Novas pesquisas puxam 4ª alta do Ibovespa, que volta aos 55 mil pontos após 7 meses

Nem mesmo o recesso da Bolsa com a abertura da Copa inibiu o espírito comprador dos investidores; índice dribla exterior, com Petrobras subindo 3%

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – O dia tinha tudo para ser de realização na Bovespa. Após registrar ganhos expressivos nos últimos três pregões, nada mais comum do que os investidores embolsarem lucros na véspera de um dia sem negociações no mercado nacional, com a abertura da Copa do Mundo. No entanto, não foi isso que aconteceu. Na contramão do dia de maior aversão a riscos no mercado internacional, o Ibovespa teve uma nova sessão positiva, ao registrar alta de 0,91%, a 55.102 pontos, na esteira da divulgação de uma bateria de pesquisas eleitorais, renovando sua máxima do ano, e pela primeira vez acima dos 55 mil pontos. O giro financeiro da Bovespa foi de R$ 7,40 bilhões.

Na noite da última terça-feira (10), o mercado viu uma nova queda de 2 pontos percentuais nas intenções de voto da presidente Dilma Rousseff na pesquisa Ibope/Uvesp, passando a contar com 38% do eleitorado contra 22% de Aécio Neves (PSDB) e 13% de Eduardo Campos (PSB) – ambos os opositores subiram 2 pontos em relação ao último levantamento. Em quarto ficaria o candidato do PSC, Pastor Everaldo, com 3% das intenções de voto. Em um possível segundo turno, quando a disputa fica entre Dilma e Aécio, a atual presidente fica com 42% dos votos, enquanto o senador ficaria com 33% das intenções.

Ampliando o clima de eleições na Bolsa, a Carta Capital divulgou nesta manhã a pesquisa Vox Populi para a presidência, mostrando uma alta de 5 pontos percentuais na intenção de voto de Aécio Neves (PSDB), para 21%, enquanto Dilma Rousseff (PT) e Eduardo Campos (PSB) ficaram estáveis em 40% e 8% das intenções de voto, respectivamente. Apesar da intenção de votos maior para o mineiro, Dilma seria ainda reeleita no primeiro turno.

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Como nos primeiros movimentos do rali eleitoral visto em março, a nova perda de espaço da presidente na corrida eleitoral inflou uma nova toada de otimismo na Bovespa, com os investidores ignorando o cenário favorável para o embolso dos lucros e o dia de quedas nas bolsas internacionais. Desta forma, ganharam com a sobrevida do rali do Ibovespa ações de grande representatividade em sua composição, como é o caso das estatais Petrobras (PETR3, R$ 17,67, +2,91%PETR4, R$ 18,88, +2,94%) e Banco do Brasil (BBAS3, R$ 26,40, +2,09%), além de Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 34,48, +2,07%) e Bradesco (BBDC3, R$ 34,93, +1,69%BBDC4, R$ 34,42, +2,32%).

Destaques do pregão
No noticiário corporativo desta sessão, chamaram atenção as empresas do setor de alimentos, com a JBS (JBSS3, R$ 7,87, +0,25%) dando sequência aos ganhos da semana, após o anúncio de que a companhia recomprará títulos de dívida. Segundo fato relevante, a JBS fará uma recompra de US$ 350 milhões em títulos de dívida sênior com remuneração de 10,50% e de US$ 300 milhões com remuneração de 10,25%, ambos com vencimento em 2016. Os títulos foram emitidos, respectivamente, pela JBS e JBS Finance, e pela Bertin, sociedade incorporada pela JBS.

Ainda sobre a maior processadora de proteína animal do mundo, vale lembrar que, na última segunda-feira (9), os papéis da JBS ganharam força na Bovespa com a derrota da sua controlada Pilgrim’s Pride para a Tyson Foods na disputa pela compra da Hillshire.

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Também no setor de alimentos, as ações do frigorífico Marfrig (MRFG3, R$ 6,07, -0,16%), após ameaçarem um novo dia de ganhos, tiveram um movimento de realização. Na última terça-feira, a empresa precificou a emissão de US$ 850 milhões em bônus de cinco anos ao par e com rendimento de 6,875%. Inicialmente, o yield estimado era de 7,25%, mas a faixa indicativa foi reduzida posteriormente a 7%, informou mais cedo o IFR, serviço da Thomson Reuters.

Os recursos levantados pela companhia serão usados para a recompra dos títulos com vencimento em 2017 que tinham taxa de juros fixa de 9,875%, títulos com vencimento em 2021 com taxa de juros fixa de 11,25% e para o refinanciamento de dívidas bancárias existentes, disse a Marfrig, em comunicado.

As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

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 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 ENBR3 ENERGIAS BR ON 10,82 +3,34 +2,35 25,22M
 PDGR3 PDG REALT ON 1,65 +3,13 -8,84 21,59M
 PETR4 PETROBRAS PN 18,88 +2,94 +17,64 900,70M
 PETR3 PETROBRAS ON 17,67 +2,91 +14,45 345,38M
 LIGT3 LIGHT S/A ON 22,36 +2,80 +11,28 24,72M

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 OIBR4 OI PN 2,20 -3,51 -38,72 161,59M
 CRUZ3 SOUZA CRUZ ON 22,99 -3,00 -2,12 47,81M
 ELET3 ELETROBRAS ON 7,10 -2,74 +27,50 27,82M
 SANB11 SANTANDER BR UNT EG N2 15,70 -2,48 +29,44 47,60M
 LAME4 LOJAS AMERIC PN 14,22 -1,86 +13,70 36,52M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram :

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 PETR4 PETROBRAS PN 18,88 +2,94 900,70M 489,24M 57.101 
 ITUB4 ITAUUNIBANCO PN EDB 34,48 +2,07 471,25M 306,89M 25.802 
 BBDC4 BRADESCO PN EJ 34,42 +2,32 425,50M 267,72M 20.704 
 VALE5 VALE PNA 26,40 0,00 362,98M 368,17M 19.010 
 PETR3 PETROBRAS ON 17,67 +2,91 345,38M 141,87M 24.559 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 16,08 -1,53 259,55M 153,15M 34.369 
 BBAS3 BRASIL ON 26,40 +2,09 247,23M 152,14M 24.017 
 BBSE3 BBSEGURIDADE ON 31,88 +0,89 166,36M 119,71M 16.977 
 OIBR4 OI PN 2,20 -3,51 161,59M 107,00M 14.182 
 BRFS3 BRF SA ON 52,80 +0,25 136,29M 85,78M 10.065 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão) 

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EUA e dólar em correção
Na contramão do dia positivo do benchmark da bolsa brasileira, a sessão foi de perdas nos Estados Unidos e na Europa, repercutindo o corte geral de projeções do Banco Mundial sobre o crescimento das mais diversas economias do planeta. Na maior economia do mundo, os três principais índices acionários apresentaram recuo entre 0,14%, para o Nasdaq, e 0,60%, para o Dow Jones.

Já o dólar teve um dia de valorização ante o real, após uma sequência de quedas nas últimas sessões. A moeda americana fechou com ganhos de 0,27%, cotada a R$ 2,2340 na venda, em movimento de correção.

Banco Mundial corta projeções para crescimento global
Vale destacar ainda o noticiário econômico negativo internacional e nacional. O Banco Mundial reduziu a previsão para o crescimento do Brasil este ano. A projeção para o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro é de alta de 1,5% em 2014, abaixo da estimativa divulgada em janeiro pela instituição, quando previa avanço de 2,4%. A economia brasileira deve ter uma das menores taxas de expansão entre os países emergentes, só perdendo de países como Argentina, Venezuela, Sérvia e Ucrânia.

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A instituição também reduziu na terça-feira sua projeção de crescimento global, alegando que uma confluência de eventos, da crise na Ucrânia ao clima excepcionalmente frio nos Estados Unidos, prejudicou a expansão econômica no primeiro semestre do ano. A instituição de combate à pobreza projetou que a economia mundial crescerá 2,8% neste ano, abaixo da previsão feita em janeiro, de 3,2% mas expressou confiança de que a atividade já está mudando de rumo para uma base mais sólida. As bolsas europeias registram queda nesta sessão.

Ajuste monetário na China
A China também apareceu no radar. O gigante asiático informou que irá ajustar sua política monetária para atingir áreas específicas da economia que precisam de apoio, disse o gabinete chinês nesta quarta-feira após uma reunião semanal.

A arrecadação de impostos sobre valor agregado também será simplificada para reduzir o ônus às empresas, disse o governo em sua conta no Weibo, um serviço similar ao Twitter.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.