Com pânico na China, Bovespa tem pior pregão do ano e volta a níveis de 2009

Ações asiáticas causaram furacão de pânico nos mercados globais neste pregão em meio a espiral de desvalorização do yuan e volatilidade no mercado

Paula Barra

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SÃO PAULO – Depois de desabar 6,5% na mínima do dia, o Ibovespa teve uma recuperação pela tarde e fechou em queda de 3,03%, a 44.336 pontos. Assim, a bolsa volta ao seu menor fechamento desde o dia 07 de abril de 2009. Foi também a maior queda do ano, superando os 2,99% do dia 2 de janeiro. A falta de uma indicação de que a China pretende conter as desvalorizações do yuan e a desaceleração da economia com estímulos após o “sell-off” de sexta produziu um dia de pânico nos mercados. Com isso, as cotações de commodities recuaram às mínimas em 16 anos. No cenário interno o mercado avaliou os desdobramentos da crise política depois que o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, pediu a investigação da campanha da presidente Dilma Rousseff (PT). O volume negociado neste pregão foi de R$ 8,188 bilhões.

O dólar comercial subiu 1,61% a R$ 3,5525 na venda, ao passo que o dólar futuro para setembro avançou 1,50% a 3.562 pontos. No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2017 subiu 17 pontos-base a 14,06%, ao mesmo tempo em que o DI para janeiro de 2021 teve alta de 17 pbs a 13,89%. Os índices norte-americanos Dow Jones e S&P 500 despencaram 3,58% e 3,95% respectivamente, a 15.871 pontos e 1.893 pontos. 

A recuperação do mercado nesta tarde depois do pânico da manhã ocorreu em meio à percepção de alguns agentes do mercado de que o Federal Reserve pode demorar ainda mais para elevar os juros. Citando piora econômica, o Barclays alterou sua projeções de alta dos juros nos Estados Unidos de setembro deste ano para março de 2016.

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Nos EUA, o rendimento dos treasuries caiu ao menor nível em quatro meses, ficando abaixo dos 2%, por conta da forte demanda, o que fez com que o preço deles subisse 1,51% no pregão. A lembrar: os treasuries são títulos da dívida norte-americana considerados os ativos mais seguros do mundo já que os EUA nunca deram default em suas obrigações. Quando o preço deles sobe, o rendimento cai, uma vez que seus investidores aceitam receber um prêmio menor em juros para ter o papel em mãos.

Por aqui, ficou também no radar a notícia de que o vice-presidente da República, Michel Temer, deixará o dia a dia da articulação política do governo, que comanda desde abril. Temer continuará atuando na articulação do Executivo com os demais poderes, com um papel mais institucional.

Dia de sell-off
As ações da Petrobras (PETR3, R$ 8,70, -5,43%PETR4, R$ 7,76, -6,51%) afundaram em meio à derrocada do petróleo, com o barril do Brent recuando 6,25% a US$ 42,62. No noticiário da estatal, a companhia desativou a unidade de craqueamento catalítico fluido (FCCU, na sigla em inglês) com capacidade de produção de 56 mil barris por dia de gasolina na refinaria de Pasadena, Texas, Estados Unidos, com capacidade para 100 mil barris por dia, após um incêndio durante a noite de domingo, afirmaram fontes familiarizadas com as operações da fábrica. 

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As maiores baixas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 GOAU4 GERDAU MET PN 2,60 -12,46 -76,80 19,21M
 USIM5 USIMINAS PNA 2,75 -10,42 -45,24 30,82M
 OIBR4 OI PN 2,71 -9,67 -68,53 10,00M
 CMIG4 CEMIG PN 7,90 -9,40 -37,96 50,44M
 BRAP4 BRADESPAR PN 7,98 -9,01 -41,30 28,16M

Os papéis da Vale (VALE3, R$ 15,40, -7,78%VALE5, R$ 12,38, -7,96%) também despencaram, com o minério de ferro spot com 62% de pureza no porto de Qingdao afundando 5,03% a US$ 53,28 a tonelada.

Com o ajuste do mercado, os papéis dos bancos chegaram a ter alívio durante a tarde, acompanhando o benchmark, mas as ações fecharam em queda com Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 25,88,-1,97%), Bradesco (BBDC3, R$ 24,49, -0,45%BBDC4, R$ 22,87, -1,76%), Banco do Brasil (BBAS3, R$ 17,93, -2,76%) e Santander (SANB11, R$ 14,00, -0,99%) operando em fortes baixas.

No caso de Suzano (SUZB5, R$ 16,01, -5,04%), a companhia seguiu o desempenho dos mercados globais, e não conseguiu evitar a queda nem com a disparada do dólar, que chegou a R$ 3,57 na máxima do dia. No noticiário, em resposta à taxação antidumping aplicada pelo Departamento de Comércio dos Estados Unidos, a Suzano informou, no sábado, que não planeja alterar a sua estratégia de exportação para os Estados Unidos, enquanto não for proferida uma decisão final na investigação, prevista para o primeiro trimestre de 2016.

As maiores altas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 NATU3 NATURA ON 22,96 +2,18 -23,77 35,98M
 HGTX3 CIA HERING ON 13,86 +1,17 -29,46 26,44M

Das 66 ações da carteira, apenas 3 fecharam fora do negativo. Sendo elas Natura (NATU3, R$ 22,96, +2,18%) e Hering (HGTX3, R$ 13,86, +1,17%), ambas do setor varejista. 

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 ITUB4 ITAUUNIBANCO PN EJ 25,88 -1,97 678,69M 507,77M 64.021 
 PETR4 PETROBRAS PN 7,76 -6,51 518,34M 438,39M 64.903 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 17,96 -0,94 452,02M 228,65M 55.860 
 BBDC4 BRADESCO PN 22,87 -1,76 399,89M 271,64M 51.236 
 VALE5 VALE PNA 12,38 -7,96 341,96M 314,66M 50.185 
 PETR3 PETROBRAS ON 8,70 -5,43 309,54M 177,52M 50.775 
 CIEL3 CIELO ON 38,55 -2,16 237,98M 184,62M 26.969 
 BRFS3 BRF SA ON 66,22 -1,56 230,98M 169,98M 17.782 
 BBAS3 BRASIL ON EDJ 17,93 -2,76 207,89M 132,50M 38.433 
 BVMF3 BMFBOVESPA ON EJ 10,36 -0,66 206,26M 134,03M 42.022 

* – Lote de mil ações 
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão) 

Cenário externo
As bolsas asiáticas e europeias despencaram em meio ao sell off global, agravado pelo tombo dos papéis chineses, que intensificou a fuga de ativos mais arriscados em meio a temores de desaceleração econômica global encabeçada pela China. Xangai teve baixa de 8,46%, a maior queda percentual diária desde 2007. Hang Seng teve queda de 5,17%, enquanto Nikkei despencou 4,61%. 

Ativos vistos como um porto-seguro, como títulos de governo e o iene, apresentaram ganhos em meio à instabilidade nos mercados financeiros. O gatilho para as turbulências veio sob a forma da forte desvalorização do yuan chinês, que alimentou temores sobre o estado da segunda maior economia do mundo.

“Os mercados estão em pânico. As coisas estão começando a parecer com a crise financeira asiática no fim da década de 1990. Especuladores estão vendendo ativos que parecem ser os mais vulneráveis”, disse o chefe de pesquisa do Shinsei Bank, Takako Masai. Bolsas de valores em todo o mundo, do Japão à Indonésia, foram duramente atingidas pela queda das ações chinesas desde a abertura nesta segunda-feira, após Pequim não anunciar nenhum grande estímulo no fim de semana para sustentar as ações, como era amplamente esperado após a queda de 11 por cento da semana passada.

O sell-off se estendeu pela Europa, que viu as principais bolsas do continente caírem entre 4,6% e 5,96%. No cenário do continente, líderes da oposição grega fizeram progresso zero neste domingo nos esforços para tentar formar uma nova coalizão, apesar dos apelos internos e externos por eleições rápidas para que o país possa lidar com crises econômica e humanitária simultâneas.