De “surpreendentemente bom” à grande decepção: o que viram os analistas sobre os 6 resultados de hoje

Depois de pausa ontem, mercado volta a digerir balanços: enquanto Itaú 'agradou', Cielo decepcionou; fora do índice, MDias Branco segue rali na Bolsa após números "surpreendentemente bons" e Porto Seguro afunda após resultado ainda pior do que o esperado

Paula Barra

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SÃO PAULO – Depois de pausa ontem, o mercado volta a digerir nesta terça-feira a temporada de balanços do 2° trimestre. Os destaques ficam com as ações de peso do Itaú Unibanco, que sobem após balanço “bom”, enquanto a Cielo desaba após balanço revelar que algumas tendências operacionais-chave mostraram uma deterioração crônica. 

Fora do índice, chama atenção o balanço da M.Dias Branco: “surpreendentemente bom”, na visão dos analistas; enquanto Porto Seguro decepcionou. O mercado já esperava um resultado fraco, mas os números vieram ainda piores, destacaram analistas do BTG Pactual. 

Confira abaixo a análise dos principais balanços e a reação das ações na Bolsa hoje:

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Itaú Unibanco (ITUB4)
O resultado: o banco teve lucro líquido contábil de R$ 5,518 bilhões no segundo trimestre de 2016, alta de 6,4% frente o primeiro trimestre, mas queda de 7,8% ante o mesmo período do ano passado. Já o resultado recorrente, ficou em R$ 5,575 bilhões, uma queda de 9,1% ante um ano antes. Neste trimestre, o banco passou a consolidar os dados do chileno CorpBanca. A despesa de provisão no segundo trimestre foi de R$ 6,34 bilhões ante R$ 5,77 bilhões na comparação com o mesmo período do ano passado. O maior banco privado do país registrou ROAE (retorno sobre o patrimônio líquido médio) de 20,6% no segundo trimestre, ficando abaixo dos 24,8% no mesmo período de 2015.

A análise: Para a XP Investimentos, o resultado apresentou alguns pontos positivos, como melhora no ROE (Retorno sobre o Patrimônio Líquido), queda de provisões para devedores duvidosos, além do crescimento na receita de prestação de serviços. No entanto, do lado negativo, houve piora – mesmo que pequena – na inadimplência, além de piora no guidance do banco, com queda maior na carteira de crédito e na margem financeira com clientes. Já o BTG Pactual detacou o lucro líquido 10% acima do que eles esperavam, mas que este é um resultado complicado de analisar por três fatores: i) a incorporação do CorpBanca; ii) um impairment feito de R$ 540 milhões que passou no NII; e iii) consumo do PDD adicional de R$ 700 milhões. Credit Suisse, por sua vez, comentou que o resultado foi mais forte do que o esperado, mas ajudado pro uma alíquota de imposto menor, resultado da tesouraria mais forte e consumo de provisão complementar. Em relatório divulgado hoje, a equipe de análise da Eleven Financial comentou que um potencial ajuste nos preços do banco – isto é, se voltarem novamente para a casa dos R$ 29,00 – pode justificar uma oportunidade de compra na Bolsa. “Aí estará consolidada a janela de entrada”, comentou. A recomendação da casa de research independente é compra, caso o papel volte para aquele patamar, para aqueles investidores que buscam proteção patrimonial e consistência no pagamento de dividendos e proventos em geral.

Desempenho das ações: Na Bolsa, os ativos reagiram aos bons números, embora não impressionantes: as ações do banco subiram 1,20% nesta sessão, a R$ 33,83. Na máxima do dia, os papéis atingiram alta de 2,66%, a R$ 34,32. 

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Cielo (CIEL3)
O resultado: A companhia apresentou uma alta de 12,8% em seu lucro líquido do segundo trimestre, atingindo R$ 1,06 bilhão, enquanto a receita líquida consolidada ficou em R$ 3,07 bilhões, um aumento de 9,8% ante o mesmo período do ano passado. Já o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) encerrou o trimestre em R$ 1,35 bilhão, queda de 0,5% em relação a um ano antes.

As análises: Os analistas do Itaú BBA ressaltaram que apesar do lucro, algumas tendências operacionais-chave mostraram uma deterioração crônica, como é o caso de credito e crescimento no volume de dívidas. De acordo com eles, o desempenho dos custos foi bem negativo, o que levou a uma revisão do guidance para este ano. Já o Bradesco BBI também ressaltou que esta piora dos custos foi responsável por uma margem Ebitda menor que a esperada. Apesar da ressalva quanto ao resultado, o BB Investimentos comentou que, apesar do resultado neutro no trimestre, os analistas seguem com perspectiva positiva para as ações 

Desempenho das ações: Na Bolsa, os papéis desabaram 5,65%, a R$ 35,22, depois de terem caído 6,24%, a R$ 35,00, na mínima do dia. O volume financeiro movimentado com a ação atingiu R$ 233,1 milhões, contra média diária de R$ 140 milhões nos últimos 21 pregões.

MDias Branco (MDIA3)
O resultado: A fabricante de alimentos dona das marcas Adria e Basilar registrou lucro líquido de R$ 184 milhões no segundo trimestre, uma queda de 3,5% em relação ao mesmo período de 2015, mas acima dos R$ 155,8 milhões projetados pelos analistas consultados pela Bloomberg. As vendas cresceram 18% na comparação ano a ano, com preços aumentando em 9%. O Ebitda avançou 26% na comparação anual, enquanto a geração de fluxo de caixa livre atingiu R$ 286 milhões, levando a alavancagem para 0 vez (menor nível histórico) no trimestre.

A análise: Para o BTG Pactual, o resultado foi “surpreendentemente forte”, com destaque para a margem Ebitda e para a alta nas vendas. Segundo os analistas, os custos menores de trigo com efeito do câmbio contribuíram no balanço. Com estes números, o banco revisou suas expectativas, elevando as projeções de Ebitda de 2016 e 2017 em 7% e 2% respectivamente, ficando agora 22% e 26% acima do consenso. Segundo eles, o valuation atual impede uma animação ainda maior com o papel. Já os analistas da Upside Investor comentaram que a companhia continua surpreendendo, com as ações em Bolsa não podendo agir diferentes, embora concordem que boa parte do desempenho já esteja precificada nos papéis. Eles recomendaram manutenção dos papéis, com valorizações expressivas adicionais podendo destravar movimento de realizações. Em entrevista AO VIVO hoje na InfoMoneyTV, o gestor André Vainer, fundador da Athena Capital, que administra R$ 140 milhões em ativos, disse que ainda é hora para comprar a ação

Desempenho das ações: As ações reagiram positivamente aos números na Bolsa hoje, atingindo alta de até 4,94% na máxima do dia, a R$ 123,99. Os papéis fecharam com ganhos de 4,62%, a R$ 123,61. 

Qualicorp (QUAL3)
O resultado: A companhia teve lucro líquido atribuído aos sócios de R$ 66,1 milhões, uma queda de 1,7% em relação ao mesmo período do ano passado. Enquanto isso, a receita líquida da empresa cresceu 16,5% no trimestre, a R$ 472,6 milhões. Já o Ebitda recuou 5,4%, a R$ 175,3 milhões, enquanto o Ebitda ajustado avançou 15,5%, para R$ 192,2 milhões.

As análises: Para o BTG Pactual, o resultado veio ligeiramente acima das expectativas, com ISS menor e maiores receitas de agenciamento ajudando o ticket médio, que cresceu 23% na comparação anual. Segundo os analistas, os custos com pessoal vieram um pouco pior, mas foram compensados por um menor nível de descontos financeiros e menores despesas com “stock option”. O BTG segue “achando que o principal desafio do case nos próximos meses é a taxa de rotatividade, especialmente depois de uma rodada de aumento de preço, mas corte de custo e despesas gerais devem assegurar bons resultados”.

Desempenho das ações: Apesar do resultado ligeiramente acima do esperado, as ações caíram na Bolsa hoje, atingindo na mínima do dia queda de 4,29%, a R$ 20,77. A queda no fim do dia ficou em 1,66%, a R$ 21,34. 

Duratex (DTEX3)
O resultado: O lucro líquido da Duratex caiu 98,1% em ano, ficando em R$ 723 mil no segundo trimestre, enquanto a receita líquida aumentou 4,9%, para R$ 1,013 bilhão, no mesmo período. A companhia teve queda de 2,8% na receita no mercado interno, e alta de 50,5% no externo. Já a geração de caixa medida pelo Ebitda caiu 13,5%, para R$ 210,45 milhões.

As análises: Para analistas do BTG Pactual, o resultado veio forte, com Ebitda 9% acima do esperado por conta de volumes maiores na divisão de madeira e Deca. A companhia segue se beneficiando de aumentos de preços, recuperação de volumes, controle de custos, menor capex e maiores exportações, comentaram. Apesar de bom, o resultado positivo já parece em parte no preço da ação, acreditano que o recente rali já precifica muito desse cenário (lembrando que o papel desconta hoje um Ebitda de R$ 1,3 bilhão, contra esperado de R$ 820 milhões em 2016).

Desempenho das ações: Apesar do resultado forte, as ações tiveram leve alta hoje. Os papéis subiram 0,62%, a R$ 9,74, mas saltaram 1,86% na máxima do dia, a R$ 9,86. Embora registrem ligeira valorização hoje, os papéis acumulam, desde o fundo deixado na Bolsa na metade de junho, ganhos de 33%. 

Porto Seguro (PSSA3)
O resultado: A Porto Seguro viu seu lucro líquido cair de R$ 273,26 milhões para R$ 171,59 milhões em um ano no segundo trimestre, com as despesas aumentando de R$ 3,52 bilhões para R$ 3,93 bilhões no período. Por outro lado, a receita líquida da companhia teve um avanço para R$ 3,93 bilhões, contra R$ 3,68 bilhões no segundo trimestre do ano passado.

As análises: O BTG Pactual comentou que o mercado já esperava um resultado fraco, mas os números ainda assim decepcionaram, destacando a queda de 37% do lucro líquido na comparação anual por conta de aumento grande de sinistralidade de auto. Em relatório divulgado nesta manhã, os analistas do banco alertaram que após alta recente na Bolsa, as ações poderiam devolver parte dos ganhos hoje.

Desempenho das ações: As ações da companhia desabaram 4,83%, a R$ 28,00, mas atingiram na mínima do dia desvalorização de 6,66% na Bolsa, a R$ 27,46. O volume financeiro alcançou R$ 35,91 milhões, contra média diária de R$ 12,6 milhões nos últimos 21 pregões.