serviços da zona do euro caiu para 52,1 em setembro, de 52,8 em agosto, tocando o menor patamar em 21 meses. Neste caso, os analistas previam estabilidade do indicador, a 52,8. O PMI industrial do bloco, por outro lado, subiu para 52,6 na prévia de setembro, de 51,7 em agosto, alcançando o maior nível em três meses. A projeção do mercado era de queda do indicador, a 51,5. Com informações da Dow Jones Newswires.

Fala de Ilan
No noticiário, destaque ainda para a fala do presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, na noite de ontem em evento da Istoé Dinheiro. Ele afirmou que autoridade monetária se debruçará sobre evidências sólidas na sua avaliação sobre a possibilidade de reduzir os juros, completando que o BC vem conduzindo sua política com a prudência que o momento requer. Vale lembrar que ontem foi divulgado o IPCA-15, que foi abaixo do esperado pelo mercado e suscitou um aumento na probabilidade de corte de juros pelo Copom.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.