Mais da metade das empresas brasileiras decepcionaram nos balanços – e isso deve piorar

Em relatório enviado a clientes, analistas do Credit Suisse mostraram que 52% dos resultados de empresas brasileiras referentes ao terceiro trimestre desapontaram, enquanto apenas 36% superaram suas expectativas

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – A deterioração da economia brasileira seguirá pressionando o resultado das empresas nos próximos semestres e exigirá maior cautela por parte dos investidores na hora de alocar recursos no País. A leitura é do time de analistas do Credit Suisse, que mantém call de preferência para companhias mexicanas no duelo emergente com o Brasil após o fim de mais uma temporada de balanços corporativos decepcionante.

Em relatório enviado a clientes, o trio de research do banco composto por Andrew Campbell, Andrei Sabah e Mariana Hernandes mostra que 52% dos resultados referentes ao terceiro trimestre desapontaram, enquanto apenas 36% superaram suas expectativas. Na visão deles, o cenário refletiu um aumento das despesas financeiras por conta da elevada taxa de juros, a depreciação do real – que afetou as empresas com dívida lastrada em dólar -, crescimento de provisões e eventuais ajustes não recorrentes. O trio ainda ressalta que, em análise setorial, nenhuma surpresa positiva foi registrada no período.

“Dados decepcionantes de lucro líquido foram o destaque negativo da temporada de resultados do terceiro trimestre na América Latina, sobretudo por conta de itens não operacionais. Esse foi especialmente o caso do Brasil, onde 26% de depreciação do real no trimestre elevou a níveis superiores aos esperados as despesas das companhias com dívidas em dólar”, escreveram os analistas. “Como o consenso já havia revisto as estimativas de receita para 2015 em 20%, as expectativas já foram para uma contração nos lucros no comparativo anual. No entanto, os resultados do terceiro trimestre deste ano vieram ainda mais fracos que o esperado, com as empresas fornecendo uma redução ainda mais nítida do lucro”.

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A tabela abaixo sintetiza a média das companhias cujos resultados, superaram, performaram em linha ou ficaram abaixo das estimativas:

Receita Ebitda Lucro líquido
Abaixo das expectativas 26% 30% 52%
Em linha com as expectativas 50%  34% 12%
Superou as expectativas 24% 35% 36%

Fonte: Credit Suisse

Do lado positivo, o top line das empresas – com resultados 15% superiores no comparativo anual – veio em linha com as estimativas dos especialistas, ao passo que o Ebitda (Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) 10% superior aos valores registrados no terceiro trimestre do ano passado superou as expectativas. “Damos algum consolo pelo fato de os resultados operacionais terem sido mais alinhados às expectativas da nossa equipe”, ponderaram sobre os resultados.

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Os estrategistas do banco suíço, porém, acham improvável que as companhias consigam dar continuidade à tendência de expansão de margem nos próximos trimestres. Para eles, a pressão macroeconômica seguirá impedindo as empresas de apresentarem balanços mais favoráveis. Em emergentes no continente, eles preferem recomendar companhias mexicanas em tempos de crise no Brasil.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.