A correção chegou: Ibovespa tem leve queda antes do Copom e interrompe sequência de 10 altas

Alta do petróleo e das bolsas mundiais não evitam que mercado faça a tão esperada realização de ganhos frente ao mais longo rali em seis anos

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em leve queda nesta quarta-feira (20), interrompendo uma longa sequência de altas do índice, que só fez subir durante 10 pregões, uma marca que não era alcançada desde 2010. A Bolsa caiu durante a maior parte do dia, tendo um leve alívio perto do meio dia com a divulgação de uma forte queda nos estoques de petróleo, que fez a commodity virar para alta e puxar as ações da Petrobras. No entanto, a cautela dos investidores, que esperam há muito tempo para realizar ganhos, ganhou força com as expectativas antes da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) e o índice acabou caindo.  

O Ibovespa teve leve queda de 0,21%, a 56.578 pontos. O volume financeiro negociado na Bovespa foi de R$ 7,177 bilhões. 

De acordo com Renan Alpiste, trader da Daycoval Investimentos, o movimento volátil da Bolsa hoje ocorreu por conta de um forte fluxo de capital dos estrangeiros. “O investidor chegou a se animar após os estoques, mas preferiu realizar ganhos depois”, disse ele, que ainda afirmou ver um grande ânimo dos investidores institucionais brasileiros, que têm mantido a Bolsa em alta nos últimos pregões. “Acho que o viés do mercado ainda é de alta, mas os investidores estão esperando uma correção há muito tempo”, explica.

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Já o dólar comercial acabou o pregão em baixa de 0,32% a R$ 3,2478 na compra e a R$ 3,2486 na venda, enquanto o dólar futuro para agosto tem leve recuo de 0,11% a R$ 3,258 no after-market. O câmbio praticamente não reagiu após o Banco Central colocar todo o lote de 10.000 contratos de swap cambial reverso ofertado entre as 9h30 e as 9h40.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2018 cai 4 pontos-base a 12,62%, ao passo que o DI para janeiro de 2021 recua 7 pontos-base a 11,89%. No caso dos DIs, a queda foi acentuada após o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, falar que o governo Temer vê com bons olhos uma redução da Selic.

Lá fora, as bolsas subiram impulsionadas pelos resultados corporativos melhores que o esperado de grandes empresas como a SAP, a ASML e a Volkswagen. Os índices norte-americanos Dow Jones e S&P 500 avançaram 0,19% e 0,43% respectivamente.

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Por aqui, jornais indicam que o contingenciamento de R$ 20 bilhões que o mercado esperava que o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, fosse anunciar essa semana, pode ser adiado e o TCU (Tribunal de Contas da União) vê risco financeiro em 74% das distribuidoras de energia. 

Fala de Eliseu Padilha
O ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, indicou uma posição favorável do governo Temer a um corte da taxa de juros nesta quarta, dia de decisão do Copom. Segundo ele, o presidente interino Michel Temer vê “com bons olhos” a redução das taxas.

“Se analisarmos todos os indicadores, vamos ver que os economistas do Brasil estão dizendo que forçosamente teremos queda nos juros. Isso agrada o presidente, e ele vê com bons olhos se nós pudermos [reduzir a taxa Selic]. Mas temos que respeitar a autonomia do BC. […] São economistas dizendo, agências de avaliação dizendo que o juro vai cair. O presidente vê com bons olhos [uma eventual redução], mas a palavra final é do BC”, declarou Padilha no Palácio do Planalto.

Estoques de petróleo
Os estoques de petróleo bruto na cidade de Cushing, Ocklahoma (EUA), caíram em 2,342 milhões de barris na semana passada, bem mais do que a expectativa mediana dos economistas, de queda 1,3 milhão de barris, mostrou a EIA (Energy Administration Information). Como os EUA são o maior consumidor mundial de petróleo, o comportamento de sua demanda é analisado de perto por investidores do mundo todo.

Copom
Hoje sai a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária), com o segundo dia de reunião começando às 14h30 com resultado a partir das 18h. A expectativa mediana dos economistas é de que a taxa básica de juros permaneça nos 14,25% ao ano. Segundo Álvaro Bandeira, economista-chefe do home broker da Modalmais, o comitê deve sinalizar a possibilidade de corte da Selic no longo prazo, no mesmo tom do comunicado anterior. “A inflação ainda está pressionada, então o BC provavelmente vai cortar só em outubro”, disse.

De acordo com o Relatório Focus, com projeções para os principais indicadores econômicos compiladas pelo Banco Central em diversas casas de análise, a Selic deve terminar 2016 em 13,25%, significando um corte de 100 pontos-base do patamar atual.

Ações em destaque
As ações da Petrobras (PETR3, R$ 13,65, -1,30%; PETR4, R$ 11,82, +0,34%) fecharam entre perdas e ganhos, mesmo movimento que fizeram o dia inteiro, acompanhando a volatilidade do petróleo, que virou para alta no fim da manhã após a EIA mostrar uma queda nos estoques da commodity. Neste momento, o contrato Brent avançava 0,69%, a US$ 48,51 o barril, enquanto o WTI (West Texas Intermediate) subia 0,45%, a US$ 44,85 o barril, ambos no after-market.

No radar, a Petrobras está inclinada a reformular venda da BR Distribuidora, disse a Reuters citando duas fontes, após uma recente rodada de ofertas recebidas ter colocado um preço baixo pela unidade de distribuição de combustíveis. Discussões preliminares do Conselho de Administração e da direção da estatal têm convergido para um compartilhamento do controle da BR Distribuidora a fim de obter maior valor no negócios. O plano inicial de vender uma fatia minoritária possivelmente foi um dos principais motivos para as ofertas recebidas decepcionantes, disse a fonte.

As maiores baixas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano
 KROT3 KROTON ON 14,95 -5,02 +57,51
 BVMF3 BMFBOVESPA ON 19,35 -4,21 +78,73
 FIBR3 FIBRIA ON 20,26 -3,15 -60,26
 ESTC3 ESTACIO PARTON 18,49 -2,99 +36,89
 JBSS3 JBS ON 10,41 -2,98 -11,75

Já a Vale (VALE3, R$ 16,51, -1,96%; VALE5, R$ 13,63, -0,37%) caiu junto com o minério de ferro. A commodity spot com 62% de pureza e entrega no porto de Qingdao teve um recuo de 0,48% a US$ 55,75 a tonelada seca. 

As maiores altas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano
 SMLE3 SMILES ON 52,83 +7,77 +62,92
 CCRO3 CCR SA ON 17,73 +2,96 +44,21
 USIM5 USIMINAS PNA 2,49 +2,89 +60,65
 KLBN11 KLABIN S/A UNT N2 16,12 +2,68 -30,81
 BRML3 BR MALLS PARON 14,15 +2,61 +65,72

Dentro do setor mais pesado no Ibovespa, o financeiro, bancos grandes fecharam em alta. Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 34,36, +1,57%), Bradesco (BBDC3, R$ 29,80, +0,85%; BBDC4, R$ 29,03, +0,87%) e Banco do Brasil (BBAS3, R$ 21,35, +2,01%) registraram ganhos. Juntas, as quatro ações respondem por pouco mais de 20% da participação na carteira teórica do nosso benchmark.

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1
 PETR4 PETROBRAS PN 11,82 +0,34 555,22M
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN 34,36 +1,57 440,83M
 BBAS3 BRASIL ON 21,35 +2,01 338,12M
 BVMF3 BMFBOVESPA ON 19,35 -4,21 281,35M
 BBDC4 BRADESCO PN 29,03 +0,87 267,60M
 VALE5 VALE PNA 13,63 -0,37 260,83M
 ITSA4 ITAUSA PN 8,38 -0,36 204,76M
 ABEV3 AMBEV S/A ON ED 19,12 -0,26 190,45M
 BBSE3 BBSEGURIDADEON 30,07 +1,28 159,45M
 RUMO3 RUMO LOG ON 5,90 -1,50 158,16M

* – Lote de mil ações 
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
 

Fluxo cambial
O fluxo cambial brasileiro registrou resultado negativo de US$ 636 milhões em julho até o dia 15, informou nesta quarta-feira, 20, o Banco Central. Em junho, as remessas foram US$ 3,560 bilhões maiores do que as entradas, com destaque de maior quantidade de envios na última semana do mês.

A saída de dólares pelo canal financeiro em julho até o dia 15 foi de US$ 2,391 bilhões, resultado de entradas no valor de US$ 15,086 bilhões e de retiradas no total de US$ 17,478 bilhões. Este segmento reúne os investimentos estrangeiros diretos e em carteira, remessas de lucro e pagamento de juros, entre outras operações.

Já no comércio exterior, o saldo da primeira quinzena de julho ficou positivo em US$ 1,755 bilhão, com importações de US$ 4,900 bilhões e exportações de US$ 6,655 bilhões. Nas exportações, estão incluídos US$ 1,057 bilhão em Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC), US$ 2,036 bilhões em Pagamento Antecipado (PA) e US$ 3,561 bilhões em outras entradas.