Ex-marido de estrela da “Família Soprano” é acusado de manipular US$ 300 mi em penny stock

Abraxas J. Discala, CEO da OmniView Capital Advisors, foi acusado de manipular penny stocks, em caso parecido com o de "O Lobo de Wall Street"

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A arte imita a vida ou a vida imita a arte? Está cada vez mais difícil saber, principalmente após os recentes acontecimentos. Depois do filme “O Lobo de Wall Street” ganhar destaque ao contar a história do manipulador de preços de penny stocks Jordan Belfort, as autoridades dos Estados Unidos apresentaram acusações criminais na última quinta-feira (17) acusando sete pessoas de um esquema de fraude de US$ 300 milhões na manipulação de ações.

E um deles é o executivo Abraxas J. Discala, CEO (Chief Executive Officer) da OmniView Capital Advisorso e ex-marido de uma das estrelas da série “Família Soprano”, a atriz Jamie-Lynn Sigler. A série foi criada em 1999 e acompanhava a vida de Tony Soprano, um mafioso ítalo-americano que procura ajuda de um psiquiatra para lidar com a vida familiar e os negócios. Jamie era Meadow, a filha mais velha do mafioso. 

Voltando à vida real, o ex-marido da atriz sofreu mais de dez acusações penais, incluindo fraude de valores mobiliários, eletrônica e de conspiração. Discala, que tem 43 anos e é conhecido como A.J., e outros réus, foram acusados de práticas ilegais para controlar artificialmente os preços e os volumes de negociação de ações de quatro empresas de outubro de 2012 e julho de 2014.

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As autoridades americanas disseram ter usado escutas telefônicas para ajudar a descobrir o esquema, que envolveu divulgação de comunicados enganosos à imprensa e documentos oficiais, ocultação de participação acionária dos acusados, e compras não autorizadas de ações para investidores. As quatro empresas são CodeSMART Holdings Inc, Cubed Inc, Starstream Entertainment Inc e Staffing Group Ltd.

Já o advogado de Discala, Joseph Tacopina, destacou: “Quem conhece A.J. está chocado com essas alegações. E é exatamente o que são, meramente alegações”.

Os outros indiciados foram o presidente da OmniView, Marc Wexler, 52; o CEO da CodeSMART, Ira Shapiro, 53; os corretores Matthew Bell, 47, e Craig Josephberg, 41; Kyleen Cane, 59, um advogado de Las Vegas; e Victor Azrak, 32, vice-presidente da Excel Corp.

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A SEC (Securities and Exchange Commission) fez acusações civis contra todos, exceto a Cane e a Azrak. “Este era um esquema de manipulação descarada calculado para enriquecer Discala e seus cúmplices utilizando, em muitos casos, a poupança de aposentadoria dos pequenos investidores inocentes”, disse o chefe da SEC, Andrew Ceresney.

Lynch disse que o esquema impulsionou negociações no mercado das ações em US$ 300 milhões, causando perdas para os investidores de pelo menos US$ 50 milhões apenas na CodeSMART, a primeira empresa-alvo. 

A aplicação da lei interveio antes que mais investidores desavisados pudessem perder dinheiro em outras empresas, disse Ceresney. As autoridades da SEC destacaram que as mensagens de texto e os telefonemas eram frequentemente usados para manipular os preços. 

Discala, por exemplo, enviava mensagens destacando que coisas boas estavam acontecendo com certas empresas, como no caso da empresa Starstream. Com essa mensagem, as ações da companhia chegaram a triplicar de valor em apenas um dia, passando de US$ 0,35 para US$ 1,05. 

Cabe lembrar que as penny stocks, negociadas a um baixo valor menor de US$ 1, são particularmente vulneráveis para esquemas de manipulação porque “é bastante simples para as pessoas comprarem grandes quantias de ações” e movimentar os preços. Este cenário foi tema de “O Lobo de Wall Street”, filme estrelado por Leonardo DiCaprio baseado na autobiografia de Jordan Belfort. 

Ao longo da trama, o “Lobo de Wall Street” – nome dado à Belfort pela revista Forbes em um perfil feito nos anos 90 – descobre um negócio muito lucrativo com as chamadas penny stocks, o que lhe rendeu gordíssimas comissões sobre os lotes destas ações, e também com os IPOs de empresas pequenas. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.