Balanço “mais esperado da história” da Petrobras e mais 8 eventos agitam próxima semana

Mesmo com feriado, a semana que vem na Bolsa promete ser bastante agitada, principalmente com o cenário político voltando a ficar tenso

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Abril já passa da metade e o Ibovespa segue com ganhos de quase 6% no mês, que tem sido marcado por um alívio no cenário político e com expectativas de que a Petrobras finalmente se livre do “problema” que está sendo a divulgação de seus resultados auditados. Nesta semana o índice encerrou com queda de 0,48%, aos 53.954 pontos, e mesmo com um feriado nos próximos dias, os investidores começam a se preparar para o que pode ser uma semana bastante agitada no mercado.

Sem dúvida o grande destaque da próxima semana fica para o balanço da Petrobras, que já foi confirmado pela companhia para ser divulgado na quarta-feira (22). As últimas informações são de que a estatal deve zerar seu resultado por conta das perdas financeiras (que serão divididas entre as reavaliações de ativos e baixas com corrupção) e que isso deve fazer com que não sejam distribuídos dividendos sobre o exercício de 2014.

Entre outros eventos que devem ficar no radar dos investidores estão o cenário político, que volta a esquentar com as notícias de que a oposição está articulando o pedido de impeachment da presidente Dilma. Além disso teremos vencimento de opções e prévia do PMI da indústria na China.

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“De forma geral teremos uma semana mais amena em termos macroeconômicos, estando na esfera política o potencial vórtice por aqui. Apesar do andamento das medidas de austeridade fiscal e a melhora na articulação política, com Michel Temer, rumores de que a oposição começa a considerar a pauta de impeachment de Dilma, deve trazer pitadas de volatilidade para a bolsa. Ainda assim, acreditamos que a divulgação dos resultados de Petrobras associada com o “melhor andamento” de questões de ordem fiscal tendem a amenizar as tensões políticas e favorecer o Ibovespa”, afirma a equipe de analistas da Coinvalores.

Veja abaixo os principais eventos da próximas semana:

1) Vencimento de opções
Apesar do feriado na terça-feira, o primeiro dia da semana contará com pregão normal na Bovespa. E mais, será dia de vencimento de opções sobre ações, o que normalmente traz maior volatilidade para o índice, principalmente com ações de maior peso, como a Petrobras, que normalmente aparece na lista das opções mais movimentadas.

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2) Feriado
Não é porque terça-feira será feriado no Brasil que o investidor não deve ficar atento aos negócios. Como sempre ocorre quando o mercado doméstico fecha e o internacional permanece aberto, no dia 21 será importante ficar de olho nos ADRs (American Depositary Receipt), que são negociadas em Nova York. Isso porque o movimento que ocorrer neste dia pode dar uma sinalização de como as ações de determinadas empresas poderão abrir no pregão da quarta-feira na Bovespa. O principal caso fica novamente com a Petrobras, que além de ser um dos ADRs mais negociados, estará na véspera da apresentação de seu balanço.

3) Resultado da Petrobras
Quarta-feira é o dia. Com todos voltando do feriado prolongado, a Petrobras finalmente irá apresentar seu balanço auditado do terceiro trimestre e do acumulado de 2014. Tanta coisa aconteceu nos últimos meses, que analistas já não sabem muito o que esperar dos números. Nas últimas semanas muitos rumores foram apresentados sobre as baixas contábeis e recentemente, o Broadcast afirmou que a companhia deve zerar seu resultado, o que fará com que não sejam distribuídos dividendos sobre o exercício do ano passado.

4) PMI da China
No dia 22 à noite será apresentada a prévia do PMI da indústria na China. O número é um dos indicadores mais acompanhados pelo mercado, já que serve de termômetro para calcularmos como anda a econômica do gigante asiático. Ele ganha ainda mais destaque em um momento onde a China tem demonstrado uma desaceleração mais forte do que o mercado estava esperando, o que pode pesar para o mundo todo.

É um indicador que influencia diretamente nas ações da Vale (VALE3; VALE5), por exemplo, que tem no país seu principal comprador de minério de ferro. Com a desaceleração econômica, a demanda pela commodity reduz, e a Vale se prejudica, o que é precificado pelo mercado e evidenciado na Bovespa.

5) Contas externas
O Banco Central apresenta na quarta-feira as contas externas do governo. Não só o resultado em si, mas a novidade fica para a nova metodologia de contabilização dos resultados do balanço de pagamentos. A projeção da equipe do Credit Suisse é que o deficit de US$ 5,4 bilhões em março seria compatível com uma projeção de US$ 4,4 bilhões, de acordo com a metodologia anterior. “A diferença se dá, basicamente, nas nossas projeções para o deficit na conta rendas, com remessas de lucros e dividendos e com despesas com juros sendo, respectivamente, superiores em US$ 0,8 bilhões e US$ 0,3 bilhões na comparação com a projeção sob a metodologia anterior”, explicaram os analistas.

6) Arrecadação Federal
Ainda sem data certa, na próxima semana também é esperada a divulgação da arrecadação federal de março. “Projetamos arrecadação federal de R$ 94,5 bilhões em março, superior aos resultados de R$ 90,0 bilhões de fevereiro e de R$ 86,6 bilhões de março de 2014”, disseram os analistas do Credit. “Se materializado, este resultado representará uma expansão em termos reais de 1,0% ante o mesmo período do ano anterior, versus 0,5% em fevereiro. Esperamos que o maior número de dias úteis em março de 2015 ante março de 2014 contribua para a expansão de algumas alíneas específicas, cujo regime de apuração é diário”, conclui a equipe do banco.

7) Política
Sem um evento específico a ser acompanhado, o cenário político deve se manter intenso no Brasil, principalmente com esta semana terminando com um aumento das notícias envolvendo a articulação da oposição em relação a um possível pedido de impeachment de Dilma Rousseff (PT). Isso se deve a um dos temas que deve ser assunto nos próximos dias, que são as tais “pedaladas fiscais”, e se for comprovado que a presidente tem algum envolvimento com isso, a situação pode piorar bastante, azedando o humor do mercado.

8) Dólar
Outro tema que deve ser acompanhado dia-a-dia é o câmbio, principalmente após as recentes quedas da moeda norte-americana, que na quinta-feira ameaçou perder o patamar dos R$ 3,00 após mais de um mês cotada acima deste nível. Analistas divergem sobre os próximos movimentos do dólar, mas há quem acredite que se essa barreira for rompida, haverá mais espaço para que a divisa recue mais. Por outro lado, isso dependerá do humor no mercado externo e sobre o desenrolar das questões políticas por aqui.

9) Temporada de resultados
Enquanto a Petrobras apresenta seus números atrasados, a próxima semana também marca o início da temporada de resultados do primeiro trimestre de 2015. Entre 20 e 24 de abril ainda serão poucos os balanços, mas os investidores já começam a se agitar mesmo com expectativas sobre os resultados que serão apresentados daqui para frente.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.