Mesmo perdendo força da máxima, Ibovespa sobe pela 1ª vez em 9 pregões; dólar e DI saltam

SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em leve alta nesta quarta-feira (25), seguindo o roteiro das últimas semanas de subir de manhã e amenizar ganhos à tarde. A perda de força aconteceu ao mesmo tempo em que saiu relatório da agência de rating Moody’s bastante pessimista em relação com o Brasil. Lá fora, as bolsas norte-americanas fecharam em alta de 1%. Por aqui, o governo do presidente interino, Michel Temer, teve a sua primeira vitória com a aprovação da nova meta fiscal no Congresso. 

O benchmark da bolsa brasileira teve alta de apenas 0,28%, a 49.483 pontos, se distanciando dos ganhos de 2,05% da máxima do dia. Foi a primeira alta da Bolsa em nove pregões. O volume financeiro negociado na Bovespa foi de R$ 5,517 bilhões. Já o dólar comercial ganhou força no fim do pregão e teve alta de 0,61% a R$ 3,5961 na compra e a R$ 3,5974 na venda, enquanto o dólar futuro para junho registrou ganhos de 0,82% a R$ 3,606. No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2017 opera em leve alta de 2 pontos-base a 13,69%, ao passo que o DI para janeiro de 2021 vira para alta de 17 pontos-base a 12,77%.

O trader da Daycoval Investimentos, Renan Alpiste, acredita que a alta da Bolsa hoje se deve mais ao cenário doméstico do que à força do exterior. “O investidor estrangeiro já tirou muito dinheiro daqui e o déficit que foi aprovado ontem é um sinal bem favorável hoje para o mercado”, afirma. Segundo ele, as medidas anunciadas vão repercutir em todas as contas do governo. “Para continuar a subir, depende do desenrolar dessas medidas e dos próximos passos do Federal Reserve”, explica.

Apesar disso, o mercado segue tenso sobre os efeitos do que está sendo anunciado, o que traz volatilidade tanto ao índice quanto ao dólar. Boa parte deste sentimento foi catalizado por relatório da agência de classificação de risco Moody’s. Segundo o texto da agência, a nova meta fiscal mostra a gravidade da crise e as opções limitadas do governo. 

Apesar das questões, a Bolsa sustentou os ganhos, enquanto o dólar acabou virando para alta. “Votação desta madrugada no Congresso, que aprovou nova meta fiscal, ainda não foi teste relevante da magnitude de apoio ao governo interino”, disse para a Bloomberg o analista político da Tendências Consultoria Integrada, Rafael Cortez.

Moody’s
A revisão da meta fiscal para um déficit primário para este ano equivalente a 2,8% do PIB, ou R$ 170,5 bilhões, ilustra a gravidade da crise fiscal que o governo enfrenta, aponta Samar Maziad, analista sênior para ratings soberanos da Moody’s.

Em comentário enviado por e-mail, ela destaca que “as medidas fiscais propostas são necessárias para reverter a tendência macroeconômica negativa e conter o grande déficit fiscal, mas destacam as opções limitadas disponíveis do governo.”

De acordo com Samar, “a implementação dessas reformas continuam sujeitas a incerteza política, o que está contemplado pela perspectiva negativa e rating Ba2 do Brasil.”

Caged
O Brasil fechou 62.844 vagas formais de trabalho em abril, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgado pelo Ministério do Trabalho nesta quarta-feira.

Em pesquisa Reuters, analistas estimaram o fechamento de 40 mil empregos no mês, pela mediana das expectativas.

Ações em destaque
As ações da Vale (VALE3, R$ 14,66, +4,56%; VALE5, R$ 11,63, +2,47%) subiram hoje, acompanhando o dia positivo do Ibovespa, mas descolando do movimento do minério de ferro desta sessão. O minério de ferro à vista, negociado no porto de Qingdao (na China) com 62% de pureza, fechou em queda de 1,85%, a US$ 50,41 a tonelada seca. 

No radar da companhia, a Vale informou que aprovou o encerramento do seu programa de listagem na Bolsa de Valores de Hong Kong. Os ativos da companhia serão deslistados efetivamente às 9h (horário de Hong Kong) do dia 28 de julho. Em comunicado enviado ao mercado, a mineradora disse que o encerramento do programa de listagem dos ativos na Bolsa de Hong Kong está em linha com sua estratégia de simplificação.

As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

As ações da Petrobras (PETR3, R$ 11,10, +0,09%; PETR4, R$ 8,67, +1,64%) tiveram ganhos acompanhando a alta dos preços do petróleo no mercado internacional. Lá fora, o petróleo Brent subiu 2,42%, a US$ 50,37 o barril. Entre os destaques para a estatal, a ANP informou que a estatal encontrou petróleo no campo de Libra, na Bacia de Santos, no poço offshore 3BRSA1339ARJS. A descoberta ainda não foi declarada comercialmente viável. 

A estatal comunicou ainda que a refinaria Pasadena, próxima a Houston, paralisou unidade para manutenção para resolver problema de vibração no compressor de gás úmido. A refinaria reportou “flaring” na unidade FCC durante a paralisação.

 Além disso, a superintendência-Geral do Cade avalia que há configuração de infração da ordem econômica pela Petrobras, White Martins e GNL Gemini consistente em discriminação anticompetitiva no fornecimento de gás natural, segundo despacho
publicado no Diário Oficial. A decisão é desdobramento de denúncia feita pela Comgás, que alega que Petrobras estaria fornecendo gás natural a condições mais benéficas para Consórcio Gemini, o que não estaria sendo ofertado à Comgás e outras empresas de distribuição de gás natural.

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

Por outro lado, dentro do setor mais pesado no Ibovespa, o financeiro, bancos grandes caíram. Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 30,01, -0,46%) e Bradesco (BBDC3, R$ 25,97, -0,38%; BBDC4, R$ 24,42, -0,41%) recuaram, mas Banco do Brasil (BBAS3, R$ 16,45, +2,94%) subiu. Juntas, as quatro ações respondem por pouco mais de 20% da participação na carteira teórica do nosso benchmark. 

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram :

^* – Lote de mil ações 
¹ – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão) 

Votação da meta fiscal
Em uma sessão que durou mais de 16 horas, o Congresso Nacional aprovou hoje de madrugada, em votação simbólica, o projeto com a revisão da meta fiscal para 2016. O texto autoriza o governo federal a fechar o ano com um déficit primário de até R$ 170,5 bilhões nas contas públicas. Apesar de o texto não detalhar os cortes, do total de R$ -170,5 bilhões, R$ -163,9 bilhões dizem respeito ao déficit para o setor público não financeiro para o Governo Central, dos quais R$ 114 bilhões referem-se ao déficit fiscal, acompanhado de R$ 21,2 bilhões de descontigenciamento de receitas; R$ 9 bilhões para obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC); R$ 3,5 bilhões para o Ministério da Defesa; R$ 3 bilhões para a Saúde; R$ 13,3 bilhões para renegociação de dívidas dos estados e outras despesas. Também entram no cálculo RS 6,554 bílhões para os estados e municípios.

Véspera de feriado
Por conta do feriado de Corpus Christi, a BM&FBovespa ficará fechada na quinta-feira (26). Como as bolsas nos outros países do mundo se manterão abertas, será importante ficar de olho nos ADRs (American Depositary Receipts) no feriado, de modo que alguns investidores preferirão zerar posições hoje a acordar na sexta-feira (27) com um gap a ser coberto na ação que tem em carteira por causa do comportamento do seu ADR no dia anterior.

Estoques de petróleo
Além disso, destaque para o dado da semana de estoques de petróleo em Cushing, Oklahoma, que saiu às 11h30 e mostrou uma queda de 4,23 milhões de barris, contra uma estimativa de recuo de 1,66 milhão de barris. Na semana anterior, houve uma alta de 1,31 milhão de barris.

Gravação comprometendo Renan
Após o caso Romero Jucá, foram divulgadas gravações do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado com o presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL), como já havia sido noticiado que iria ocorrer. Entre os destaques da conversa, divulgada pelo jornal Folha de S. Paulo, Renan afirma que apoia uma mudança na lei que trata da delação premiada de forma a impedir que um preso se torne delator. Os diálogos foram gravados por Machado a partir de março, mas a data da conversa com o presidente da Casa não foi revelada. Veja mais clicando aqui.