Vale e siderúrgicas caem 6%, Cesp sobe quase 5% e BR Pharma afunda 22%

Confira os principais destaques de ações da Bovespa nesta sessão

Paula Barra

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SÃO PAULO – O Ibovespa caiu forte nesta terça-feira (8) em meio à derrocada das commodities, o que pressionou as ações da Vale, siderúrgicas e Petrobras nesta sessão. O ambiente político também ajudou a trazer mais incerteza para o mercado em meio a criação da comissão especial para a votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Além do minério e China, a Vale ainda foi pressionada por dúvidas sobre o impacto da tragédia em Mariana, depois de uma nova ação pedir R$ 20 bilhões de indenização para a companhia, Samarco e BHP por conta do desastre ocorrido no início de novembro.

Fora do índice, as ações da Brasil Pharma seguiram penalizadas, renovando sua mínima histórica na Bolsa. A empresa, que tem como sócio o BTG Pactual, já caiu 58% desde a prisão do ex-controlador e ex-presidente do banco, André Esteves. As units do banco recuaram 51% no mesmo período, negociadas também no menor patamar histórico.  

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Confira abaixo os principais destaques corporativos de ações da Bovespa nesta sessão:

Vale (VALE3, R$ 11,65, -4,59%; VALE5, R$ 9,32, -5,28%)
As ações da Vale vivem uma derrocada na Bolsa, desde a tragédia em Mariana, Minas Gerais, no começo do mês passado. Além da pressão pela queda dos preços do minério de ferro e dados ruins na China, a empresa tem nas costas incertezas sobre o tamanho do rombo que virá do rompimento das barragens da Samarco, joint venture entre Vale e BHP. 

Em fato relevante divulgado ontem, a companhia disse que a Sohumana Sociedade Humanitária Nacional ajuizou ação contra a Samarco e seus acionistas BHP Billiton e Vale, pedindo indenização de R$ 20 bilhões. Segundo o BTG Pactual, a postura da Vale segue bastante defensiva, garantindo que vai tomar todas as medidas para garantir o direito de defesa.

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Além disso, o preço do minério segue caindo. A commodity negociada no porto de Qingdao, na China, com 62% de pureza, fechou em queda de 1,05%, a US$ 38,65.

Dados da China também trazem incerteza ao cenário da mineradora. A balança comercial chinesa decepcionou, registrando um superávit comercial de US$ 54,1 bilhões em novembro, abaixo do saldo de US$ 61,64 bilhões de outubro e também das estimativas de analistas, de US$ 62,8 bilhões. 

Hoje ainda o BMO Capital Markets reiterou a recomendação das ADRs (American Depositary Receipts) da Vale em “underperform” (desempenho abaixo da média), mas cortou o preço-alvo de US$ 4,00 para US$ 3,30. 

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Destaque também para o movimento das mineradoras internacionais, que seguiam em forte derrocada. Além do minério e dados da China, elas eram afetadas por uma série de medidas anunciadas nesta manhã. A Anglo American, que via suas ações caírem 10%, suspendeu pagamento de dividendos, cortou investimentos e pretende vender ativos. Já a Rio Tinto, que recuava 6%, cortou as despesas de capital nos próximos anos. 

Petrobras (PETR3, R$ 8,54, -1,16%; PETR4, R$ 7,13, -0,83%)
As ações da Petrobras acentuaram as perdas, assim como os preços do petróleo, que até tentaram uma recuperação nesta manhã, dando sequência à forte queda da véspera. Um relatório do Deutsche Bank traz apreensão ao mercado sobre a empresa. O banco cita um risco pela frente para a empresa dado uma possibilidade de descontinuidade parcial de sua contabilidade de hedge.

Para ele, esse movimento pode colocar em risco seus dividendos este ano e criar uma “bomba-relógio” de US$ 21 bilhões para a estatal. O banco tem recomendação de venda para as ações ONs, com preço-alvo de R$ 4,90 por ação, e manutenção para as PNs

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A operação deve-se aos recentes acontecimentos, que podem exigir que a Petrobras reavalie o tamanho do hedge, como algumas de suas futuras exportações futuras, que podem ter se tornado menor devido à mudança de perspectiva de crescimento de produção e preços de petróleo mais baixos. 

Veja mais em: Petrobras: dividendos em risco e uma “bomba-relógio” de US$ 21 bilhões

BTG Pactual (BBTG11, R$ 14,95, -14,96%)
As ações do BTG Pactual seguiram desabando na Bolsa, renovando sua mínima histórica, após a PGR (Procuradoria Geral da República) denunciar na véspera o banqueiro André Esteves, ex-controlador e ex-presidente do banco, no âmbito da Operação Lava Jato. Desde que o banqueiro foi preso, dia 25 de novembro, as units do banco já desabaram 50% na Bolsa. 

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Brasil Pharma (BPHA3, R$ 7,87, -22,08%)
A Brasil Pharma segue sua derrocada na Bolsa, acentuada após prisão de André Esteves, ex-controlador do BTG Pactual. A rede de drogarias tem o BTG Pactual como sócio. Com a queda de hoje, as ações já afundam 58% desde a prisão de Esteves. Vale lembrar que no dia seguinte (26/11) a companhia anunciou grupamento de 50 ações para uma. 

Ontem, a empresa anunciou que está seguindo adiante com um plano de oferta de ações que pode levantar até R$ 600 milhões com investidores.Em comunicado enviado à Reuters nesta segunda-feira, a BR Pharma afirmou que “suas intenções em relação à oferta estão mantidas e que continua trabalhando na conclusão de todo o processo”.    

O plano, que estabeleceu um piso de R$ 400 milhões e um teto de R$ 600 milhões para a injeção de capital, conforme informou a empresa ao mercado anteriormente, pode ser lançado formalmente ainda esta semana, quando executivos da companhia se reunirão com investidores, de acordo com uma fonte que pediu anonimato, já que o assunto não é público.

Cesp (CESP6, R$ 13,10, +4,63%)
As ações da Cesp destoaram do movimento do mercado e subiram nesta terça, figurando entre as poucas altas do Ibovespa. Embora tenham recuado ontem, os papéis seguem a revisão para cima na recomendação do Itaú BBA para a ação, feita na segunda-feira. O banco passou sua classificação de underperform (desempenho abaixo da média) para outperform (desempenho acima da média), com preço-alvo de R$ 17,00 para dezembro de 2016. 

Segundo os analistas do banco, a queda de 22% de novembro, quando iniciaram a cobertura da ação, até 4 de dezembro gerou um bom ponto de entrada, implicando retorno atrativo real de 10,7%, contra 10,5% de média do setor. Outros nomes com recomendação “outperform” no banco, incluem: Transmissão Paulista (TRPL4), CPFL Energia (CPFE3), Alupar (ALUP11) e Copel (CPLE6). O Itaú BBA tem recomendação “underperform” para Taesa (TAEE11), Tractebel (TBLE3) e Sabesp (SBSP3).

Gerdau (GGBR4, R$ 5,04, -4,91%) e demais siderúrgicas
As ações da Gerdau afundaram hoje, entre corte de recomendação e fechamento de capacidade no Brasil (planta de Simões Filho), no Nordeste. A siderúrgica ressaltou o momento difícil da indústria (demanda aparente caindo 15% no acumulado do ano). Não só a Gerdau como as demais siderúrgicas caíram hoje: CSN (CSNA3, R$ 4,55, -6,38%), Usiminas (USIM5, R$ 1,80, -5,26%) e Metalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 1,56, -6,02%). 

O setor vem se adequando ao momento difícil através de uma serie de medidas: fechamento de capacidade, redução de pessoal, restruturação operacional nas usinas (produzindo produtos de maior valor agregado/maior demanda), entre outros.

Analistas do BTG Pactual ressaltaram que o poder de barganha continua reduzido e como tem mencionado, tarifas de importação poderiam ajudar a restaurar um pouco de poder de preço para o setor. No entanto, ainda é baixa a visibilidade de quando seriam implementadas e qual seria estrutura.

A companhia teve hoje sua recomendação rebaixada de compra para manutenção pelo Santander.

SulAmérica (SULA11, R$ 21,80, -4,30%)
A SulAmérica recuou após ter sua recomendação cortada de neutra para underweight (exposição abaixo da média) pelo JPMorgan. 

Equatorial (EQTL3, R$ 35,40, +0,11%)
A holding Equatorial Energia informou nesta terça-feira que fundos geridos pelo BTG Pactual venderam “parte de sua participação acionária” na companhia, e agora detém menos de 5 por cento do total de ações ordinárias, em comunicado ao mercado, que não citou o volume ações vendidas. 

Segundo a Equatorial, que controla distribuidoras de energia no Maranhão e no Pará, o BTG Pactual disse que a operação “tem objetivo a mera realização de operações financeiras” por seus fundos, “não tendo participação de sua administradora, BTG Pactual Serviços Financeiros”.

Prumo Logística (PRML3, R$ 1,08, +3,85%)
Os controladores da Prumo Logística, empresa fundada por Eike Batista, pretendem realizar oferta pública de aquisição (OPA) de ações para cancelamento de registro de companhia aberta, em uma operação que pode movimentar mais de R$ 800 milhões. O preço máximo a ser ofertado é de R$ 1,15 por ação, disse a empresa em fato relevante nesta segunda-feira, o que representa um prêmio de 10,6% sobre o fechamento do papel na Bovespa nesta segunda-feira, de R$ 1,04. 

Considerando o preço máximo e as 713,165 milhões de ações em circulação da companhia, a operação pode movimentar até R$ 820 milhões. Segundo a Prumo, o preço máximo por ação representa um prêmio de 40% sobre a média ponderada do preço de fechamento durante um período de 90 dias até 4 de dezembro.

BR Properties (BRPR3, R$ 7,80, -4,65%)
A BM&FBovespa informou que ocorrerá um leilão na próxima quinta-feira para venda de R$ 442,5 milhões em ações da BR Properties. Esse será o segundo “block trade” com ações da companhia em apenas 10 dias. Em 1° de dezembro, a operação movimentou R$ 223,6 milhões na Bolsa – superior à venda previamente estimada em R$ 182 milhões, um dia antes. O leilão está programado das 12h às 12h15 (horário de Brasília). 

Veja mais: Acionista venderá R$ 442,5 milhões de ações quinta-feira na Bovespa

A operação, que ocorrerá daqui a dois dias, pretende movimentar 59 milhões de ações, ou 19,78% das ações ordinárias da companhia, com preço de venda estipulado em R$ 7,50 por ação – 8,3% abaixo do valor de fechamento da véspera, a R$ 8,18. Assim como o “block trade” realizado no início do mês, a venda será intermediada pelo BTG Pactual.

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