Petrobras “ignora” prejuízo e sobe 2%; BB Seguridade afunda 5% e Gerdau sobe 6%

Confira os destaques corporativos do pregão desta terça-feira

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O Ibovespa fehcou em queda nesta terça-feira (22), pressionado pelo mau humor externo com os ataques terroristas na Bélgica. Entre os destaques de ações do dia, chamaram atenção os papéis da Petrobras, que apesar do maior prejuízo da história da companhia, conseguiu fechar no positivo, trazendo alívio para o índice. Por outro lado, a queda dos bancos acabou pressionando o benchmark.

O principal destaque positivo dentro do índice ficou para as ações da Kroton (KROT3, R$ 11,40, +5,36%) e da Gerdau (GGBR4, R$ 6,22, +6,32%) – que no mês acumulam ganhos de 76%. Por outro lado, os papéis de BB Seguridade (BBSE3, R$ 29,15, -5,51%) lideraram as perdas do dia.

Confira os destaques corporativos do pregão desta terça-feira (22):

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Petrobras (PETR3, R$ 10,48, +2,24%; PETR4, R$ 8,11, +0,62%)
A petrolífera estatal reportou, na noite da segunda-feira (21), prejuízo líquido de R$ 36,938 bilhões, contra média das expectativas coletadas pela Bloomberg de R$ 3,5 bilhões e prejuízo de R$ 26,6 bilhões no mesmo trimestre de 2014. Em 2015, a estatal registrou um prejuízo de R$ 34,836 bilhões, contra perdas de R$ 21,587 bilhões no ano anterior.

A companhia informou que a última linha do balanço foi afetada por um impairment de ativos de R$ 47,676 bilhões. A baixa contábil é decorrente em sua maioria da queda dos preços do petróleo e incremento nas taxas de desconto, reflexo do aumento do risco Brasil pela perda do grau de investimento. Do total do impairment de ativos, R$ 38,292 bilhões correspondem à área de exploração e produção; R$ 6,399 bilhões à área de abastecimento; R$ 2,507 bilhões à área de gás e energia; e R$ 478 milhões de outros ativos. Há mais R$ 2,072 bilhões de impairment de investimentos.

O Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado ficou em R$ 17,064 bilhões, ante R$ 20,057 bilhões no 4° trimestre de 2014. A média das projeções compiladas pela Bloomberg apontava Ebitda de R$ 20,6 bilhões no período. No ano, o Ebitda ficou em R$ 73,859 bilhões, contra R$ 59,140 bilhões em 2014.

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A receita de vendas atingiu R$ 85,103 bilhões no trimestre, praticamente estável em comparação com o 4° trimestre de 2014, de R$ 85,04 bilhões. O resultado foi pressionado pela forte queda no preço do barril do petróleo vista no período. O número foi praticamente compensado, contudo, pelo reajuste nos preços de combustíveis anunciado no fim de setembro. Em 2015, a receita totalizou R$ 321,638 bilhões, ante R$ 337,26 bilhões no ano anterior. A estatal registrou fluxo de caixa livre positivo de R$ 15,626 bilhões em 2015, o melhor desde 2007. Em 2014, o fluxo de caixa livre foi negativo em R$ 19,554 bilhões.

Para a equipe de análise do Santander, embora os recentes episódios políticos brasileiros estejam contribuindo para a valorização das ações da estatal na Bolsa, o mercado deverá reagir negativamente ao conjunto de resultados, “dada a magnitude das perdas e a contínua falta de visibilidade em termos de necessidade de futuras provisões referentes a despesas com impostos e outros fatores”. Já os analistas do BTG Pactual ressaltam a estratégia de venda de ativos da companhia, mas diz que isso não tem sido suficiente para compensar os ventos trazidos pela atual realidade dos preços das commodities.

Os especialistas do UBS avaliam que, mesmo com o impairment, há uma melhora na chance para a distribuição de dividendos em 2017. Na avaliação da equipe do banco suíço, os cortes nos investimentos e o fator câmbio devem ajudar a estatal a melhorar seus resultados. No fim da manhã desta sessão, as ações da estatal se recuperavam, com as ordinárias virando para o campo positivo e as preferenciais ainda em queda.

O analista Flávio Conde, da consultoria de investimentos WhatsCall, vislumbra boas oportunidades para o investidor neste momento da Petrobras. Na avaliação do especialista, a hora é “para aproveitar a fraqueza e comprar ações” da estatal, reforçando que a parte operacional do balanço foi bastante positiva, com aumento na margem bruta de 29% para 32% e Ebitda de R$ 17 bilhões..

Bancos e Ambev
Pesaram sobre o dia negativo do principal índice acionário da Bolsa o desempenho dos papéis de ações de peso da carteira. É o caso dos bancos Itaú (ITUB4, R$ 32,35, -2,56%) e Bradesco (BBDC3, R$ 31,22, -0,10%; BBDC4, R$ 27,65, -1,04%), além da fabricante de bebidas Ambev (ABEV3, R$ 18,74, +0,05%), que conseguiu se recuperar no fim do pregão. Apesar do movimento, vale destacar que, em março, os papéis das instituições financeiras acumulam ganhos de cerca de 30%. 

Eletrobras (ELET3, R$ 7,15, -1,11% ELET6, R$ 11,21, +0,99%)
Uma decisão do governo deverá garantir às distribuidoras controladas pelo grupo Eletrobras a oferta de até R$ 1,1 bilhão em novos empréstimos com juros subsidiados, segundo informações do Valor Econômico. O custo financeiro das operações de crédito será repassado aos consumidores de todo o país dentro do conjunto de despesas do orçamento de 2016 da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE).

A estratégia permite à Eletrobras pegar esse dinheiro barato dentro do conjunto de ações para sanear seus ativos de distribuição, que depois serão colocados à venda.

Seguradoras reagem a aumento de imposto
A notícia de que o Fisco anunciou ontem que as corretoras de seguro não podem mais ser alocadas na alíquota de 4,65%, e terão de migrar para regime não cumulativo de 9,25% trouxe impacto para o setor. Embora os analistas do BTG Pactual vejam as ações BB Seguridade (BBSE3, R$ 29,15, -5,51%) menos expostas ao cenário – com efeito estimado em menos de 2% do lucro -, as ações tiveram a maior queda do dia no Ibovespa. Enquanto isso, os analistas ajustaram suas estimativas para a PAR Corretora (PARC3, R$ 12,00, +0,67%).

A companhia deve ser a que mais sofrerá com a notícia, com uma queda de cerca de 8% no lucro só por conta da nova regra, ainda nos cálculos dos especialistas. “Papel segue como nossa small cap preferida em financials, mas outperformance após o rally depende de melhora do mercado ou novidades positivas na estrutura corporativa”, escreveram em relatório a clientes. Ainda entre as seguradoras, as ações da Porto Seguro (PSSA3, R$ 27,55, -3,33%) também caíram.

Raia Drogasil (RADL3, R$ 51,55, -0,25%)
A Raia Drogasil comunicou ao mercado que o programa de ADRs (American Depositary Receipts) foi aprovado pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e declarado efetivo pela SEC (Securities and Exchange Commission), de modo que o programa de ADSs (American Depositary Shares) estará disponível a partir de 21 de março de 2016, de acordo com as seguintes características:

A instituição depositária será o Bank of New York Mellon, enquanto o banco custodiante é o Itaú Unibanco. SEgundo a companhia, casa ADR corresponde a uma ação ordinária da companhia. O ticker do ADR será RADLY.

Arteris (ARTR3, R$ 9,80, 0,00%)
A empresa de concessão de rodovias Arteris informou que sua controladora Partícipes en Brasil dará continuidade normalmente à oferta pública de aquisição de ações (OPA) para cancelar o registro de companhia aberta da empresa, depois da revisão do laudo de avaliação das ações.

O laudo foi elaborado pelo Banco BNP Paribas Brasil. A OPA prosseguirá de acordo com os termos e condições já divulgados ao mercado, acrescentou a Arteris. O novo valor para as ações ficou entre R$ 8,86 e R$ 9,58.

Locamerica (LCAM3, R$ 3,60, +1,12%)
A Locamerica viu sua receita líquida aumentar 0,4% no quarto trimestre, atingindo R$ 178,9 milhões. Na mesma base de comparação, o lucro líquido caiu 68,5%, para R$ 2,4 milhões. No acumulado de 2015, a Locamerica teve receita líquida de R$ 708,2 milhões, aumento de 12,6% ante 2014, mas o lucro de R$ 18,6 milhões caiu 25,1%.

Tegma (TGMA3, R$ 4,85, +9,48%)
A Tegma viu sua receita líquida cair 28% no quarto trimestre na comparação com o mesmo período do ano passado, atingindo R$ 287 milhões. Enquanto isso, o prejuízo líquido da companhia ficou em R$ 4 milhões, revertendo o lucro de R$ 13 milhões dos três últimos meses de 2014.

No acumulado de 2015, a companhia registrou uma receita de R$ 1,12 bilhão, o que representa uma queda de 22% sobe o lucro de R$ 1,44 bilhão do ano anterior. Por outro lado, a companhia conseguiu apagar o prejuízo de R$ 23 milhões de 2014 para um lucro de R$ 10 milhões no ano passado.

Unipar Carbocloro (UNIP6, R$ 5,93, +2,77%)
A Unipar Carbocloro informou que seu Conselho de Administração aprovou, em reunião realizada ontem, a convocação de assembleia especial de acionistas titulares de ações em circulação, a se realizar em 12 de abril de 2016, às 10h30, na sede da Companhia, para deliberar sobre a realização de nova avaliação, para determinação do valor justo das ações da Companhia, para fins da oferta pública de aquisição de ações, com o objetivo de cancelar o registro de companhia aberta da Companhia. Na véspera, as ações da companhia fecharam com ganhos na casa dos 12%.

Pão de Açúcar (PCAR4, R$ 50,92, +2,17%)
A agência de classificação de risco Standard & Poor’s reafirmou hoje o rating do Pão de Açúcar em brAA+, e retirou a perspectiva negativa sobre a companhia. Segundo nota, a reafirmação do rating segue-se ao rebaixamento do rating de seu grupo controlador Casino em apenas um degrau e reflete a opinião de que o Pão de Açúcar manterá sua posição de liderança no mercado varejista brasileiro.

“O ambiente macroeconômico tem se deteriorado materialmente com contração do PIB, aumento nas taxas de desemprego, de inflação e de juros, além de uma maior restrição de crédito aos consumidores. Esses fatores têm impactado negativamente as taxas de crescimento e de rentabilidade da CBD. Porém, a empresa tem tomado iniciativas importantes de controle de custos e de gerenciamento de capital de giro que resultaram em uma forte geração de caixa operacional em 2015”, disse a S&P.

EzTec (EZTC3, R$ 16,35, +1,74%)
A EzTec anunciou o lançamento do empreendimento Le Premier Moema, na Zona Sul de São Paulo. O projeto contará com 1 torre residencial, totalizando 38 unidades de alto padrão, com áreas de 172 m², para um VGV total de R$ 103,7 milhões.

PetroRio (PRIO3, R$ 2,04, +6,25%)
A PetroRio, antiga HRT, convocou para 29 de abril uma assembleia para tratar de um grupamento de ações na proporção de 25 para 1.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.