Ibovespa sobe 4,8% e tem maior alta desde 21 de novembro com entrada de estrangeiros

Mercado fecha com maior alta diária do ano graças à força dos "gringos", que puxaram a Bolsa em meio à percepção de como o Brasil está mais barato

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – O Ibovespa fecha em alta de 4,76% nesta terça-feira (3), a 48.053 pontos. Foi a maior alta diária do índice desde 21 de novembro de 2014, quando subiu 5,02%. Para quem tem boa memória, foi quando o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, tornou-se o mais cotado para ocupar o cargo em que está hoje. Sem uma grande notícia que guiasse o mercado como naquela ocasião, esta sessão foi marcada pela entrada forte de um fluxo de capital estrangeiro em meio a uma percepção geral de que os ativos brasileiros estão baratos. Lembrando sempre que o investidor estrangeiro responde por 52% do volume negociado na Bovespa.

A alta de hoje estendeu ainda os ganhos do desempenho positivo dos ADRs (American Depositary Receipts) no feriado, que subiram em meio a dados melhores do que o esperado nos Estados Unidos e na Europa. Por aqui, o mercado aguarda questões importantes como a votação do projeto da repatriação na Câmara dos Deputados e o envio hoje ao Senado da defesa do governo Dilma no caso das “pedaladas fiscais”.

O volume financeiro negociado na Bovespa foi de R$ 8,873 bilhões. 

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Enquanto isso, o dólar comercial fechou em queda de 2,39% a R$ 3,7705 na venda, perfazendo uma queda de 8 centavos desde a máxima da sessão, ao mesmo tempo em que o dólar futuro para dezembro tinha perdas de 2,39% a R$ 3,798. A queda do comercial foi a maior desde 24 de setembro deste ano. No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2017 caía 7 pontos-base, a 15,39%, ao passo que o DI para janeiro de 2021 registrava perdas de 17 pontos-base, a 15,76%. 

De acordo com o diretor de operações da Mirae Asset, Pablo Spyer, o grande responsável pela alta da Bolsa hoje é o fluxo de capital de estrangeiros. Segundo ele, é perceptível um apetite muito forte de compra, evidenciado pela operação de venda da divisão de cosméticos da Hypermarcas para a Coty por R$ 3,8 bilhões. “A frase que eu venho ouvindo é ‘don’t waste the good prices’. A crise dá oportunidade e os estrangeiros posicionados em dólar acham que o Brasil está barato. Mais importante que o fluxo estrangeiro eu acho que é a impressão que fica da operação da Hypermarcas. Os investidores lá fora ligaram a luz amarela para entrar com força compradora no Brasil”, explica.

Política e indicadores
No cenário político, a comissão de Ética da Câmara abre processo de cassação do presidente da casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), nesta terça.

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Além disso, de acordo com a Agência Estado, depois da revisão da meta fiscal de 2015, o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, encaminha nesta terça um ofício à Comissão Mista de Orçamento com as medidas de corte adicional de R$ 26 bilhões de despesas em 2016. Essa tesoura nos gastos do governo foi prevista no pacote de medidas adicionais de R$ 64,9 bilhões para reverter o déficit estimado de R$ 30,5 bilhões no Orçamento das contas do governo federal no ano que vem, anunciado em setembro, mas que ainda não tinha sido enviada ao Congresso Nacional.

Também tinha algum peso por aqui o Relatório Focus, com a mediana das projeções de diversos economistas, casas de análise e instituições financeiras para os principais indicadores macroeconômicos. A previsão para o PIB (Produto Interno Bruto) em 2015 oscilou de uma retração de 3,02% para uma de 3,05%. Já no caso do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que é o medidor oficial de inflação utilizado pelo governo, as projeções são de que haja um avanço de 9,91% este ano.

Já a balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 1,996 bilhão em outubro, resultado de exportações de US$ 16,049 bilhões e importações de US$ 14,053 bilhões. O resultado é o melhor para o mês desde 2011, quando ficou positivo em US$ 2,362 bilhões. Os números foram divulgados nesta terça-feira, 3, pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

Com o resultado, o superávit acumulado no ano alcançou US$ 12,244 bilhões. No mesmo período de 2014, o resultado comercial apresentou um déficit de US$ 1,921 bilhão. No ano passado, as exportações somaram US$ 191,965 bilhões de janeiro a outubro e as importações totalizaram US$ 193,885 bilhões.

Por fim, o índice de atividade dos gerentes de compra (PMI, na sigla em inglês) do setor industrial do Brasil caiu para 44,1 em outubro, de 47,0 em setembro, segundo dados sazonalmente ajustados da pesquisa da Markit. Esse é o menor patamar desde março de 2009. Leituras abaixo de 50 indicam contração da atividade, enquanto valores acima dessa marca apontam expansão.

Destaques de ações
Confirmando o movimento de ontem, os papéis da Petrobras (PETR3, R$ 10,58, +12,58%; PETR4, R$ 8,48, +9,99%) subiram forte. Contribuiu para o movimento positivo, embora bem menos intenso, a alta dos preços do petróleo no mercado internacional. O petróleo brent, usado como referência pela estatal, subia 4,04%, a US$ 50,74 o barril. 

Vale destacar que os preços do petróleo registram alta impulsionados pela greve de trabalhadores da própria Petrobras no Brasil, o nono maior produtor global da commodity. Segundo o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), José Maria Rangel, nas primeiras 24 horas, a greve fez com que a Petrobras deixasse de produzir 500 mil barris de petróleo, sendo 450 mil na Bacia de Campos.

Também do lado positivo, as ações da BM&FBovespa (BVMF3, R$ 12,40, +8,77%) e da Cetip (CTIP3, R$ 36,95, +8,36%) dispararam com negociações de fusões entre as empresas. A Bolsa confirmou nesta manhã que mantém tratativas preliminares para união com a Cetip, mas que não se pode assegurar ainda que tais tratativas resultarão em uma oferta ou transação de qualquer natureza. Segundo a Bolsa, não existe ainda qualquer proposta sobre a estrutura econômica ou societária de uma eventual transação. 

Outra ação que subiu foi a do Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 28,16, +6,44%), que informou que teve um lucro líquido de R$ 5,945 bilhões no terceiro trimestre, um aumento de 10% sobre mesma etapa de 2014. Excluindo efeitos extraordinários, o lucro do período somou R$ 6,117 bilhões, 0,3% menor sobre o trimestre anterior e crescimento de 12,1% sobre um ano antes. A previsão média de analistas consultados pela Reuters era de lucro recorrente de R$ 5,761 bilhões. 

O índice de inadimplência do banco, medida pelo saldo de operações vencidas com mais de 90 dias, ficou em 3,3%, estável na base sequencial e avanço de 0,1 ponto percentual sobre um ano antes. A provisão do banco para perdas com inadimplência, descontando a recuperação de crédito, somou R$ 4,653 bilhões entre julho e setembro, montante 6,1% superior ao do segundo trimestre e 39,2% acima do terceiro trimestre de 2014.

As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano
 HYPE3 HYPERMARCAS ON 21,20 +21,14 +27,33
 CSNA3 SID NACIONAL ON 5,06 +16,59 -2,09
 PETR3 PETROBRAS ON 10,56 +12,58 +10,11
 NATU3 NATURA ON 25,22 +10,13 -16,27
 PETR4 PETROBRAS PN 8,48 +9,99 -15,37

Mas o principal destaque entre as ações que compõem o Ibovespa foi a Hypermarcas (HYPE3, R$ 21,20, +21,14%), que disparou mais de 20%. O movimento que ocorre após a companhia ter anunciado durante o feriado, além dos resultados do 3° trimestre, a venda de seu negócio de fabricação e venda de cosméticos para a francesa Coty por R$ 3,8 bilhões, dentro dos esforços para reduzir seu endividamento e se concentrar na área farmacêutica.

Depois do anúncio, cinco bancos revisaram as projeções para o papel. O JPMorgan elevou o preço-alvo das ações de R$ 19,00 para R$ 23,00, assim como a recomendação, que passou de manutenção para compra. O Itaú BBA revisou a recomendação de market perform (desempenho em linha com a média) para outperform (desempenho acima da média). O Santander elevou a classificação de manutenção para compra, mas reduziu o preço-alvo de R$ 25,00 para R$ 23,00. O Credit Suisse passou a recomendação de neutra para outperform, com preço-alvo indo de R$ 21,00 para R$ 25,00 por ação. Por fim, o BTG Pactual elevou a recomendação para compra, com preço-alvo saltando em 20%, para R$ 21,00 por ação.

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano
 BRFS3 BRF SA ON 57,82 -3,79 -7,47
 JBSS3 JBS ON 13,84 -2,88 +24,92
 FIBR3 FIBRIA ON 51,47 -2,22 +59,32
 QUAL3 QUALICORP ON 15,90 -1,85 -41,81
 SUZB5 SUZANO PAPEL PNA 16,26 -1,75 +45,78

Já as ações da BRF (BRFS3, R$ 57,82, -3,79%) seguiram em queda depois da divulgação do resultado na sexta-feira, quando os papéis da companhia afundaram 10%. O mercado viu com preocupação o acentuado enfraquecimento das vendas no mercado doméstico da companhia no período, lido pelo JPMorgan como “uma fraqueza chocante”.

Um cenário que fez hoje o Bank of America Merrill Lynch e Itaú BBA revisarem suas recomendações para a ação. O BofA cortou de compra para “underperform” (desempenho abaixo da média), além de revisar o preço-alvo dos papéis de R$ 80,00 para R$ 65,00, enquanto o Itaú BBA rebaixou a classificação de “outperform” (desempenho acima da média) para “market perform” (desempenho em linha com a média).

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1
 ITUB4 ITAUUNIBANCO PN ED 28,16 +6,44 655,13M
 BRFS3 BRF SA ON 57,82 -3,79 548,57M
 PETR4 PETROBRAS PN 8,48 +9,99 479,58M
 VALE5 VALE PNA 14,40 +2,64 373,31M
 BBDC4 BRADESCO PN 22,11 +5,29 362,12M
 BVMF3 BMFBOVESPA ON 12,40 +8,77 335,41M
 CTIP3 CETIP ON 36,95 +8,36 287,69M
 ABEV3 AMBEV S/A ON 19,60 +2,67 258,76M
 HYPE3 HYPERMARCAS ON 21,20 +21,14 250,73M
 CIEL3 CIELO ON 37,78 +3,20 238,35M

* – Lote de mil ações 
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
 

Cenário externo
As bolsas europeias fecharam em leves altas, com os resultados do banco UBS e Standard Chartered no foco dos investidores. Do mesmo modo, os EUA seguiram o otimismo de ontem em meio à agenda cheia de indicadores e sobem. Já as bolsas asiáticas tiveram uma terça-feira mista, com o japonês Nikkei em queda de 2,10%, enquanto Hang Seng teve alta de 0,89% e Shangai registrou leve baixa de 0,20%. Na China, foi um dia de poucas operações em meio à cautela dos investidores, que esperavam mais detalhes sobre o 13º plano quinquenal de Pequim, projeto de prioridades políticas do Comitê Central do Partido Comunista da China.

No mercado de commodities, o barril do Brent sobe 4,04% a US$ 50,74, ao passo que o barril do WTI (West Texas Intermediate) tem alta de 4,03% a US$ 48,00.  

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