Confira os 8 eventos que vão agitar uma das semanas mais importantes de 2015

Discussão das contas públicas, ata do Copom, resultado fiscal, PIB, Relatório de Emprego nos EUA... o investidor vai ter dificuldade em acompanhar a agenda dos próximos dias

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – O Ibovespa saiu de uma sequência de 6 altas consecutivas para cair perto de 3% nesta semana por conta de uma série de fatos imprevisíveis como a prisão do senador Delcídio Amaral (PT-MS) e do banqueiro André Esteves. Quem esperava por dias mais tranquilos daqui para frente vai se decepcionar. A próxima semana será lotada de eventos importantes na política e na economia. 

Por aqui, teremos as complicadas discussões do Orçamento, com todas as expectativas do governo de ver aprovada no Congresso a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) de 2016 até o dia 15 de dezembro frustradas por conta da prisão do seu líder no Senado. Para a economista da Claritas, Marcela Rocha, as premissas deste Orçamento serão um entrave à sua discussão. “As notícias que temos é que mesmo com CPMF e repatriação o governo vai ter um déficit. Teria que ser colocada uma projeção maior de receita da repatriação, mais CPMF, legalização do jogo etc.”. Isso, na sua avaliação, aproxima o debate de uma possível redução da meta de superávit fiscal de 2016, que pode ter como consequência direta um downgrade do Brasil por alguma agência de classificação de risco. Algo extremamente perigoso, já que o País está a um rebaixamento de perder o investment grade. 

Também merecem ser monitorados no quadro interno o PIB (Produto Interno Bruto) do terceiro trimestre de 2015 e a ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária). 

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Sobre o PIB, a projeção da Claritas é de que a economia sofra uma contração de 1,3% na comparação trimestral e de 4% na base anual. “Todos os indicadores recentes decepcionaram, então uma bateria de revisões para as projeções do PIB de 2016 pode ocorrer”, afirma a economista. 

Já em relação à ata do Copom, Marcela diz que ela será importante para entender como os membros do comitê estão pensando. “Os dissensos a gente consegue explicar. Mas os outros membros nós não sabemos o que pensam”. Para ela, devemos procurar pistas no texto que mostrem se há contrapontos aos argumentos de que a inflação está mais resiliente do que o esperado ou se eles não vão se preocupar com isso, sinalizando que a opinião geral dentro do Banco Central é de que os juros devem sim ser elevados no futuro. A economista espera ainda que venham mais críticas veladas à política fiscal, cobrando dos ministros da Fazenda e do Planejamento um empenho maior para lutar contra o déficit. Vale lembrar que logo no começo da semana teremos o resultado primário das contas públicas. 

Enquanto isso, lá fora, na segunda-feira, teremos PMIs (Índices Gerentes de Compras) de Serviços e da Indústria na China. Depois da queda dos lucros industrias do país catalisar um “sell-off” nesta sexta, seria de se imaginar que os dados fracos derrubariam o mercado mais uma vez na próxima semana. Contudo, de acordo com Marcela, o impacto pode acabar ficando mais restrito a commodities. “O mercado já está conseguindo entender essas reformulações da política econômica que ocorrem na China. Os números podem vir fracos na indústria, mas o setor de serviços está se fortalecendo e há expectativa da entrada do yuan na cesta de moedas do FMI (Fundo Monetário Internacional)”. Caso o yuan entre para a cesta, segundo ela, sinalizará uma abertura maior do país, o que é visto como positivo pelo mercado. 

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Teremos ainda o relatório de emprego dos Estados Unidos, que deve trazer um arrefecimento no ritmo acima do normal da criação de emprego registrado em outubro. No entanto, Marcela acredita que mesmo que as novas vagas criadas caiam de 270 mil para algo em torno de 200 mil, ainda será um número forte o bastante para reduzir novamente a taxa de desemprego do país, atualmente em 5%, que é uma situação considerada pelos economistas como de pleno emprego. Ou seja, dificilmente o dado será fraco o suficiente para trazer mais dúvidas sobre um aumento dos juros pelo Federal Reserve em dezembro. “A discussão do mercado é de qual vai ser o ritmo deste aperto monetário. O Fed fala de algo muito gradual, mas um payroll muito forte pode pressionar inflação e exigir um ciclo mais vigoroso”, diz a economista. 

O alívio para todas estas questões que podem trazer volatilidade negativa é a reunião do BCE (Banco Central Europeu) na quinta-feira. “O que temos lido é que realmente a autoridade monetária vai aumentar as compras de ativos dentro do [programa de estímulos conhecido como] Quantitative Easing”. Ou seja, pelo menos uma perspectiva positiva podemos ter para a próxima semana, já que mais estímulo é igual a mais liquidez no mercado, que significa maior fluxo de capital para cá.  

A seguir, os destaques da agenda econômica semanal:

Resultado fiscal (Brasil)
Inaugurando a lista de indicadores brasileiros importantes da semana, o resultado primário consolidado das contas públicas de outubro deve atingir um déficit de R$ 10,7 bilhões, segundo a estimativa mediana dos economistas. A projeção da Rosenberg Associados é ainda mais sombria: déficit de R$ 13,5 bilhões depois dos gastos já terem superado as receitas do Governo Central – formado por Banco Central, Tesouro Nacional e Previdência – em R$ 12,3 bilhões. O indicador sairá na segunda-feira (30) às 10h30 (horário de Brasília). 

PIB (Brasil)
Na terça-feira (1) às 9h será divulgado o PIB brasileiro do terceiro trimestre de 2015. Segundo pesquisa da Reuters, a retração deve ser de 4,1% na comparação com o mesmo período do ano anterior. “É difícil visualizar melhora nos fundamentos da economia brasileira, mesmo com o uso de binóculos poderosos”, economistas da MCM Consultores afirmaram em relatório. Na comparação trimestral, a mediana das expectativas dos analistas se encontra em uma queda de 1,2% da atividade. 

Ata do Copom (Brasil)
Os economistas da Rosenberg Associados alertam que é preciso ter atenção ao documento, que explicará as razões das dissidências no placar da última reunião e irá sinalizar os próximos passos da política monetária, que segundo eles, provavelmente envolverá um pontapé de alta de 0,50 ponto percentual em janeiro. A ata será diculgada pelo BC às 8h30 da quinta-feira (3). 

PMIs (China)
A lista de indicadores importantes na semana que vem traz ainda o Purchasing Managers Index da indústria e de serviços da China, medidos pela Caixin/Markit. Os dados de novembro serão apresentados na segunda-feira, às 23
h45 (horário de Brasília). Em outubro, o PMI da indústria ficou em 48,3 pontos e o de serviços bateu 52 pontos. Vale lembrar que resultados superiores a 50 pontos indicam aceleração, ao passo que números mais baixo refletem contração.

Relatório de Emprego (EUA) 
Principal indicador observado pelo Fed antes de subir os juros nos EUA, o relatório deve registrar uma criação de 196 mil vagas de acordo com a expectativa mediana do mercado. O número pode ser o suficiente para que a autoridade monetária se sinta confortável para elevar os juros na reunião de dezembro. Ainda vale a pena olhar para os ganhos por hora trabalhada, que devem ter um novo avanço de 0,2% e para a taxa de desemprego, que economistas projetam que se mantenha em 5%. O indicador será divulgado às 11h30 da sexta-feira (4).  

Reunião do BCE
Alívio da semana, a reunião do BCE ocorrerá na quinta-feira às 10h45. As expectativas dos analistas são de que a taxa de juros se mantenha em 0,05% na zona do euro, mas o que realmente será observado é o discurso do presidente da instituição, Mario Draghi, que deve indicar um aumento nas compras de ativos dos 19 países do bloco para estimular a economia dentro do QE.  

Para ver a agenda completa da semana que vem, clique aqui.

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