Dúvida sobre significado dos dados de emprego dos EUA faz Ibovespa voltar a cair forte

Os EUA criaram 209 mil postos de trabalho, abaixo do esperado pelo mercado, mas marcou melhor sequência desde 1997; Petrobras e Vale caem mais de 1%

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O Ibovespa segue em um movimento volátil: após apontar para uma sessão de forte queda no mercado futuro e chegar a ficar estável na abertura do pregão após os dados de emprego dos EUA, o índice voltou a cair, com o mercado ainda fazendo a sua leitura sobre os dados do mercado de trabalho norte-americano. Às 12h43 (horário de Brasília), o índice registrou baixa de 0,88%, a 55.339 pontos, com Petrobras, Vale e bancos intensificando as perdas. 

Os EUA revelaram a criação de 209 mil postos de trabalho, abaixo do esperado pelo mercado, enquanto a taxa de desemprego subiu para 6,2% ante 6,1%. Apesar dos dados abaixo da expectativa, julho marcou o sexto mês consecutivo em que houve criação de mais de 200 mil vagas, uma sequência não vista desde 1997. 

O aumento da taxa de desemprego em 0,1 ponto percentual, para 6,2% foi causado pela entrada de mais pessoas no mercado de trabalho, um sinal de confiança no mercado de trabalho. Com isso, o mercado analisa se os dados do mercado de trabalho podem significar ou não um possível aumento de juros para a economia norte-americana mais cedo do que o esperado. 

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Um potencial impasse sobre o que o Fed deve decidir em suas próximas reuniões ficou claro com a fala de dois presidentes regionais da autoridade monetária. De acordo com o presidente do Fed da Filadélfia, Charles Plosser, o Fed está mantendo as taxas de juros em um nível adequado, mostrando discordância de outros membros da autoridade do Fed e da declaração presidente do Federal Reserve de Dallas, Richard Fisher, que disse nesta sexta-feira que é “muito possível” que o Fed comece a elevar as taxas de juros mais cedo no ano que vem, contanto que a economia norte-americana continue a melhorar como tem feito.

Em meio a esse cenário, as bolsas de Wall Street, que abriram perto da estabilidade, voltaram ao movimento da véspera e registram quedas mais expressivas hoje. 

Vale e Petrobras “azedam”
Em destaque entre as baixas na bolsa brasileira, estão os papéis da Petrobras (PETR3;PETR4) e da Vale (VALE3;VALE5), que acentuam as quedas para mais de 1%. As ações da mineradora registram baixa mesmo após o PMI (Índice Gerente de Compras) da indústria da China subiu para 51,7 em julho, ante 51 no mês anterior, superando as estimativas do mercado e alançando o maior patamar em 27 meses. O indicador reforçou evidências de que os esforços de estímulo de Pequim estão ganhando tração. O PMI publicado pelo HSBC/Markit também avançou para 51,7, melhor desempenho em 18 meses.

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O noticiário corporativo brasileiro também é agitado, com a divulgação dos números do segundo trimestre da BRF (BRFS3), da TIM (TIMP3) e PDG (PDGR3). As ações da BRF registram uma das maiores altas do Ibovespa, enquanto a PDG registra uma das maiores quedas do índice, com perdas superiores a 3%. 

O lucro da maior exportadora de carne de frango do mundo, avançou 28%  no segundo trimestre ante 2013, para R$ 267 milhões, com melhora operacional e foco na rentabilidade. A estimativa de analistas apontava lucro líquido de R$ 270,8 milhões no período. Já a TIM viu seu lucro cair 5,2% de abril a junho na comparação anual, para R$ 365,61 milhões. Por fim, a PDG ampliou o prejuízo no segundo trimestre para R$ 135,3 milhões, na comparação anual, em um período marcado por vendas e lançamentos menores, enquanto espera estar próxima ao início de seu período de desalavancagem.

Destaque ainda para a divulgação da primeira prévia da nova carteira teórica do Ibovespa. A ação da fabricante de carrocerias de ônibus Marcopolo (POMO4) foi incluída na primeira prévia do Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, enquanto o papel da Brookfield Incorporações (BISA3) ficou de fora. A prévia é a primeira indicação da BM&FBovespa sobre a nova carteira teórica do índice, que vai vigorar de setembro a dezembro de 2014.

As maiores baixas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, são:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia
 PDGR3 PDG REALT ON 1,40 -3,45
 ALLL3 ALL AMER LAT ON 8,45 -2,87
 OIBR4 OI PN 1,43 -2,72
 BBAS3 BRASIL ON 27,08 -2,31
 QUAL3 QUALICORP ON 25,65 -2,29

As maiores altas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, são:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia
 JBSS3 JBS ON 8,62 +3,23
 BRFS3 BRF SA ON 56,88 +2,49
 HGTX3 CIA HERING ON 21,44 +1,52
 MRVE3 MRV ON 7,37 +1,24
 CPLE6 COPEL PNB 35,58 +1,08

PMIs e produção industrial
Na Europa, a leitura preliminar para o PMI Industrial mostrou que crescimento do setor diminuiu ligeiramente na zona do euro em relação ao mês anterior. O número final de julho do Markit ficou em 51,8, combinando a leitura de junho, mas abaixo de uma estimativa rápida antes de 51,9. Com isso, as bolsas europeias seguem a forte queda da véspera, com baixa de mais de 1%: o Dax, da Alemanha, tem baixa de cerca de 2%. Vale ressaltar que, ontem, o dia também foi bastante negativo em meio aos dados corporativos e com os dados de inflação no euro abaixo do esperado.

Já no Brasil, novas “más notícias” para a indústria nacional. A produção industrial brasileira recuou 1,4% em junho, marcando o quarto mês seguido de queda na pior série de perdas desde 2010, porém num resultado melhor do que o esperado.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.