PwC resiste a assinar balanço de fundo da Petrobras e Fitch rebaixa 7 empresas; balanços e mais

Destaque ainda para recomendações: a Copasa foi elevada de manutenção para compra pelo Santander e a Raia Drogasil foi elevada para compra pelo HSBC

Lara Rizério

(Bloomberg)

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SÃO PAULO – Os olhos do mercado estarão voltados para a votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff no Senado, mas o cenário corporativo também está bastante movimentado, com destaque para a temporada de balanços. Confira os destaques desta quarta-feira (11):

Fitch rebaixa empresas brasileiras
A Petrobras (PETR3;PETR4) informou que a agência de classificação de risco Fitch revisou o nível de risco (rating) da dívida da estatal de BB+ para BB, com perspectiva negativa. A Eletrobras também teve suas notas de crédito de longo prazo em moeda estrangeira e local cortadas de ‘BB’ para ‘BB-’ , com perspectiva negativa. 

A Fitch também rebaixou a companhia farmacêutica Aché, a Cielo (CIEL3), a Comgás (CGAS5), a Localiza (RENT3) e a Taesa (TAE11), todas de ‘BBB-’ para ‘BB+’, com perspectiva negativa. Com o corte, as cinco empresas perderam seu grau de investimento.

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Petrobras
Segundo o Estadão, assim como ocorreu com a Petrobras em 2014, a Petros, sua fundação de seguridade social, está com dificuldade de fechar o balanço financeiro anual porque a empresa de auditoria PwC resiste a assinar o documento. A contabilidade foi concluída, mas investimentos duvidosos, questionados em investigação interna da Petros, estão levando a PwC a ser mais rigorosa.  

A Petros informou em janeiro à Petrobras que faltam US$ 6 bilhões em seu caixa para dar conta do compromisso firmado com os empregados da petroleira nos próximos anos. Parte do rombo decorre de maus investimentos no mercado financeiro e em participações em empresas de alto risco, como a operadora de plataformas Sete Brasil, que entrou com pedido de recuperação judicial na semana passada. De olho nas possíveis irregularidades e temerosa de ter sua credibilidade questionada, segundo fontes, a auditora PwC tem sido minuciosa na análise do balanço da Petros e exigido muitos documentos para evitar questionamentos. Procurada, a PwC não comentou o assunto. 

A Petros, tradicionalmente, conclui seu balanço anual em abril. Neste ano, corre contra o tempo para cumprir o prazo de 31 de julho imposto pela Superintendência de Previdência Complementar (Previc), reguladora dos fundos de pensão. Oficialmente, a Petros afirma que não há atraso na conclusão das demonstrações de 2015, “que serão divulgadas dentro do prazo planejado e da data limite”.  O cronograma de publicação, no entanto, chegou a ser tratado em reunião entre representantes do conselho fiscal da Petros e do conselho de administração da Petrobras no dia 15 de abril. Diante do apelo, os conselheiros da Petros receberam da patrocinadora a indicação de que uma mensagem seria enviada à diretoria da fundação pedindo que, daqui para a frente, seu balanço financeiro seja publicado antes do da Petrobrás, para evitar distorções em sua contabilidade.

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Se o número final a ser divulgado pela Petros for muito diferente do informado à petroleira em janeiro, a Petrobras será obrigada a republicar o balanço aprovado por acionistas em assembleia realizada neste mês. “A Petrobras dificilmente terá de republicar o seu resultado de 2015, o que seria uma medida traumática para a empresa. Provavelmente, qualquer mudança ou aporte (na fundação) serão remetidos ao balanço de 2016, a tempo suficiente do dólar e do mercado acionário se recuperarem”, avaliou o especialista em seguridade Ricardo Weiss, da consultoria Rweiss.

A Petrobras admite, porém, falhas no cálculo atuarial da Petros que podem exigir novos aportes. No relatório 20-F, em que comenta suas demonstrações de 2015 e os riscos do negócio à agência reguladora dos EUA (SEC), a petroleira admite que o compromisso com o plano de pensão e com o seu plano de assistência médica (AMS) “pode ser maior do que o previsto, e podemos ser obrigados a fazer contribuições adicionais de recursos para Petros”. Se for o caso, um novo aporte deverá ser negociado com a Previc 60 dias após a apresentação do balanço da Petros. O pagamento pode ser parcelado em décadas.

Banco Pine
O lucro líquido do Banco Pine (PINE4) somou R$ 8,3 milhões no primeiro trimestre de 2016, o ROAE atingiu 2,9%, enquanto a carteira de crédito somou R$ 6,61 bilhões. O balanço líquido com caixa equivalente a R$ 1,5 bilhão, ou 53% dos depósitos a prazo.

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BTG Pactual
O BTG Pactual (BBTG11) teve lucro líquido acima das previsões do mercado no primeiro trimestre, mostrando os resultados bem sucedidos do banco de investimentos para lidar com os desdobramentos da prisão de seu fundador André Esteves. O grupo anunciou nesta terça-feira que teve lucro líquido de 1,071 bilhão de reais no período, alta de 25,4 por cento ante mesma etapa do ano anterior. A previsão média de analistas ouvidos pela Reuters era de lucro de 980 milhões de reais.

As receitas do grupo somaram 3,612 bilhões de reais, alta de 84,2 por cento na comparação anual e de 3 por cento sobre o trimestre anterior. O retorno anualizado sobre o patrimônio, que mede como banco remunera o capital de acionistas, ficou em 18,8 por cento, 0,8 ponto percentual maior sobre um ano antes. Por linhas de negócio, a de wealth management deu um salto de 1025 por cento em um ano, dada a consolidação do números do braço suíço BSI. A receita da área de sales and trading também avançou 67 por cento. Na outra ponta, o segmento principal investments, de investimentos proprietários, teve resultado negativo de 519 milhões de reais, 16,9 por cento pior em um ano.

Os recursos sob gestão fecharam março em 135,6 bilhões de reais, baixa de 37 por cento sobre um ano antes e de 30 por cento na base sequencial, refletindo os resgates de clientes, na esteira da prisão de Esteves, em novembro. Desde então, o BTG Pactual vem se desfazendo de ativos e vendeu o controle de negócios como o da empresa de recuperação de créditos Recovery e do próprio BSI. Na mesma linha, a carteira de empréstimos do grupo fechou o trimestre 72,5 bilhões de reais, queda de 8,3 bilhões sobre dezembro, com os esforços do BTG Pactual para reforçar a liquidez, vendendo parte das operações de crédito a outros bancos para fortalecer os níveis de liquidez.

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Além disso, a EFG International precificou uma oferta pública por novas ações remanescentes a 6,12 francos suíços por papel, disse o banco nesta quarta-feira, parte de esforços para financiar a compra por 1,33 bilhão de francos do suíço BSI.

Como parte do acordo para comprar o BSI do brasileiro BTG Pactual, a EFG disse que o BTG assumiria fatia de 20 a 30 por cento na EFG. Agora, a instituição financeira espera que o BTG detenha participação de 30 por cento no banco baseado em Zurique.

CCR
A companhia de concessões de infraestrutura CCR (CCRO3) teve lucro líquido de 247,5 milhões de reais no primeiro trimestre, alta de 24,4 por cento ante mesma etapa de 2015. O tráfego consolidado nas rodovias da CCR caiu 3,2 por cento no período, a 243,3 milhões de veículos equivalentes, enquanto a tarifa média aumentou 9,1 por cento, a 6,11 reais por veículo equivalente, informou a companhia nesta terça-feira.

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A CCR teve receita líquida de 1,636 bilhão de reais no trimestre, alta de 13,9 por cento sobre mesma etapa de 2015. O resultado financeiro da CCR foi negativo em 455,8 milhões de reais, ante negativo em 341,6 milhões de reais um ano antes. Já o resultado operacional da medido pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês), somou 992,4 milhões de reais em termos ajustados, aumento de 15,4 por cento no comparativo anual.

O Itaú BBA espera reação neutra a resultado operacional em linha, exceto pelo resultado líquido, que superou em 22,3% a projeção dos analistas.

Restoque
A Restoque (LLIS3), dona das marcas Le Lis Blanc, Dudalina, Bo.Bô, John John e Rosa Chá, fechou o primeiro trimestre com prejuízo líquido de R$ 24,2 milhões, ante lucro líquido de R$ 15 milhões em igual período do ano passado. A receita líquida caiu 16% no trimestre, para R$ 248,6 milhões.

O Itaú BBA destaca resultados negativos, com desempenho pior que esperado em vendas mesmas lojas e Ebitda como resultado de obstáculos de execução’’; resultados de curto prazo estarão sob pressão por conta da execução falha e do
ambiente de consumo negativo. A companhia foi rebaixada de neutra para underperform pelo Bradesco BBI.

Cyrela
A Cyrela Brazil Realty (CYRE3) encerrou o primeiro trimestre com lucro líquido de 61 milhões de reais, queda de 39,1 por cento sobre o mesmo período do ano anterior, em meio ao recuo das vendas e citando a fraqueza da economia brasileira. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) totalizou 93 milhões de reais, baixa de 39,3 por cento na mesma base de comparação, divulgou a incorporadora durante a madrugada desta quarta-feira.

A Cyrela disse que janeiro e fevereiro tiveram resultados de vendas abaixo de 2015, com março mostrando recuperação sobre o primeiro bimestre, “mas nada que possamos comemorar”. A vendas somaram 544 milhões de reais no primeiro trimestre, queda de 24,8 por cento na comparação anual. Em 12 meses, o indicador vendas sobre oferta totalizou 32,2 por cento, ante 33,1 por cento nos três meses imediatamente anteriores e 42 por cento no primeiro trimestre de 2015.

A receita líquida ficou em 811 milhões de reais de janeiro a março, queda de 21,7 por cento sobre um ano antes. Por conta da menor entrada de recursos, a Cyrela teve consumo de caixa operacional de 13 milhões de reais no trimestre, contra geração de caixa de 403 milhões de reais no mesmo intervalo do ano passado. Já os lançamentos aumentaram em 32,6 por cento ano a ano e encerraram março em 613 milhões de reais. Dos seis empreendimentos lançados no trimestre, quatro foram em São Paulo, um no Rio de Janeiro e um em Minas Gerais. O estoque a valor de mercado somou 6,48 bilhões de reais ao fim do primeiro trimestre.

Iguatemi
 A administradora de shoppings Iguatemi (IGTA3) teve lucro líquido de R$ 38,712 milhões no primeiro trimestre de 2016, ante R$ 45,128 milhões apurados no mesmo período de 2015, o que representou uma queda de 14,2% na comparação anual.

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ficou em R$ 129,024 milhões nos três meses iniciais de 2016, avanço de 25,7% na comparação com os R$ 102,649 milhões do igual trimestre do ano passado. A margem Ebitda ficou em 80,4% no primeiro trimestre, ante 69,1% na comparação anual.

A receita líquida entre janeiro e março somou R$ 160,487 milhões, alta de 8,0% frente ao mesmo período de 2015. O Fluxo de Caixa Operacional (FFO) registrou R$ 66,559 milhões no primeiro trimestre do ano, queda de 4,2% na relação anual. A margem FFO saiu de 46,7% no começo de 2015 para 41,5% no trimestre inicial de 2016.

Vanguarda Agro
A Vanguarda Agro (VAGR34) fechou o primeiro trimestre de 2016 com um lucro líquido de R$ 2,94 milhões, ante um prejuízo de R$ 1,3 milhão na comparação anual. A receita líquida caiu 17% no período, para R$ 331,34 milhões, enquanto o Ebitda totalizou R$ 26,87 milhões, queda de 63,7% frente ao primeiro trimestre de 2015.

Tegma
A Tegma (TGMA3) teve prejuízo líquido de R$ 1,9 milhão no primeiro trimestre de 2016, ante lucro de R$ 8 milhões na base de comparação anual A piora do resultado refletiu, principalmente, a queda de 23% nas vendas de veículos, para 559 unidades. A receita caiu 28,8% no trimestre para R$ 202,9 milhões. 

Copasa
A Copasa (CSMG3) foi elevada de manutenção para compra pelo Santander; o preço-alvo foi elevado de R$ 18,58 para R$ 26,91.

Raia Drogasil
A Raia Drogasil (RADL3) foi elevada para compra pelo HSBC.

(Com Reuters e Agência Estado)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.