Não foi só uma correção: Dow Jones a 5.000 pontos? Isso pode acontecer

Colunista do Market Watch faz alerta de que a correção do Dow Jones vista nesta semana pode ser só o começo

Paula Barra

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SÃO PAULO – As bolsas americanas tiveram nesta sexta-feira (21) sua maior queda semanal em quatro anos, com o Dow Jones caindo mais de 10% desde a máxima recente, alcançada em 19 de maio. Nesta sessão, o índice recuou 3,12%, a 16.460 pontos. 

O movimento, hoje, conduzido pelo medo dos investidores, principalmente após dados da economia chinesa apontarem uma desaceleração maior do que o esperado, abriram caminho para ressurgirem opiniões ainda mais pessimistas sobre o mercado. 

Isso não exclui, portanto, uma leitura de que semana que vem possa vir um rali de curto prazo nas bolsas americanas, breve respiro depois de queda tão abrupta, movimento natural que ocorre depois de um “sell-off”. Mas qualquer um que falar que assume automaticamente outra “oportunidade de compra” fácil está falando bobagem, escreveu nesta sexta-feira o colunista financeiro do Market Watch, Brett Arends, com anos de experiência no mercado financeiro e passagem como analista na consultoria empresarial McKinsey. 

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Ele escreve que não quer ser alarmista ou introduzir o pânico com sua análise, mas que alguém precisa alertar o público que não é um cenário plausível que o mercado de ações americano desabe mais 70% até que o Dow Jones atinja cerca de 5.000 pontos. Entretanto, que diferente do mercado em “bull market” (altista), isso não pode ser completamente descartado. 

E complementa: “mesmo se classificar como fora da curva e o pior cenário, há outros, mais prováveis como o Dow Jones cair entre 10.000 pontos e 12.000 pontos. Em outras palavras, embora pareça ser uma oportunidade de compra, a leitura é que realmente a história sugere que o sell-off dessa semana é só o começo”.

Segundo ele, uma verdadeira compreensão do mercado acionário americano mostra que Wall Street se moveu num longo caminho de alta e baixa, muitas vezes levando anos ou até mesmo uma ou duas gerações. Há uma forte evidência que sugere que o movimento ascendente que começou em 1982 é um deles, e que o movimento de que que se iniciou em 2000 ainda não terminou. 

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Assim como o historiador do mercado americano, Russell Napier, aponta em seu livro “Anatomy of the Bear”, de que em cinco ocasiões nos últimos 100 anos – em 1921, 1932, 1949, 1974 e 1982 – esses grandes movimentos de queda não terminaram até que os valuations das ações tivessem caído em 30% do custo de substituição de seus ativos subjacentes – que nada mais é do que a razão Q de Tobin. 

Usando essa métrica, Arends observa que no período de 1949 a 1994 – em outras palavras, antes da explosão dos anos 90 – a média histórica da razão Q ficou em 57%. Se o mercado cair agora nesse nível, levaria o Dow Jones para próximo de 9.500 pontos. Mas, se o mercado cair ainda mais, levando essa razão para 30%, isso significaria que o índice precisaria recuar até os 5.000 pontos, comentados no início da matéria.

Por que esse cenário poderia ocorrer? Não seria somente por conta da China, Grécia ou desaceleração dos lucros, ou o cruzamento da “linha da morte” (leia-se a média móvel dos últimos 200 períodos) das ações da Apple. Isso ocorreria, segundo ele, porque nos últimos 30 anos, as ações de Wall Street têm sido impulsionadas por fatores financeiros: colapso das taxas de juros e manipulação do Federal Reserve, culminando no recente “quantitative easing”.  Mas isso está chegando ao fim. E quando isso ocorrer – não é certo, mas provável – as medidas de valuation podem abrir todo o caminho de baixa do mercado. Arends já deixou seu alerta vermelho.