Rumores sobre fusões levam 3 ações para disparada de até 24%; Oi salta 20% e CSN sobe 7%

Confira os principais destaques de ações da Bovespa nesta quinta-feira

Paula Barra

Fachada da Estácio, uma das empresas da Yduqs (Divulgação)

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SÃO PAULO – O Ibovespa ganhou força nesta quinta-feira (2), com a recuperação das ações ligadas a commodities. Petrobras, Vale e siderúrgicas subiram até 6% nesta sessão. Com investidores animados com notícias do cenário interno, somente 14 das 59 ações do índice registravam queda.  

Nesta sessão, o mercado reagiu positivamente à aprovação da DRU (Desvinculação das Receitas da União) na Câmara, em primeiro turno, na madrugada de hoje. Operadores também consideram positivo o resultado da produção industrial, que avançou 0,1% em abril, contra estimativa de queda de 0,9%. 

Investidores ficaram atentos também ao noticiário corporativo: 3 ações dispararam até 24% nesta sessão em meio a rumores sobre fusões. A Kroton disse que estuda uma união com a Estácio, enquanto coluna do jornal O Globo informou que a Restoque deve anunciar fusão com a Inbrands entre hoje e amanhã

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Confira abaixo os principais destaques de ações da Bovespa nesta sessão:

Petrobras (PETR3, R$ 10,70, +2,79%; PETR4, R$ 8,40, +2,69%)
As ações da Petrobras viraram para alta nesta tarde, seguindo os preços do petróleo no mercado internacional, que sofreram reviravolta nesta tarde. Depois de afundar pela manhã por conta da falta de acordo na última reunião da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), os preços da commodity passaram a subir forte, mas perderam força perto do fechamento. O contrato do petróleo Brent registrou alta de 0,26%, a US$ 49,85 o barril, enquanto o WTI caía 0,08%, a US$ 48,97 o barril. 

Além disso, a EIG Management e 8 dos fundos sob sua gestão adicionaram várias companhias, incluindo Keppel e Keppel Offshore & Marine como réus em ação judicial contra Petrobras aberta no tribunal no Distrito de Columbia, nos EUA, segundo comunicado da Keppel. EIG alega que os réus participaram de uma conspiração ilegal para induzir a empresa a investir US$ 221 mi na Sete Brasil Participações. A Keppel diz que nega essas alegações sem fundamentos e afirma que vai se defender na ação.

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Nesta manhã, Pedro Parente recebe o cargo de presidente da estatal em cerimônia na sede da empresa no Rio de Janeiro. Ontem, Parente tomou posse como presidente da estatal durante cerimônia realizada no Palácio do Planalto, em Brasília. Parente afirmou hoje que a Petrobras é uma companhia que não pode se negar a enfrentar os problemas que têm pela frente (veja mais clicando aqui). 

Estácio (ESTC3, R$ 13,71, +23,74%) e Kroton (KROT3, R$ 12,73, +13,56%)
As ações da Estácio e Kroton dispararam nesta sessão e lideraram os ganhos do Ibovespa. No radar, a Kroton, maior empresa de educação do mundo, contratou o banco de investimento Itaú BBA para assessorá-la numa oferta pela rede carioca Estácio, segundo informações da revista Exame. Segundo informações de hoje da Reuters, o conselho de administração da Estácio pode se encontrar essa semana para discutir acordo com a Kroton. 

Em comunicado divulgado nesta manhã, a Kroton disse que vem estudando internamente e de forma sigilosa uma potencial combinação de seus negócios com a Estácio e “acredita que a mesma traria benefícios para ambas as empresas, seus negócios, alunos, acionistas e demais stakeholders”. A Estácio, por sua vez, disse que tomou conhecimento do interesse da Kroton somente hoje em apresentar proposta de combinação de negócios das empresas, não havendo quaisquer entendimento em curso pela administração da companhia com a Kroton. 

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Para o Bradesco BBI, a união dos negócios das duas empresas faz sentido. “Bom para a Kroton, ótimo para a Estácio”, disseram os analistas Luis Azevedo e Tales Freire, do banco. Além disso, eles apontam que a Kroton deve ter que pagar um valor maior para a Estácio para fechar o negócio, dado que a ação da empresa está “barata” olhando pelo múltiplo P/L (preço sobre lucro) – a Estácio negociando a 6,1 vezes o P/L projetado para 2016 versus a Kroton negociando a 9,3 vezes – e porque o estatuto social da Estácio exige o uso de valor econômico em eventos de aquisição de controle. 

Já a equipe de análise da XP Investimentos comentou que o acordo pode ser interessante, principalmente por conta do ótimo histórico de captação de sinergia em fusões e aquisições da Kroton. No entanto, questões sobre concentração serão levantadas, principalmente na parte de EAD. Logo, o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) deverá ser monitorado de perto caso de fato a aquisição esteja sendo discutida. Em termos de dinâmica de preço, podemos esperar um desempenho melhor de Estácio, que ficou bem para trás em termos de valuation recentemente, comentou a XP.

Em comunicado divulgado nesta manhã, a Kroton disse que vem estudando internamente e de forma sigilosa uma potencial combinação de seus negócios com a Estácio e “acredita que a mesma traria benefícios para ambas as empresas, seus negócios, alunos, acionistas e demais stakeholders”. A Estácio, por sua vez, disse que tomou conhecimento do interesse da Kroton somente hoje em apresentar proposta de combinação de negócios das empresas, não havendo quaisquer entendimento em curso pela administração da companhia com a Kroton. 

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De acordo com a Exame, as negociações ainda não começaram — mas a Kroton pretende levar uma proposta formal aos conselheiros da Estácio nas próximas semanas. A revista ainda afirma que, caso o conselho da Estácio barre a proposta, é possível que Rodrigo Galindo, presidente da Kroton, faça uma oferta hostil pelo controle, ou seja, encaminhar uma proposta diretamente aos acionistas da empresa.

Banco do Brasil (BBAS3, R$ 16,90, +1,99%)
Segundo reportagem da Exame, o governo estuda dividir a Caixa Econômica Federal e fusão com o Banco do Brasil. Sem revelar como obteve a informação, a revista aponta que a equipe econômica retomou estudos iniciados nos anos 1990 para tornar a Caixa menor e centrada em negócios imobiliários. Negócios como seguradora, cartões, crédito para empresas e varejo seriam fundidos às operações do Banco do Brasil, disse a publicação.  

Vale (VALE3, R$ 14,95, +3,60%; VALE5, R$ 11,72, +3,35%)
As ações da Vale subiram forte apesar da queda do minério de ferro nesta sessão. A commodity no mercado à vista recuou 0,45% no porto Qingdao, na China, indo para US$ 48,18 a tonelada. Acompanharam o movimento da Vale as ações da Bradespar (BRAP4, R$ 7,20, +3,45%) – holding que detém participação na mineradora.  

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Seguiram o desempenho também as ações das siderúrgicas, com CSN (CSNA3, R$ 6,81, +6,91%), Gerdau (GGBR4, R$ 5,75, +1,95%), Metalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 2,01, +3,08%) e Usiminas (USIM5, R$ 1,72, +3,61%). 

No radar da Vale, o governo Michel Temer planeja trocar Murilo Ferreira no comando da mineradora, diz o jornal Valor. O principal motivo da troca no comando da Vale é que Murilo Ferreira é ligado à presidente afastada Dilma Rousseff. Temer está sendo pressionado especialmente pelo PMDB de Minas Gerais, diz o jornal. Outros setores também manifestaram insatisfação com a Vale, mas Temer ainda não tomou decisão a respeito. O tema ainda não foi tratado pelos acionistas controladores, segundo o jornal. Tito Martins e José Carlos Martins, ex-diretores da Vale, estão entre nomes cotados para o posto de Ferreira, afirmou a publicação. A escolha do presidente da Vale tem de passar pelo consenso de pelo menos 3 controladores e pode não avançar sem o apoio do Bradesco, dos fundos de pensão, do BNDESPar e da Mitsui. O contrato de Ferreira foi renovado até abril de 2018, informou a publicação.

Duarte Júnior, prefeito de Mariana, encontrou-se com o presidente em exercício Michel Temer ontem para discutir a potencial retomada de operações da Samarco, joint venture da Vale e BHP, disse Júnior, em entrevista para a Bloomberg por telefone.

O prefeito disse que Temer ajudará a organizar encontro com governador de Minas Gerais e o estado é o responsável por aprovação ou rejeição de retorno porque foi uma agência estadual que suspendeu a operação da companhia. Júnior destacou importância de mina para economia local. Após o ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, afirmar no mês passado que não aprovaria volta de Samarco, prefeito disse que decisão não cabe ao ministro.

Júnior também procura ajuda de Temer para alterar acordo assinado em março, incluindo assistência para serviços básicos de Mariana. A Operação da Samarco foi paralisada em novembro, quando barragem de rejeitos da empresa se rompeu e matou 19 pessoas, além de contaminar vias navegáveis. A Samarco quer retomar pelo menos 60% da produção para ajudar a gerar recursos para pagar os cerca de R$ 12 bilhões do acordo em 15 anos para reparação de danos e assistência às vítimas Como parte de acordo com governo, companhia concordou em pagar R$ 4,4 bilhões durante próximos três anos.

Restoque (LLIS3, R$ 4,24, +16,16%)
As ações da small cap Restoque – dona das marcas Le Lis Blanc, Bo.Bô, John John e Rosa Chá – dispararam com rumor de fusão com a Inbrands, que tem em seu portfólio a Ellus, Salinas, VR, Richards e Herchovitch, entre outras. Segundo coluna de Lauro Jardim, do jornal O Globo, os dois maiores grupos de moda do País devem anunciar fusão entre hoje e amanhã. De acordo com a publicação, o conselho de administração da Restoque aprovou ontem a fusão com a Inbrands.

Acompanharam o desempenho positivo outras ações do setor de varejo, como Guararapes (GUAR4, R$ 51,39, +9,25%) e Lojas Renner (LREN3, R$ 21,90, +3,06%).

As beneficias por Selic menor
Subiram forte nesta sessão também as ações que ganham com uma Selic menor, com o mercado vendo como bastante provável uma queda dos juros, já que ao mesmo tempo que a inflação ensaia os primeiros passos de uma desaceleração, a economia do País continua patinando, e mostra que precisa de estímulos.

Nesse cenário, ganham empresas alavancadas (principalmente se a dívida for atrelada ao CDI), como varejistas, concessionárias, imobiliárias, empresas de perfil defensivo e as boas pagadoras de dividendos (confira a lista completa das empresas que ganham com a Selic menor clicando aqui). Dentre elas, destaque hoje para os papéis da Multiplan (MULT3, R$ 57,00, +4,74%), BR Malls (BRML3, R$ 11,93, +3,29%) e Aliansce (ALSC3, R$ 13,03 +5,25%). 

B2W (BTOW3, R$ 9,44, -0,63%) 
As ações da B2W seguiram para sua terceira queda na Bovespa, após saída do MSCI Brazil na virada do mês. Na mínima do dia, os papéis da varejista online atingiram desvalorização de 6,53%, a R$ 8,88, indo para o menor patamar desde julho de 2013.   

BM&FBovespa (BVMF3, R$ 16,20, +1,00%)
De acordo com a revista Exame, o presidente da BM&FBovespa, Edemir Pinto, deixará o cargo para presidir o Conselho de Administração. 

Oi (OIBR4, R$ 1,07, +8,08%)
As ações da Oi dispararam nesta sessão, atingindo na máxima do dia alta de 26,26%, a R$ 1,25. Acompanharam o desempenho o volume financeiro movimentado com o papel, que alcançou R$ 28,4 milhões, contra média diária de R$ 2,45 milhões nos últimos 21 pregões. 

No radar, o projeto de lei 3453 que foi aprovado ontem na Comissão de Ciência e Tecnologia na Câmara. Segundo o BTG Pactual, dos players listados na Bovespa, Oi e Telefônica (VIVT4, R$ 41,60, 0,0%) seriam as mais beneficiadas pela notícia. 

Os analistas do banco lembram que esse projeto de lei foi apresentado pelo Deputado Daniel Vilela do PMDB em novembro do ano passado e vai bem em linha com o que foi proposto pela Anatel/Minicom sobre uma solução para as concessões de linha fixa no Brasil.

Segundo eles, caso seja convertido em Lei, a Anatel estaria autorizada a mudar o modelo atual de concessão para o de autorização em todo o território nacional, se duas condições básicas forem respeitadas: 1) competição efetiva (não somente em telefonia fixa, mas também em serviços e aplicações substitutos – o que é bastante importante uma vez que a competição na telefonia móvel está presente em quase todas as regiões do Brasil); e 2) cumprimento das metas de universalização na prestação das diversas modalidades do Serviço Telefônico Fixo Comutado – STFC.

Além disso, se aprovado, os analistas comentam que isso traria uma outra importante discussão para a mesa – bens reversíveis. E ao menos pela diretriz proposta pelo projeto de lei, o cálculo do valor dos bens reversíveis seria feito de uma maneira bastante amigável para as concessionárias e revertido em investimentos em infraestrutura de alta capacidade.