Yellen faz mercado pôr os ‘pés no chão’ depois de disparada pós-Fomc; dólar sobe 1%

Mercado ganha forte volatilidade depois de Fomc decidir manter as taxas de juros dos EUA inalteradas

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – Ibovespa ganhou muita volatilidade nesta quinta-feira (17) após a decisão de juros do Fomc (Federal Open Market Committee). Em questão menos de uma hora, o índice tocou a máxima subindo 0,82%, afundou novamente para queda de 0,28% e voltou a superar a máxima ao subir 1,73%. No entanto, às 16h20, o índice já indicava uma alta mais modesta, de 0,60% a 48.846 pontos, em meio ao discurso da presidente do Federal Reserve, Janet Yellen

Ao mesmo tempo, o dólar comercial sobe 0,79% a R$ 3,8647 na venda, ao passo que o dólar futuro para outubro sobe 0,60% a R$ 3,872. Nos EUA, os índices Dow Jones e S&P 500 operavam em alta de 0,28% a 16.787 pontos e de 0,44% a 2.004 pontos, cada um. No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2017 subia 10 pontos-base, a 15,10%, enquanto o DI para janeiro de 2021 tinha alta de 19 pbs a 15,20%. 

Hoje, o Comitê Federal de Mercado Aberto dos Estados Unidos decidiu manter as taxas de juros na banda entre 0,0% e 0,25%, sem qualquer sinal de que os juros serão elevados na próxima reunião, segundo analistas. De acordo com pesquisa Bloomberg, apenas 34% dos operadores acreditavam em alta das taxas hoje. 

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Na decisão do Fomc houve apenas um voto contrário – o de Jeffrey Lacker. A decisão foi justificada sobretudo por uma inflação abaixo do esperado por conta dos preços no setor de energia e pela valorização do dólar em comparação com diversas divisas internacionais, além do cenário mais temerário no mercado global. Há quase uma década o Fed não promove um aumento na taxa de juros. Esse ano haverá ainda mais dois encontros – um em outubro e outro em dezembro.

Após a reunião, a presidente do Fed, Janet Yellen, fez uma coletiva com a imprensa. Segundo ela, “outubro segue como uma possibilidade” para alta de juros. A condição econômica seguirá como fator mais importante para definir quando o Fed irá elevar a taxa. “Eu não posso lhe dar uma receita”, disse Yellen. Ainda de acordo com Yellen, a maioria dos representantes do Fed ainda acham que as condições econômicas vão evoluir para habilitar o banco a subir a taxa ainda esse ano. “Cada reunião permanece viva”, comentou.

Para o economista Roberto Troster, a decisão de manter os juros em patamares baixos foi racional e respeita a conjuntura dos mercados atualmente. “Por enquanto, é muito pouco provável que haja alta nos juros nos Estados Unidos neste ano”, observou. A opinião do ex-economista-chefe da Febraban (Federação Brasileira de Bancos) e sócio da Troster & Associados caminha no sentido oposto das expectativas da maioria dos analistas do mercado, que se dividiam entre aqueles que esperavam elevação nos juros já nesta reunião ou ainda no final deste ano.

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É o caso do analista Flávio Conde, da consultoria WhatsCall. “Dificilmente eles não aumentarão os juros este ano. Do ponto de vista conceitual já existem vários elementos que justificam uma alta de juros, já que os 200 mil empregos por mês que eles [os EUA] estão criando não são os 400 mil de 2007, mas já são motivo de sobra para subir as taxas”, disse. Ele espera que o aumento se dê em dezembro.

Cenário político
Por aqui, no ambiente político, fica o novo arranjo do governo, ao mesmo tempo em que causam algum mal estar as especulações de que o ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, estaria organizando com o PT uma nova política econômica contra o ajuste fiscal.

Segundo informação do Valor Econômico, O Instituto Lula e o PT formulam uma nova política econômica, abandonando ajuste e baixando juros para influenciar eleição de 2018. Neste novo ordenamento, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, seriam substituídos. Lula vai a Brasília hoje e deve encontrar Dilma e as informações são de que o ex-presidente quer participar das decisões sobre o ajuste e discutir propostas junto com a presidente Dilma e seus ministros.

O Instituto Lula negou a proposta de mudança na política econômica. Segundo o jornal, o ex-presidente e alguns integrantes do PT estariam formulando uma política econômica para criar condições de retomar a atividade econômica por meio de redução de juros e afrouxamento do gasto público. De acordo com o instituto, o texto publicado pelo jornal Valor Econômico não corresponde de forma alguma à verdade, segundo comunicado da assessoria de imprensa, enviado por email. 

Ao mesmo tempo, Levy teria dito a interlocutor que não aquenta mais ser contrariado. O ministro teria defendido medidas que não foram acatadas por Dilma no último pacote. Ele e o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, têm encontro reservado na Comissão Mista do Orçamento para explicar as medidas de ajuste fiscal anunciadas pelo governo. 

Nos bastidores, Levy defendeu uma reforma na Previdência. A interlocutores, o ministro Levy tem sinalizado a urgência de o governo tomar posição e apresentar a reforma atrelada diretamente ao novo imposto do cheque, batizado desta vez de CPPrev. O ministro da Fazenda também disse que um eventual reajuste da Cide, tributo cobrado sobre os combustíveis, é impossível neste momento. 

Pacote fiscal cada vez menor
Em menos de uma semana após ser anunciado, o pacote fiscal já deve ter pontos cruciais alterados na proposta. O Planalto recuou, por exemplo, na suspensão do reajuste do funcionalismo, no direcionamento das emendas parlamentares e na diminuição de recursos do Sistema S.

Abrir mão dessas medidas pode diminuir em até R$ 14,6 bilhões a meta dos cortes, estimada em R$ 26 bilhões. O passo atrás do Executivo na negociação com o Congresso também pode comprometer outros R$ 6 bilhões dos R$ 45,6 bilhões previstos como elevação de receita. O governo aceita ainda discutir a redução do prazo de vigência da CPMF. A duração, segundo fontes, não está definida.

Destaques da Bolsa
As ações da Vale (VALE3, R$ 20,15, +5,83%; VALE5, R$ 15,84, +4,62%), operavam em alta depois de abrirem em forte queda. No radar da companhia, o minério de ferro spot (à vista), negociado no porto de Qingdao com 62% de pureza, fechou em alta de 0,28%, a US$ 57,37.

Enquanto isso, as ações das siderúrgicas voltam a operar em alta. No noticiário das companhias, segundo o Valor, a Usiminas (USIM5, R$ 4,42, -0,23%) vai aplicar reajuste de 5% a 7% nos preços de aço fabricado pela companhia – que envolverá toda a linha de produtos. A estimativa é que atinja 60% da carteira da companhia. Ficarão de fora as montadoras de veículos e outros grandes clientes (com contratos anuais). Desde o dia 25 de agosto, as ações da companhia subiram 64%, em meio às expectativas pelo reajuste. No mesmo caminho, os papéis da CSN (CSNA3, R$ 5,40, +4,85%) e Gerdau (GGBR4, R$ 6,54, +0,93%) avançaram 84% e 42%, respectivamente.

A expectativa é que CSN e ArcelorMittal sigam o mesmo caminho de Usiminas, nos mesmos níveis. A Gerdau já aplicou alta de 7% a 8% este mês para laminado a quente. Os reajustes da Usiminas são necessários, conforme fontes, para reforçar seu resultado financeiro. A expectativa é que a companhia terá um resultado bem fraco no terceiro trimestre.

Já os bancos como Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 29,17, +0,62%) e Bradesco (BBDC3, R$ 27,05, +0,11%; BBDC4, R$ 24,77, +0,12%) viram para alta. O Banco do Brasil (BBAS3, R$ 18,02, -1,15%) segue em queda.  

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 OIBR4 OI PN 3,82 +9,14 -55,63 43,78M
 RENT3 LOCALIZA ON 24,33 +6,15 -30,83 25,91M
 VALE3 VALE ON 20,13 +5,72 -5,08 89,97M
 HYPE3 HYPERMARCAS ON 15,73 +5,57 -5,53 39,94M
 BRAP4 BRADESPAR PN 10,04 +5,13 -26,14 25,84M

As ações da Oi (OIBR4, R$ 3,86, +10,29%) seguem em disparada pelo quinto pregão, acumulando no período alta de 45%. Operadores de mercado comentam que o movimento é devido a um “short squeeze” com o papel. Isto é, sem doadores no BTC, investidores que estão na ponta vendedora precisam zerar sua posição, destravando esse movimento. Segundo a mesa de BTC da XP Investimentos, o “recall” (quando o doador pede a ação emprestada de volta) tem sido crescente com as ações preferenciais da empresa e não há doadores no mercado.

Operadores atribuem a falta de doadores à proposta da companhia de conversão voluntária de ações preferenciais em ordinárias. O prazo para que detentores de ações preferenciais solicitem a conversão já teve início e vai até 1° de outubro. A conversão se dará na proporção de 0,9211 ação ON para cada ação PN.

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 PCAR4 P.ACUCAR-CBD PN 61,06 -2,96 -37,38 72,24M
 BVMF3 BMFBOVESPA ON 11,60 -2,36 +21,61 141,92M
 PETR4 PETROBRAS PN 7,96 -2,21 -20,56 468,83M
 SMLE3 SMILES ON 38,07 -1,63 -14,15 37,19M
 RUMO3 RUMO LOG ON 7,86 -1,38 -54,99 5,03M
* – Lote de mil ações 
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

As ações da Petrobras (PETR3, R$ 9,43, -0,53%; PETR4, R$ 7,95, -2,33%) caíam em meio à notícia da renúncia do presidente da sua divisão de distribuição de combustíveis, a BR Distribuidora. José Lima de Andrade Neto apresentou sua renúncia nesta quarta-feira (16). Segundo a estatal, saída ocorreu por motivos de saúde. O diretor financeiro da companhia, Carlos Alberto Tessarollo, permanece na presidência da empresa em caráter interino. Ele já ocupava o cargo cobrindo as férias de José Lima.

A saída ocorreu ao mesmo tempo em que o presidente do conselho de administração da estatal, Murilo Ferreira, entra de licença em meio a rumores de que sua relação com o presidente da petroleira, Aldemir Bendine, está fragilizada. 

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Após a reunião, a presidente do Fed, Janet Yellen, fez uma coletiva com a imprensa. Segundo a presidente, “outubro segue como uma possibilidade” para alta de juros.
A condição econômica seguirá como fator mais importante para definir quando o Fed irá elevar a taxa. “Eu não posso lhe dar uma receita”, disse Yellen. 
Segundo ela, a maioria dos representantes do Fed ainda acham que as condições econômicas vão evoluir para habilitar o banco a subir a taxa ainda esse ano. “Cada reunião permanece viva”, comentou.