Publicidade
SÃO PAULO – O Ibovespa fecha em alta nesta terça-feira (6) e consegue o seu sexto desempenho positivo consecutivo. Pela manhã, o índice subia estendendo os ganhos em meio à melhora da questão política, mas acabou zerando com o adiamento da votação dos vetos da presidente Dilma no Congresso, que aumentou a indefinição no cenário político e fez com que os investidores voltassem a se preocupar com a aprovação das medidas do ajuste fiscal no Congresso. No entanto, perto do fim, a Bolsa voltou a se recuperar e conseguiu fechar no positivo.
O benchmark da Bolsa brasileira registrou leve alta de 0,29% a 47.735 pontos nesta sessão, com um volume financeiro negociado de R$ 6,367 bilhões. A sequência de seis altas foi a maior desde agosto do ano passado, quando o índice também subiu seis vezes entre os dias 14 e 21.
Quem também trouxe volatilidade no pregão, além do cenário político, foi o relatório do FMI (Fundo Monetário Internacional), que mostrou uma previsão mais pessimista para a economia global. A projeção para o crescimento da economia internacional do banco sofreu uma redução de 0,2 ponto percentual, para 3,1%. Já para o Brasil, a entidade prevê que o PIB (Produto Interno Bruto) vai recuar 3% este ano, ante projeção de 1,5% de retração anteriormente. A visão que o FMI tem do Brasil para os próximos dois anos só não é pior do que a que tem para a Venezuela, cujas estimativas para o PIB são de contração de 10% e 6% em 2015 e 2016, respectivamente.
Masterclass
As Ações mais Promissoras da Bolsa
Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita
Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.
O dólar comercial continuou em queda de 1,48% a R$ 3,8429 na venda, enquanto o dólar futuro para novembro caía 1,80%, a R$ 3,876. No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2017 cai 25 pontos-base a 15,22%, ao passo que o DI para janeiro de 2021 recua 18 pontos-base a 15,17%.
Vetos e TCU
No radar político hoje, o mercado acabou vendo frustradas as suas expectativas de que fossem votados os vetos da presidente Dilma a pautas bomba. As expectativas, no entanto, continuam de que o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), os mantenha, no que seria a primeira vitória do governo desde o anúncio da reforma ministerial na sexta-feira.
Por outro lado, nem todas as batalhas devem ser vencidas pela gestão Dilma. A mais complicada promete ser o julgamento das contas públicas da presidente no TCU (Tribunal de Contas da União). Apesar de todos os esforços da Advocacia-Geral da União para afastar o relator do processo, o ministro Augusto Nardes, sob a acusação de que ele antecipou o seu voto na questão, o tribunal deve manter o julgamento para amanhã (7). “O governo tenta intimidar TCU, mas não vamos nos acovardar”, disse Nardes.
Continua depois da publicidade
Levy, Lula e Meirelles
Ainda trazendo instabilidade, os rumores de que, após a reforma ministerial, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva busca substituir Joaquim Levy por Henrique Meirelles no Ministério da Fazenda só crescem. E, de acordo com o colunista do Valor Econômico, Raymundo Costa, citando fontes do PT, a entrada de Meirelles no lugar de Levy resolveria metade dos problemas da presidente Dilma Rousseff, pois sinalizaria ao mercado que o intervencionismo da presidente ficou para trás.
Mostraria que Lula está efetivamente no comando, o que todos aqueles ao lado do ex-presidente evitam falar abertamente para não ferir a suscetibilidade de Dilma e atrapalhar mais uma vez a mudança, afirma o colunista. “Meirelles seria um ministro forte ligado a Lula; Levy, um ministro sem força para se opor à heterodoxia da presidente da República”, destaca.
Moody’s
Por fim, relatório da agência de classificação de risco, Moody’s, diz que previsão para o Brasil é de contração de 3% na atividade econômica em 2015. “Não vemos como a posição fiscal do Brasil pode melhorar no curto prazo, dada a falta de consenso político, que tem impedido a administração atual de entregar superávits primários grandes o suficiente para conter o aumento da proporção da dívida do governo”, diz Mauro Leos, vice- presidente e diretor de crédito sênior da Moody’s.
Além disso, ele afirmou que a agência não acredita que o Brasil possa atingir um crescimento real de 2% e superávits primários de, pelo menos, 2% do PIB (Produto Interno Bruto) até 2017-18, resultados que são necessários para estabilizar a relação dívida/PIB.
Já a diretora-gerente da Moody’s Latin America, Susan Knapp, afirmou que as forças subjacentes do Brasil ainda são suficientes para manter o grau de investimento, apesar de as dinâmicas atuais de crescimento serem piores do que a agência antecipava. A declaração foi dada na 17ª Conferência Anual da Moody’s, em São Paulo.
“As forças subjacentes ainda são suficientes para manter o grau de investimento, mas o Brasil enfrenta desafios, como o crescimento fraco, desequilíbrios fiscais persistentes e a situação política”, comentou Susan. A diretora apontou que o desempenho econômico brasileiro tem sido mais fraco do que a Moody’s havia antecipado e que espera-se uma melhora apenas moderada no curto prazo.
Destaques de ações
Entre as ações, a Petrobras (PETR3, R$ 9,89, +5,21%; PETR4, R$ 8,19, +4,73%) subiu depois do corte do plano de investimento de US$ 28 bilhões para US$ 25 bilhões em 2015. Ao todo são US$ 18 bilhões, ou 16% de redução, na previsão de gastos operacionais e investimentos para este e o próximo ano, devido à queda nos preços de petróleo e à desvalorização do real frente ao dólar.
As ações da Vale (VALE3, R$ 18,31, +0,94%; VALE5, R$ 14,92, +1,57%), consolidaram alta. Principal produto da empresa, o minério de ferro não tem cotação negociada na China hoje por conta do feriado por lá, que acaba na quarta. No radar, no entanto, fica a notícia do Tratado Trans-Pacífico.
Países que representam 40% do PIB global fecharam ontem o acordo comercial, que unirá economias dos dois lados do Pacífico e será um elemento crucial da estratégia americana de conter a influência da China na Ásia, região vista por Washington como a principal fonte de dinamismo econômico do século 21. Segundo especialistas, o acordo deve dificultar as exportações brasileiras para esses países, especialmente de produtos manufaturados.
Entre as blue chips da Bovespa, os bancos voltaram a operar em alta. Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 28,82, +0,91%), Bradesco (BBDC3, R$ 25,90, +1,21%; BBDC4, R$ 23,39, +0,95%) e Banco do Brasil (BBAS3, R$ 16,53, +2,29%) registraram ganhos. Juntos, os quatro papéis destas três empresas representam mais de 20% da carteira teórica do Ibovespa.
Entre as notícias específicas do setor financeiro, os bancários decidiram entrar em greve a partir de hoje, por tempo indeterminado, segundo comunicado publicado pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região. Entre as reivindicações, a categoria pede reajuste salarial de 16% (reposição da inflação mais aumento real de 5,6%), contra uma proposta dos bancos de 5,5%. Ainda sobre o setor, atenção para a divulgação hoje, pelo Banco Central, dos dados de captação da poupança.
As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:
Cód. | Ativo | Cot R$ | % Dia | % Ano |
---|---|---|---|---|
CSNA3 | SID NACIONAL ON | 4,44 | +8,56 | -14,09 |
HGTX3 | CIA HERING ON | 16,05 | +5,59 | -18,31 |
PETR3 | PETROBRAS ON | 9,89 | +5,21 | +3,13 |
CSAN3 | COSAN ON | 22,25 | +4,85 | -20,54 |
GOLL4 | GOL PN N2 | 3,93 | +4,80 | -74,11 |
Do lado das quedas estiveram as ações de exportadoras de papel e celulose como Fibria (FIBR3, R$ 52,53, -3,70%) e Suzano (SUZB5, R$ 18,08, -3,32%), que são prejudicadas pela baixa do dólar, já que possuem receitas denominadas nesta divisa. Além delas, também caiu Ambev (ABEV3, R$ 19,89, -2,26%), uma peso-pesado do índice (mais de 7% de participação) que ontem rompeu sua máxima histórica.
As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:
Cód. | Ativo | Cot R$ | % Dia | % Ano |
---|---|---|---|---|
ESTC3 | ESTACIO PART ON | 14,83 | -7,02 | -36,63 |
CESP6 | CESP PNB | 14,95 | -3,98 | -30,14 |
FIBR3 | FIBRIA ON | 52,53 | -3,70 | +62,60 |
ECOR3 | ECORODOVIAS ON | 6,57 | -3,67 | -35,17 |
ELET3 | ELETROBRAS ON | 5,58 | -3,63 | -3,79 |
As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram :
Código | Ativo | Cot R$ | Var % | Vol1 |
---|---|---|---|---|
PETR4 | PETROBRAS PN | 8,19 | +4,73 | 637,62M |
ITUB4 | ITAUUNIBANCO PN ED | 28,82 | +0,91 | 459,03M |
VALE5 | VALE PNA | 14,92 | +1,57 | 255,32M |
BBDC4 | BRADESCO PN EJ | 23,39 | +0,95 | 247,59M |
ABEV3 | AMBEV S/A ON | 19,89 | -2,26 | 217,67M |
BRFS3 | BRF SA ON | 68,90 | -3,39 | 204,54M |
PETR3 | PETROBRAS ON | 9,89 | +5,21 | 155,30M |
ITSA4 | ITAUSA PN | 7,70 | +1,45 | 151,08M |
FIBR3 | FIBRIA ON | 52,53 | -3,70 | 139,10M |
BBSE3 | BBSEGURIDADE ON | 26,98 | +0,07 | 136,01M |
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
Cenário externo
O mercado teve um dia de leve correção lá fora após os fortes ganhos dos últimos dois pregões por conta das expectativas de que o Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, eleve os juros apenas no ano que vem. Isso evita, por ora, a dor de cabeça do momento em que o aumento da rentabilidade dos títulos da dívida norte-americana, considerados os ativos financeiros mais seguros do mundo, trará uma queda no apetite de risco global.
Entre as commodities, o petróleo tipo Brent subiu cerca de 5,31% nesta sessão, após avançar 2,3% ontem, liderado pelo avanço da gasolina nos Estados Unidos e pela disposição da Rússia de se reunir com outros grandes produtores de petróleo para discutir as condições do mercado.
Enquanto isso, na Europa, o dia foi de ganhos mesmo após dados da Alemanha decepcionarem. Os pedidos às fábricas Alemanha em agosto registraram queda de 1,8% na comparação mensal, ante estimativa de queda de 0,5%. O índice anterior foi revisado de queda de 1,4% para queda de 2,2%.
Já no Japão, o índice Nikkei do Japão teve alta de 1%, ampliando sua recuperação ante a mínima de oito meses alcançada há uma semana. “Uma das duas maiores e mais persistentes preocupações [o aumento de juros nos EUA] tem diminuído, então os investidores estão assumindo riscos”, disse o vice-presidente de investimento do Sumimoto Mitsui Trust Bank, Masashi Oda, referindo-se às expectativas de uma alta de juros pelo Fed no curto prazo.
As ações japonesas ganharam novo impulso com a especulação de que o banco central do país pode expandir seu programa de apoio à economia vacilante. O BC iniciou nesta terça-feira sua reunião de política monetária, na qual deve manter a política monetária.
Sinais de recuperação nos preços das commodities ajudaram a aliviar as preocupações com a desaceleração global e impulsionaram as ações de companhias de energia e recursos.
Deixe seu melhor email e receba a planilha com o preço das ações do Ibovespa em dólar: